DE BRAÇOS ABERTOS PARA LISBOA E COSTAS VOLTADAS AO NORTE

RUI ARMINDO FREITAS Economista

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por RUI ARMINDO FREITAS
Economista

Na semana que findou, o processo TAP/ Porto, conheceu mais uma série de episódios que dão que pensar a todos os actores políticos e económicos da nossa região. E dão que pensar, não só em relação ao impacto imediato que uma alteração na operação da companhia, a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro, pode ter na nossa região, ao nível económico, mas também em relação à visão estratégica para todo o noroeste peninsular e à forma como os seus agentes se têm comportado.

Na minha opinião, uma companhia privada tem todo o direito de fazer os ajustes que considere necessários para optimizar a rentabilidade das suas operações, contudo parece-me que uma companhia de bandeira e detida em 50% pelo estado português deverá sempre ter uma actuação que vise a rentabilidade, mas sem nunca perder de vista objectivos estratégicos para a coesão regional e para o desenvolvimento nacional. Para além disso, tem sido triste que a maioria dos autarcas da nossa região, esteja a deixar toda a despesa da defesa dos nossos interesses a um só homem, Rui Moreira, enquanto todos os outros se escondem atrás dele à espera de ver o que acontece. Mais, parece-me igualmente preocupante que as associações ligadas aos sectores exportadores se mantenham quase em silêncio face à evidência de que o noroeste peninsular possa vir a perder o apoio da sua principal ligação aos destinos das suas exportações. Que as associações ligadas ao turismo e todos os seus intervenientes, estejam silenciosos, quando esta tomada de posição põe em causa as bases em que assenta muito do turismo da região, uma vez que o aeroporto Francisco Sá Carneiro, através das operações da TAP, representa uma fundamental porta de entrada/saída para a américa do sul e que por esta via atrai turismo de quase toda a europa, em trânsito para estes destinos. Mas como se não bastasse este desinteresse total de todos em relação a esta realidade, assistimos na semana que passou ao alcaide de Vigo, Abel Caballero, a morder o isco de uma empresa privada, TAP, que decidiu em seu proveito próprio lançar a discórdia numa organização que deveria ter uma visão estratégica para o noroeste peninsular. Ao perceber a falta de solidariedade no Eixo Atlântico, a TAP usou a mais rasteira forma de sedução a Vigo, que caiu no engodo, sem entender que lhe servirá muito mais um aeroporto Francisco Sá Carneiro forte do que uma triste ligação à Portela. Vigo regozijou com este facto, mas esqueceu que pertence à comissão executiva do Eixo Atlântico que preconiza um forte eixo no Noroeste Peninsular. Esta atitude de Vigo para além de incompreensível revela a falta de estratégia desta organização. Aceito que o episódio seguinte, de algum excesso de linguagem do Presidente da Câmara Municipal do Porto, tenha sido infeliz, contudo não deve passar em claro que no momento que um dos membros do Eixo Atlântico, Vigo, teve para mostrar solidariedade em relação a uma estratégia comum para a região ”roeu a corda” e abandonou os seus parceiros.

Espero que nas cenas dos próximos capítulos, surjam novos protagonistas na defesa dos interesses da nossa região, e que o Governo de Portugal que fez questão de comprar mais uma fatia da TAP justifique com uma posição clara qual a vantagem de o ter feito.

A procissão ainda vai no adro mas, até agora, da TAP só se espera o pior, ou melhor, o costume no nosso país, dinheiro de todos aposta em Lisboa!

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