O FUTURO – UMA CERTA VISÃO DE UM OUTRO PORTUGAL

PAULO NOVAIS Professor de Inteligência Artificial

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por PAULO NOVAIS
Professor de Inteligência Artificial

Proponho hoje, em jeito de término de uma serie de crónicas sobre algumas ideias que tenho sobre um hipotético Futuro, apresentar a minha visão sobre um certo Portugal.

Um cenário em que Portugal é um país líder no desenvolvimento de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial. É a visão pela qual me tenho empenhado nestes últimos anos, como investigador e, também, na qualidade de Presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial.

Para mim neste enquadramento, esta tecnologia está integrada “naturalmente” nas nossas vidas e é usada numa base diária por todos os seus cidadãos, nas mais variadas facetas das suas vidas. Portugal beneficia dessa posição precursora que vai desde os serviços mais essenciais, como os cuidados de saúde, ao sector produtivo. Fomos capazes de renovar o nosso mercado de trabalho e criámos uma nova era de prosperidade através do crescimento e do aumento da produtividade. Portugal é “hoje” uma sociedade democrática avançada com elevados níveis de vida dos quais beneficiam todos os seus cidadãos.

Obviamente que a concretização de um ideal deste tipo necessita de alicerces fortes e sustentáveis. Deve-se referir a este propósito, que temos uma comunidade, de investigadores, forte e internacionalmente reconhecida. Desde os anos 70 que esta comunidade tem vindo a crescer e afirmar-se nos mais variados palcos. Existem cursos relacionados com esta temática em todas as principais instituições do nosso sistema de ensino superior. Está comprovado, por análise de contextos análogos, que somos um ecossistema permeável à introdução de novas tecnologias, sustentado, em geral, em boas infraestruturas tecnológicas. Existe hoje, no nosso país, um espírito empreendedor renovado e criativo, que se sente e se observa em múltiplos contextos (e.g., WebSummit, a febre das Startups).

Somos, de facto, um país aberto e em que as empresas começam a sentir o valor agregado desta (nova) tecnologia.

Alguns obstáculos, que possam comprometer este propósito, devem ser aqui apresentados. Por um lado a pequena dimensão do nosso mercado interno e os limitados recursos financeiros de que dispomos, limitam a nossa capacidade e a abrangências dos nossos projetos. Por outro lado, a nossa crónica falta de organização e de coordenação: temos um contexto marcado por projetos avulsos e não coordenados. Falta uma aposta forte e uma estratégia bem definida e clara.

Alguns desafios de, relativo, curto prazo deverão ser atingidos para podermos seguir nesta via.

A promoção de Portugal como o “piloto” (ideal), particularmente no contexto dos países mediterrânicos, em sectores como as Tecnologias da Informação e Comunicação, no sector da Saúde, Energia, Meio Ambiente, Educação, Indústria, Transportes, Segurança, no Desporto, entre outros.

Necessitamos de ter um mercado aberto de dados, com a devida legislação e definição de normas técnicas adequadas. Devemos por isso encorajar as organizações públicas e privadas a abrirem os seus dados, em todos os sectores da atividade humana. Não esquecendo a Robotização e o uso de Sistemas Autónomos que deverão ser devidamente enquadrados neste contexto.

Portugal foi ao longo da sua história algumas vezes um país líder, a “candeia que vai à frente alumia duas vezes”, e sempre que tal desígnio foi concretizado, atingimos um nível de prosperidade notável.  

Até porque, algumas vezes, nada é impossível (eu pelo menos acredito nisso).

Nota: A Câmara Municipal de Guimarães criou recentemente a Divisão de Desenvolvimento de Sistemas Inteligentes. São iniciativas como estas que me fazem querer que há Futuro.

 

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