“É verdade que neste presente, e num contínuo e rotineiro festivo calendário, assinalamos o fim de um regime ditatorial e o início da vida democrática, exaltamos os valores de abril: Liberdade, Igualdade, Justiça e Democracia, que se desvanecem, por muito proclamados e pouco praticados, na sociedade atual”, disse na Sessão solene do 25 de abril, Maria João Almeida, em representação do CDS-PP.

Maria João Almeida, no seu discurso, apontou aos “direitos conquistados que se vêm ameaçados, desprotegidos por um Serviço Nacional de Saúde débil e que manifestamente não cumpre as suas obrigações, e com uma qualidade dos serviços prestados a enfraquecer”, citando o Índice de Saúde Sustentável, em que a acessibilidade técnica do SNS vai diminuindo, encontrando-se “em níveis muito baixos”.
Mas, hoje, referiu também, “transversalmente às gerações colocam-se questões básicas de subsistência, como a não existência de políticas de habitação coerentes e efetivas, que não protegem os mais vulneráveis e mais débeis”.
Destacou a “indiferença e ausência de respostas sociais suficientes, num Portugal de abril que prometeu desenvolvimento”, e o facto de, considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, “43,3% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2021, 12,0% das pessoas em privação material e social e 5,3% em privação material e social severa em 2022”.
Para a democrata cristã, Portugal apresenta-se ainda como dos países da União Europeia “onde a desigualdade salarial é das mais elevadas, como hoje persistentemente nos apercebemos, perante um pequeno grupo que se serve e não serve o seu país”.
Mas falemos de Futuro. “Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens”, como dizia Pitágoras.
Segundo Maria João Almeida, a educação atravessa uma “crise sem precedentes, com uma desigualdade crescente entre o ensino público e o privado, com os professores desmoralizados e desacreditados sobre o futuro da educação, com a ditadura do politicamente correto e da implementação de conceitos que sobrevalorizam o ideológico ao biológico, questionando o papel da educação na construção de uma sociedade mais justa, qualificada, solidária”.
E acrescentou que “formamos e qualificamos, mas não respeitamos os jovens, pois não lhes damos condições de entrar dignamente no mercado de trabalho, mantendo a precaridade e os salários baixos, não permitindo a sua autonomia e constituição de família, e não criando perspetivas de participação ativa na sociedade”.
Maria João Almeida assinalou também a “necessidade do funcionamento célere da justiça” e o quanto os “entristece, perceber o sentimento de impunidade que se vive”. A porta voz do CDS-PP nesta sessão, terminou a sua intervenção lamentando o “fado”, sentido como “destino de Portugal, que mesmo com liberdade, não constrói o futuro que todos merecemos”.