B.V. Guimarães: “Marcar a diferença na vida do outro”
Numa sexta-feira, ao fim do dia, em finais de julho, conhecemos o piquete dos Bombeiros Voluntários de Guimarães.
Numa sexta-feira, ao fim do dia, em finais de julho, conhecemos o piquete dos Bombeiros Voluntários de Guimarães. Por lá, têm-se vivido dias agitados, à semelhança dos outros verões, mas todos dizem notar um aumento de ocorrências. Em pleno convívio, junto às viaturas da corporação, saltam à vista as caras jovens que se misturam com a sabedoria dos mais experientes.
Entre gargalhadas, contam-se histórias, revivem-se momentos passados ao serviço do outro, mas, sobretudo, espera-se o soar do alarme. Todos sabem que a próxima ocorrência pode estar por segundos, minutos ou horas.
É precisamente pela necessidade de aumentar este corpo ativo que surgiu, este ano, a campanha de voluntariado “Tu podes ser o herói desta história”. Promovida pela própria corporação, conta com dezenas de embaixadores bem conhecidos do público vimaranense. É o caso de Carolina Amaral, Luís Freitas Vieira, João Sousa, Bruno Varela, Pedro Carvalho, entre muitos outros. O objetivo é que os jovens olhem para a instituição como “algo dinâmico, arrojado e que vale a pena vestir a farda e cumprir a missão”.
“Desta vez quisemos fazer algo completamente diferente. A média de dez voluntários que costumávamos ter nas outras edições não são suficientes para aquilo que nós precisamos. Quisemos realmente causar impacto de forma a aumentar significativamente o número de inscritos”, contou José Pedro Castro, presidente da corporação.
Através de um conjunto de parceiros institucionais que “permitem ir muito mais além”, flyers e outdoors espelhados pela cidade, a campanha representa algo inovador “não só a nível local, como também nacional”.
Este ano, a meta passa por duplicar o número de inscritos e “estamos plenamente convictos que vamos alcançar o objetivo”, revela o responsável dos BVG, que acrescenta que “apesar de ainda não ter sido atingido, já está muito perto”.
“Aquilo que sentimos é que quem se inscreve percebeu muito bem o repto. A monotonia já não atrai os jovens, já não os absorve. Aquilo que proporcionamos aqui é completamente o oposto. É um dia completamente diferente do outro, sempre com muito dinamismo e com muito arrojo, marcando sempre a diferença na vida do outro”, completa João Pedro Castro.
“Não queria que o meu voluntariado acabasse”
“Não me recordo como é que nasceu este “bichinho” pelos bombeiros, mas já foi há algum tempo. Fui escuteira, desde pequena, e no último ano somos desafiados a fazer um projeto de voluntariado. Muitas pessoas costumam ir para outras cidades trabalhar com idosos ou com crianças em férias de campo, mas eu decidi que não queria que o meu voluntariado acabasse.
Em janeiro de 2019 comecei a escola de bombeiros. Se tudo correr bem, a minha estadia cá é para continuar. Imagino-me a continuar cá como voluntária, porque é um sítio onde gosto muito de estar. Ainda assim, não me vejo a seguir uma carreira profissional. Normalmente, estou cá uma noite por semana e um dia por mês.
Em cada saída que temos, há sempre um nervosinho miúdo, porque nunca sabemos aquilo que nos espera.
De todas as histórias que tenho para contar aqui dos bombeiros, nenhuma delas era expectável. Lembro-me de uma em particular em que fomos chamados para socorro a uma senhora que não se estava a sentir bem. Não tínhamos muita informação sobre o caso. Quando lá chegamos, ao cemitério, vimos que a senhora tinha caído a uma campa e já a tinham ajudado a sair”.
Inês Ribeiro, 24 anos, Guimarães
“Vou juntar-me aos bombeiros”
“A minha história com os bombeiros começou na minha família. O meu avô estava ligado à fanfarra e o meu tio foi presidente da instituição.
Estava em casa, no meu quarto, e vejo um post a dizer que a escola de bombeiros estava aberta. Desci as escadas e disse à minha mãe: “Vou juntar-me aos bombeiros”. Claro que ficou muito orgulhosa.
