HÁ FESTA NA ALDEIA

MARIA DO CÉU MARTINS Economista

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por MARIA DO CÉU MARTINS
Economista

Chegou o Verão e com ele a alegria dos festejos comunitários. De todos os cantos e os cantinhos chegam os sons do altifalante, do leilão ou do disco pedido em jeito de dedicatória. Acorda-se com foguetes e tenta-se adormecer entre o sibilar da subida e o próximo rebentamento.

Comemora-se o Stº António, o S.João e o S. Pedro. E depois dos santos populares está prometido que outros santos ajudarão à festa – até porque a chegada dos nossos emigrantes faz-se com romarias, festas e, claro,  foguetes.

Tenho em crer que depois de um ano de trabalho a festinha da aldeia, ou da cidadezinha que somos é mais do que merecida. Para comemorar a chegada do fim do ano letivo, a chegada das férias ou dar as boas vindas aos “que andam lá fora” a lutar pela pátria – sim, porque não fora as remessas dos nossos emigrantes e a nossa economia teria sucumbido muitas mais vezes, reescrevendo uma história de existência nacional, aparentemente, muitíssimo mais miserável.

E, mau grado os sobressaltos habituais, cumpriríamos os encantos dos meses de verão, passeando de aldeia em aldeia engalanada, certos da sua oferta única e dos atributos reconhecidos dos seu santo padroeiro.

E nada a obstar se a festa é mais do que merecida. E nada a obstar se é possível atravessar todo o verão em comemorações de massas. E muito menos a obstar se é possível conjugar um ano de existência feliz com os preparativos da festa que logo chega ou apenas com a memória da que ficou para trás.

É bom e mais do que realizável suceder em palco as pimbalhadas habituais (bem mais interessantes que os enlatados que chegam ou chegavam dos outro lado do atlântico), suportar o som estridente que acompanha o bailarico da noite ou aceitar os sinos que repicam a saída da procissão que reúne, no andor que se carrega, as promessas que se pagam. Cumprem-se, porque, diz o povo, os santos são vingativos.

Pois, mas é assim que este ano chegam os candidatos autárquicos à festa da aldeia – com medo que os santos se vinguem das promessas incumpridas. Vão dançar e (quem sabe) cantar, comer bifanas e beber cerveja ao pequeno – almoço. Vão juntar à bifana o pó do terreiro por acabar cuja empreitada se iniciou, por mera coincidência, na semana do anúncio da recandidatura. Vão distribuir sorrisos, abraços e certezas de um futuro melhor. E o povo vai acreditar, mais uma vez, nas suas convictas inverdades e bailar com eles.

Mas e o que fica do outro lado da festa? Fica a esperança em políticos, intelectualmente honestos, que querem, mesmo, o melhor para o seu território. Que na pequenez da sua aldeia encontrarão a grandeza de uma missão a cumprir que se fará com a concretização de muitas promessas populares mas de outras tantas impopulares. – uma geração de gente respeitadora de costumes e tradições mas capaz de erradicar todas as manifestações pirotécnicas.

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