A GRANDE INVASÃO DO FUTEBOL

Por António Rocha e Costa

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António Rocha e Costa,

Analista ClínicoGeorge Steiner, um dos mais influentes pensadores do nosso tempo, numa entrevista que concedeu em 2011 dizia a certo passo: ”a religião mundial é actualmente o futebol. É a única coisa capaz de congregar milhões de pessoas. Vive-se para o futebol, morre-se pelo futebol. É a única religião do mundo “. Efectivamente, de segunda a domingo, os horários nobres das Televisões são preenchidos pelo futebol, seja sob a forma de jogo jogado ou de longas e fastidiosas discussões entre comentadores encartados. E como se não bastasse o rol de provas já existentes, a UEFA entendeu que ainda existiam tempos mortos e vai daí resolveu criar a ”Liga das Nações “, cuja primeira edição teve lugar em Portugal, mais concretamente no Porto e em Guimarães, o que só por si atesta a real importância atribuída a esta competição. Alguém acredita  que se se tratasse de uma final Europeia ou equivalente, Lisboa, a capital do império, alguma vez permitiria que a mesma se realizasse em qualquer outra cidade?

Mesmo assim, é caso para ficarmos contentes, pois apesar dos decisores nacionais nos destinarem apenas as “migalhas“, não deixam de ser migalhas com alguma importância, daquelas que não saciando completamente a “fome“, nos deixam minimamente satisfeitos, de mais a mais por termos sido nós, a cidade de Guimarães, um dos felizes contemplados e não os nossos vizinhos.

Aqui chegados, havia que garantir uma organização de qualidade, que não deixasse ficar mal a cidade. Falava-se de uma invasão de súbditos de Sua Majestade e dos que habitam o país das tulipas e dos moinhos de vento, os quais, segundo a imprensa, poderiam chegar aos cinquenta mil, duplicando assim a população da urbe. Temia-se desacatos, engarrafamentos e  dificuldades logísticas. Para fazer frente à invasão pacífica, mobilizaram-se centenas de polícias, meios de socorro e, o mais importante, milhares de litros de cerveja, que dariam para encher todos os tanques e chafarizes da cidade.

Feito o rescaldo, Guimarães respondeu e correspondeu, mostrando uma vez mais que tem capacidade para receber grandes eventos, desde que os visitantes, uma vez esgotada a capacidade de alojamento, se distribuam pelas cidades e vilas limítrofes, como aconteceu uma vez mais. Diríamos que as coisas correram globalmente bem e só não a cem por cento, porque há sempre os chico- espertos gananciosos que levam 5 euros por meio litro de cerveja e os que alugam quartos por uma exorbitância. Além disso, ninguém se lembrou de que além do Porto, também Braga, Fafe, Póvoa de Lanhoso, Esposende e outras localidades, deram dormida aos adeptos que não cabiam em Guimarães e por isso não teria sido mal lembrado, arranjar forma de serem transportados a esses locais. Valeu parcialmente o altruísmo, em alguns casos remunerado, de alguns vimaranenses, que transformaram as suas viaturas em táxis improvisados. Para a história ficou a vitória da Seleção Potuguesa, que arrecadou mais um troféu.

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