“Grandíssima” ?

JOSÉ LUÍS RIBEIRO Presidente da Associação de Ciclismo do Minho

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por JOSÉ LUÍS RIBEIRO

Presidente da Associação de Ciclismo do Minho

A Volta a Portugal em bicicleta tem sido apelidada nos últimos tempos por “grandíssima”, tanto por protagonistas do pelotão profissional nacional como pela própria comunicação social.
Embora seja um dos maiores eventos desportivos nacionais, a verdade é que “grandíssima” foi o termo utilizado no passado (e, porventura, ainda atualmente) por ciclistas e equipas estrangeiras de topo que conferiram (ou ainda conferem) um forte e sarcástico sentido pejorativo à expressão. Por inúmeras razões, sobretudo, relacionadas com a “inusitada performance” das equipas portuguesas na Volta a Portugal. Aliás, a Volta a Portugal deste ano mais pareceu a repetição de um filme “antigo” em que a supremacia de uma equipa – e o reduzido número de jovens ciclistas portugueses integrados no pelotão – deixou muita gente a refletir.
Ainda assim e apesar de ter perdido identidade, credibilidade e importância, alguns protagonistas da modalidade, contentes e orgulhosos, insistem em designar a Volta por “grandíssima”, como se isso fosse uma grande coisa.
Infelizmente, a Volta a Portugal ainda não deu uma pedalada em frente que lhe permita abandonar o “velho” ciclismo, conquistar um enquadramento internacional, enquadrar-se numa lógica de cobertura terri
torial e, entre outros, fazer com que a comunidade velocipédica (que promove o ciclismo durante todo o ano) se reveja no evento.
Tudo indica, porém, que a Volta a Portugal sofrerá mudanças significativas a partir do próximo ano por via do novo contrato de concessão em que a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), titular dos direitos da Volta, assumirá um papel mais ativo na gestão desportiva do evento.
Detentora do legado e da marca “Volta a Portugal”, a FPC impõe ao novo concessionário da exploração dos direitos comerciais um enquadramento internacional da Volta numa lógica desportiva do “novo ciclismo”, a defesa do interesse e desenvolvimento do ciclismo nacional, das equipas e dos ciclistas portuguesas e uma postura irrepreensível e colaboradora na luta antidoping, que inclui a imposição junto das equipas nacionais e “staff” organizativo de regras de exclusão de elementos com postura pública e histórico de permissividade face ao doping e à fraude desportiva. A partir daí – mesmo que “Velhos do Restelo” (defensores acérrimos do “velho ciclismo” …) insistam na inoportunidade da gestão desportiva da prova pela FPC – a Volta a Portugal poderá ter a oportunidade de se transformar, não na “grandíssima”, mas num enorme evento desportivo

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