O FUTURO, O CAMINHO PASSA POR AQUI

PAULO NOVAIS Professor de Inteligência Artificial

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por PAULO NOVAIS
Professor de Inteligência Artificial

Recentemente dei por mim a reler textos de Albert Einstein focando-me, em particular, sobre a sua perceção sobre o Futuro. A esse prepósito ele referia, algo do género, que nunca pensava no futuro porque ele não tardaria a chegar. Esta inevitabilidade associado ao futuro é algo que nunca aceitei. O futuro como uma noção de tempo é algo que de facto ocorre quer queiramos ou não, mas a noção de futuro associado ao algo que está por vir (evento ou fatalidade) é algo sobre o qual, na minha condição de ser humano, quero ter uma palavra a dizer.

Por curiosidade, por consulta a diversos dicionários, fui observar que palavras lhe estão associadas: o tempo que há de vir, que há de ser, destino, o resto da vida, tempos vindouros. Conclusão, uma certa dose de fatalidade ou inevitabilidade lhe está claramente associado até nos dicionários!

Um grande humanista Miguel Unamuno (século XX) tem uma definição de futuro muito sugestiva “Não há futuro; o verdadeiro futuro é hoje; que é de nós hoje, é esta a única questão”. De alguma forma associa ao futuro a noção do presente, i.e., o futuro determina-se hoje e não noutro tempo ou momento qualquer.  Até porque “Sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser” como diria William Shakespeare (século XVII).

Como abordar o futuro e as suas implicações? Como o controlar ou pelo menos gerir esse futuro? O futuro é algo, como já vimos, por definição indefinido e como tal incerto. O que nos resta fazer?

Estamos naquilo que muitos definem como uma nova era (ou se preferirem nova revolução industrial), em que nós humanos iremos conviver “naturalmente” com máquinas. Com máquinas (robôs ou sistemas informáticos) inteligentes ou melhor dotados de algum tipo de inteligência e autónomos. Esta nova realidade traz como é normal alterações e câmbios, abrindo uma miríade de oportunidades em múltiplos setores, e está a mudar o mundo e, também, a forma como nos relacionamos com ele.

A primeira inquietude que se nos coloca é como conviver (sobreviver) a este tipo de sociedade?

Bem, se calhar, começar por ter consciência que essa sociedade já existe! Há já algum tempo que, em múltiplos setores, muitas decisões são tomadas por este tipo de “inteligência”. Que muitas tarefas são hoje completamente automatizadas e prescindem da intervenção humana. E se calhar (em muitos casos) ainda bem!

No passado diziam que só a formação nos dava as “armas” para nos preparar para o futuro (e sim estavam certos). Bem, agora, ainda continua a ser esse o caminho, mas talvez seja o momento de pensar que formação será a mais adequada?

Tenho para mim, que a chave do futuro está sempre nos ensinamentos de passado. Depois de um tempo em que se fomentou a especialização, devera-se apostar em formações com uma visão mais multidisciplinar, mais generalistas e abrangentes do saber, muito centrados numa visão mais humanista. Em que a criatividade jogará um papel central.

Fernando Pessoa afirmava que “Nenhum homem tem o privilégio de entender o futuro, a não ser que esteja preparado para o criar”. O caminho passa por aí!

Irei em próximas crónicas violar uma regra que me autoimpus, não escrever sobre o que faço todos os dias i.e., trabalhar sobre esse futuro. Tentarei abordar algumas visões e dimensões do futuro que estamos a construir e analisar as suas implicações.

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