PONTOS NOS II

ANA AMÉLIA GUIMARÃES Professora

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por ANA AMÉLIA GUIMARÃES
Professora

1. A edição nº 105 de 4 de outubro deste jornal publicou, na edição em papel, o artigo de opinião de Maria do CéuMartins, mas, por lapso, com a minha fotografia e o meu nome. Sendo já de si uma situação lamentável, ela agrava-se por a opinião que lá vem ser contrária à que defendo. Assim sendo, gostaria de deixar claro que estou em completo desacordo com a Mª do Céu. Os manuais escolares devem ser gratuitos. E isto, Mª do Céu, não é “um deslumbramento tolo de esquerda”. A aplicação da gratuitidade dos manuais escolares a todos os alunos do 1.º ciclo, abrangendo cerca de 370 mil crianças é uma medida de grande alcance. Pelo que significa de afirmação da natureza pública, gratuita e universal do ensino. Pelo que se traduz de apoio às famílias tendo em conta o peso nos seus orçamentos.  E, já agora, se me permite, a referência às “ditaduras do Leste para sublinhar uma “ausência de possibilidade de escolha” não será um pouco forçada, anacrónica?

Ainda sobre esta proposta, que foi apresentada pelo PCP, ela vem no seguimento do cumprimento da Constituição da República Portuguesa: todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.

Está-se sempre a chamar à lissa os países nórdicos, mas parece que é só quando convém. Pois aí, nesses países, os manuais também são gratuitos e, que eu saiba, lá para o norte não estamos perante um «deslumbramento tolo de esquerda» ou em «ditadura de leste».

Gostaria, ainda, de acrescentar a minha experiência profissional e assegurar-lhe, cara Maria do Céu, que há muitos estudantes que não têm manual um mês e meio após o início das aulas. É isto “a igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.” de que fala a constituição no seu art.º 74.

2. É com regozijo que, enquanto moradora em Guimarães, vejo a cidade onde nasci ser contemplada com o galardão de património mundial da Humanidade.

Num tempo de contradições em que por um lado temos um mundo globalizado e por outro “um conflito de civilizações” (como alguns nos querem fazer crer…), um título como este implica maturidade e responsabilização. A nossa cidade passa a ser oficialmente de todos, de toda a humanidade.

Tínhamos a ideia que o modelo de intervenção que permitiu à cidade o título da Unesco servisse de referencial para o crescimento da cidade. Pura ilusão. Entrincheirados nas suas maiorias eleitorais, os governantes autárquicos têm vindo paulatinamente a desbaratar oportunidades e a criar monos arquitetónicos de utilidade discutível e interesse autoral nulo. O último delírio autárquico vai agora para a zona de Camões com o seu projetado parque de estacionamento que, segundo as meninges de «quem manda», irá resolver o problema de circulação e estacionamento da cidade. Não adianta dizer, caros leitores, que os parques de estacionamento já existentes “têm uma ocupação abaixo do desejável” e que a Caldeiroa-Camões não é um sítio infecto entregue ao mato e aos ratos (como os interessados na coisa tentaram fazer crer) é precisamente o contrário: uma enorme possibilidade de, ao dobrar da esquina do Toural, fazer nascer um jardim único (as árvores já lá estão), abrindo a cidade, acrescentando qualidade de vida, potenciando o comércio local e a comunidade de vizinhos.

Os argumentos são muitos, tantos quanto as trapalhadas e enviesamentos a que a discussão pública foi votada. O parecer do ICOMOS-Portugal (ocultado à população durante a última campanha autárquica) sobre o projeto do parque de estacionamento da Caldeiroa-Camões é negativo, no entanto a Câmara avança, com um voluntarismo incompreensível e leviano, para a construção de um equipamento que devido às “dimensões e ao impacto irreversível” que irá gerar, vai entrar em contradição com a proposta (de classificação da Unesco) relativa à zona de Couros”.

Aceitam-se sugestões criativas e eficazes para travar o atentado.

 

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