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GUIDA GAMA

Facilitadora de Biodanza

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Nome completo: Guida Gama
Nascimento: Guarda, Portugal
Profissão: Facilitadora de Biodanza

Quando uma pessoa entrava na APCG (Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães) achava que a Guida Gama era utente daquele espaço. Tinha uma doença degenerativa que lhe ia entorpecendo o corpo mas nunca, nunca, a mente. Estava sempre com novos projetos, ideias que fervilhavam e que transpunha para a vida real, com energia. É disso que me dá conta Cláudia, amiga de Guida Gama e técnica na APCG.

“Ela tinha vários projetos em mente. Um deles era o ‘Gomos de Tangerina’, biodanza para pais e filhos. Fazia workshops de três em três meses, relacionados com o autoconhecimento em que trabalhava as questões da felicidade. Era uma pessoa que dava força. Todas as pessoas que chegavam cá e que não conheciam a Guida nunca me disseram: aquela pessoa é facilitadora de Biodanza. Nunca pensaram que uma facilitadora se fazia deslocar numa cadeira de rodas elétrica”, diz-me.

Procurei a Cláudia para saber mais da Guida, essa Guida que tem no mural do Facebook, o primeiro instrumento que usei para a encontrar, centenas de mensagens de carinho. Muito afeto, era o que defendia. “Ela tinha uma energia, ela dançava à maneira dela, fazia os movimentos dela e as pessoas ficavam vidradas nela, era uma pessoa que nos conquistava e nos levava mais além”, garante.

Face aos problemas dos outros, relativizava: “Olha para mim, vês o que é que eu sou? Consegues andar, criar uma família, esquece lá isso que isso para mim não é nada”. E não era. A Guida, 42 anos, nasceu “normal”, em corpo de menina que foi perdendo as forças. É natural de Pinhel, na Guarda, e veio para Guimarães para a Universidade do Minho. Por cá foi ficando. Vivia sozinha, conduzia o seu carro adaptado, era ela que dava boleia ao pessoal quando decidiam fazer retiros ou partir à descoberta.

Tinha uma agenda preenchida. Muitos lamentam não ter tido tempo para aquele café, aquele jantar, aquela conversa. “Passávamos muito tempo ao telefone”, lembra Cláudia, que tinha na Guida uma voz sempre confortável. Uma voz “ativa, revolucionária, com lições de vida espetaculares para transmitir, avessa às coisas formais”.

Guida Gama dedicava-se à Biodanza. Não sabe o que é? Ela respondia: “podia dar-te uma definição académica, mas gosto de definições poéticas! A Biodanza é uma grande aposta no ser humano para enriquecer ainda mais o mundo e a vida”. Numa explicação mais formal, saiba que a Biodanza é um sistema de integração afetiva e desenvolvimento humano baseado em “vivências” (experiências intensas no “aqui e agora”), criadas através de movimentos de dança com músicas selecionadas, em situações de encontro não-verbal dentro de um grupo, contribuindo para a renovação orgânica. O objetivo é reaprender as funções originárias da vida.

Para além da turma que mantinha na APCG, que era frequentada por outras pessoas que não utentes da instituição, tinha uma outra classe. Na primeira quinta-feira do mês qualquer pessoa podia vir experimentar. Estava na calha a criação de uma outra turma dado o aumento de interessados. Cláudia sossega: “É um projeto que em principio terá continuidade porque há um grupo coeso e a sua ‘discípula’ Felicidade deverá continuar com as aulas. Fica o legado.

A Guida morreu na semana passada. O funeral foi gigante como ela, com flores brancas e muita gente. A Guida movia mesmo muita gente. Sempre lutou pelos seus objetivos. Olhava para as suas limitações como um ponto de partida e não como um fim.

Por: Catarina Castro Abreu

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