DOIS CAMPEÕES DA EUROPA NO TATAMI DO VITÓRIA

Por baixo das bancadas do Vitória de Guimarães há um […]

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Por baixo das bancadas do Vitória de Guimarães há um grupo de guerreiros

Chega-se à entrada do tatami, por baixo das bancadas do Estádio Afonso Henriques, passando por um estacionamento escuro. Há crianças que saem do estádio acompanhadas pelas mães, depois do treino das 19h00. Entre as 20h00 e as 21h30 treinam os mais velhos. Passa-se pela entrada dos jogadores e vira-se à direita por um corredor decorado de ambos os lados com fotografias, em tamanho real, de antigas glórias do futebol vitoriano. O treino já decorre.

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Esperar-se-ia mais ruído numa sala com 20 pessoas a treinar um desporto de combate. Em vez disso, há uma certa serenidade. O instrutor João Castro vai explicando e os atletas, em duplas, vão executando as técnicas. Agora faz um, quando o relógio do instrutor dita, troca e faz o outro. Não há vozes que se elevem e, no entanto, o ambiente parece descontraído e os atletas vão comentando e trocando opiniões. Salta à vista uma figura feminina, na casa do 50 Kg, jovem, rosto bonito, cabelo apanhado, treina com um rapagão de barba de três dias, com pelo menos mais trinta quilos que ela. A dupla é, no mínimo, improvável. As técnicas entre os dois vão fluindo e não parece que a vida da Cláudia esteja a ser facilitada pelo colega. Cláudia tem 25 anos, é médica e vem do Muay Thay, optou pelo Jiu Jitsu por causa da luta no chão que nesta arte marcial é muito mais desenvolvida. “As técnicas de chão são muito bonitas e muito eficazes”, diz Cláudia depois de pedir um tempo para recuperar, sua em bica. Além de uma arte marcial de defesa pessoal extremamente eficaz e de um desporto, o Jiu Jitsu é também uma forma de fazer exercício físico. No treino há mais duas jovens que aparentam ter menos experiência que Cláudia e treinam juntas. O instrutor João Castro e Ulisses Dias reúnem-se no centro do tatami para exemplificar uma técnica. Estão dois campeões da Europa no tatami do Vitória de Guimarães. Ulisses venceu na categoria de super-pesados em 2015, nos campeonatos da Europa da modalidade realizados em Roma e João Castro já tinha conseguido o mesmo feito em 2013. A turma reúne-se em volta dos dois campeões. João explica e repete, certifica-se que o entenderam.

Quando o treino reinicia ele e Ulisses percorrem a sala a dar instruções de pormenor. O Jiu Jitsu em Guimarães começou com um grupo de atletas, do qual fazem parte estes dois, que praticavam luta-livre brasileira. A falta de competição na modalidade fez com que esta fosse perdendo fulgor e foi com naturalidade que aceitaram o convite do Mestre Manoel Neto para fazerem formação em Jiu Jitsu. A modalidade entrou no Vitória de Guimarães há 2 anos, tem oitenta atletas, entre os quais trinta crianças.

Ulisses Dias não se cansa de mencionar as crianças como o elemento mais importante deste projeto. “Foi pena não terem chegado a tempo de ver os nossos miúdos”- lamenta com a sinceridade e a modéstia de um campeão que não quer protagonismos, só quer mostrar o trabalho que tem feito com os mais novos. A última parte do treino é o combate. A luta começa em pé mas quase sempre vai parar ao chão em questão de segundos. No Jiu Jitsu os fatos não são todos brancos, como na maioria das artes marciais. Na sala do Vitória há fatos pretos, azuis e brancos, além disso os fatos têm publicidade o que lhes confere ainda mais cor. Esta extroversão nas cores talvez seja herança da costela brasileira do Jiu Jitsu. A modalidade é uma arte marcial milenar no Japão. O termo Jiu Jitsu servia para agrupar todas as artes guerreiras em que não eram usadas armas. Deste Jiu Jitsu primordial evoluíram o Aikido e o Judo. O Jiu Jitsu brasileiro é uma vertente do Jiu Jitsu que foi desenvolvida no Brasil a partir da segunda década do século XX. A luta no chão implica um desgaste físico enorme e pouco depois do instrutor João Castro dar início ao treino de combate já os atletas estão molhados como se andassem à chuva. O som da respiração ofegante dos lutadores toma conta do espaço. Descansam, bebem água, só um instante, e estão de volta ao tatami. O relógio já ultrapassou as 21h30, a hora marcada para o final do treino, alguns vão saindo mas a maioria continua a treinar. Voltarão a encontrar-se às segundas e sextas às 20h00, logo depois do treino dos mais pequenos às 19h00, ou às terças, quintas e sábados às 10h00.

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