É uma experiência que tem os seus pontos altos e os seus pontos baixos. Em termos pessoais, estou a aprender muito, estou a ganhar grandes amizades e sinto que, de alguma forma, estou a contribuir.
O ambiente dentro do quartel é muito bom, temos muitas brincadeiras uns com os outros, pregamos partidas, entre outras coisas. Ainda no passado fim de semana comemos farturas todos juntos.
No que toca aos serviços, há sempre uma parte afetiva muito presente. Há algumas pessoas e crianças que ficam mesmo muito agradecidas. Nem é tanto a necessidade por urgência hospitalar, mas de uma conversa.
Os bombeiros são simplesmente pessoas que quiseram aprender e que têm gosto em ajudar a população. A partir do momento em que sabemos que temos um serviço, os momentos de preparação têm de ser mais relaxados do que aquilo que as pessoas imaginam. Se nós formos nervosos (e é algo que ainda estou a aprender com o tempo), o serviço vai correr muito pior. É também muito importante termos plena confiança na pessoa que temos ao lado na nossa equipa.
O povo vimaranense orgulha-se de ser bairrista e lutador e os bombeiros são mais uma forma de o provar, ao darmos um contributo para a proteção da nossa cidade e dos nossos.
Uma história engraçada que me recordo é que em todas as passagens de ano existia o habitual desfile dos bombeiros, o meu tio dava-lhes champagne. Sempre foi um grande momento de convívio e eu me fez olhar para os bombeiros de uma outra forma.
Luís Pliteiro, 25 anos, Guimarães
“Passo a semana a contar os dias para vir para cá”
“Entrar para os bombeiros é algo que se sente. Desde criança que sempre tive um fascínio e admiração muito grandes pelos bombeiros. Em termos familiares, não tenho nenhuma ligação à corporação. Não vim mais ceno porque durante muitos anos pratiquei desporto, era federado, mas com o passar dos anos a curiosidade foi aumentando.
Em 2017, quando houve aqueles incêndios de Pedrógão Grande foi quando me deu o clique e tomei a decisão que, assim que pudesse, iria ingressar nos bombeiros.
Sou bombeiro voluntário e apesar de ter uma boa situação profissional neste momento, sem duvido que era um desejo star cá profissionalmente todos os dias. Ainda assim, teria que ponderar bem a minha situação financeira porque os bombeiros não têm a retribuição que deveriam ter por todos os riscos que correm.
É com sinceridade que digo que o meu piquete é à sexta-feira e passo a semana a contar os dias para vir para cá.
Neste momento, as principais situações que tenho dizem respeito ao pré-hospitalar e são situações que gosto bastante, isto é, que tenho enorme satisfação em poder ajudar as pessoas. Mesmo em situações em que a nossa ajuda possa não ser assim tão determinante, às vezes uma simples conversa com alguém já é reconfortante.
Reconheço que há uma certa adrenalina nos incêndios, tal como uma enorme responsabilidade.
“Ficam na memória as horas passadas com os camaradas”
Ao longo da escola de bombeiros vamos tendo perceção de tudo aquilo que é feito e que há protocolos de atuação para todas as situações. Quando vamos para uma ocorrência e o resultado não é aquele que desejamos, tendo a noção que respeitamos o protocolo e fizemos o máximo, creio que conseguimos lidar de uma outra forma. Na eventualidade de haver erros, torna-se mais difícil, mas é tudo uma aprendizagem.
Prefiro sempre contar histórias positivas e há uma que me marcou particularmente. Fomos chamados para um incêndio florestal, em que o alerta foi dado ao início da madrugada, e tivemos alguma dificuldade em encontrar o local. Estivemos a noite toda à procura no veículo de combate a incêndios. Quando finalmente lá chegamos percebemos que era um foco de incêndio muito pequeno. Ficam na memória as horas passadas com os camaradas. Alguns mais aborrecidos pela espera, mas como era das minhas primeiras ocorrências estava com muita expectativa para encontrar o incêndio.
Miguel Ferreira, 35 anos
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