O corte ao trânsito no centro histórico continua a gerar controvérsia entre os comerciantes com estabelecimentos localizados nas zonas que se tornarão pedonáveis. São elas a alameda S. Dâmaso, largo do Toural, rua Santo António, rua da Rainha, rua Egas Moniz, largo Condessa do Juncal, rua Gil Vicente e rua Paio Galvão.

A Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG) fez-se representar na reunião do executivo municipal, com cerca de três dezenas de comerciantes, com o objetivo de expressar a “profunda preocupação e insatisfação com os projectos que o município deseja implementar”.
Na visão da associação, o corte de trânsito vai ser “um verdadeiro obstáculo” para os negócios e exige saber se existe algum plano para a criação de pequenas bolsas de estacionamento de proximidade e se a Câmara tem alguma intenção de trazer serviços para a cidade.
Face àquilo que consideram como uma “constante degradação do comércio tradicional”, que levou a que “muitos associados fechassem portas”, a ACTG diz-se disponível para colaborar com a autarquia para “resolver estes problemas e arranjar uma melhor solução”.
Cristina Faria, presidente da coletividade, diz que as experiências passadas de obras representaram uma quebra de vendas de 80% e, por esse motivo, receia que as obras necessárias para implementar a pedonalização possam prejudicar significativamente o futuro do comércio.
“Queremos trabalhar em conjunto com a autarquia e não que nos apresentem planos fechados sem nos ter em consideração”, apelou a responsável.
Por sua vez, Domingos Bragança reiterou que tem tentado “trabalhar com a direção da ACTG para propor as melhores soluções”, mas não pode concordar que a associação não acolha a solução de futuro que é apontada pelo município.
O edil vimaranense considera que a pedonalização será fundamental para a dinamização das atividades económicas, o que deverá gerar melhores negócios.
Bragança lembrou ainda o facto de a ACTG ter manifestado a sua insatisfação com a suposta falta de medidas do município para impulsionalização do comércio, ao longo dos últimos anos, mas ainda assim estar contra esta intenção da Câmara Municipal.
“Estamos agora a encontrar soluções diferentes para intervirmos no espaço público, e torná-lo mais confortável, com mais espaço para bancos e equipamentos de crianças. Queremos criar condições diferentes para que nós tenhamos resultados diferentes. Se continuarmos com a mesma receita do passado, não teremos resultados melhores”, explicou aos jornalistas no final da reunião camarária.
Constatanto que “esta solução está a ser implementada noutras cidades da europa e do país”, vincou que a decisão de elevar a cota da estrada ao nível dos passeios não é definitiva e irreversível.
O sistema de pedonalização idealizada pelo município continuará a permitir a passagem de moradores, ambulâncias e autocarros. Tratar-se-á de uma intervenção rápida e faseada, que pretende “tornar a cidade mais visitável”, se possível até ao final do ano. Ainda assim, o autarca relembrou que o trânsito não será proibido até à conclusão das obras.
O presidente da Câmara Municipal lembrou ainda que “o comércio deve fazer a sua parte” e enalteceu a necessidade de estimular os negócios ao, por exemplo, ajustar horários à disponibilidade dos consumidores.
“Ainda estamos a elaborar o projeto, e quando este estiver num ponto em que se perceba claramente o que se quer fazer, eu promovo um plenário com os comerciantes para percebermos o que vamos fazer”, justificou o edil face ao alegado insuficiente envolvimento da ACTG no projeto da pedonalização.
Relativamente à candidatura aos bairros digitais, que já foi submetida pelo município, intitulada de “Bairro 1128”, em homenagem à Batalha de S. Mamede, Domingos Bragança acredita que a sua implementação irá impactar positivamente os estabelecimentos locais.
Tratam-se de ecrãs espalhados pelas ruas da cidade que, através dos seus sistemas virtuais de última geração, vão permitir uma experiência interativa com o utilizador. Neles estarão contempladas várias informações cruciais acerca da cidade, tais como a programação cultural, horários de restaurantes e comércio.