Cenário natural de Guimarães volta a acolher mais uma edição da Feira Afonsina
Este ano sob o tema "Afonso: Político e Diplomata".
O cenário natural de Guimarães volta a acolher mais uma edição da Feira Afonsina, este ano sob o tema “Afonso: Político e Diplomata”. De quinta-feira, dia 22, a domingo, dia 25, há mais um motivo para passear pelas artérias da cidade berço.
Nos finais do século XI, a Península Ibérica estava ameaçada por incursões provenientes de povos do Norte de África. Diante destas ameaças, D. Henrique, pertencente à família ducal de Borgonha, é enviado em auxílio ao Rei Afonso VI de Leão e reconquista o Reino da Galiza. Como recompensa pelos serviços prestados à coroa, recebe Teresa de Leão em casamento, filha ilegítima do monarca, e como dote o Condado Portucalense.
D. Henrique sempre demonstrou o sonho de autonomia do Condado, mas, desde a sua morte, em 1112, D. Teresa governou o Condado Portucalense aliando-se aos interesses da Galiza, juntamente com o Conde Galego Fernão Peres de Trava, que retirou privilégios aos homens que lutaram ao lado de D. Henrique, e entregou aos seus aliados provenientes da corte galega, gerando descontentamento entre os aliados do finado Conde, que entendiam que os destinos do Condado deveriam ser entregues ao herdeiro legítimo, o Infante Afonso Henriques.
Entre muitas disputas, políticas e armadas, que opunham os partidários de D. Teresa, ligados à coroa de Leão e Castela, e os aliados de Afonso Henriques, fiéis ao sonho de autonomia do Conde D. Henrique, a mais importante foi a que culminou com a Batalha de São Mamede, ocorrida no dia 24 de junho de 1128, da qual sai vitorioso D. Afonso Henriques, sendo considerado o dia 1 de Portugal.
Do programa faz precisamente parte uma recriação histórica sobre este assunto, com uma primeira apresentação na quinta-feira, às 19h00, no relvado lateral do Paço dos Duques de Bragança. Nos quatro dias de evento, haverá ainda um espetáculo intitulado “O Julgamento dos Penitentes”, às 18h30.
Como já é habitual, o “folguedo final” encerra a Feira Afonsina com um cortejo desde a estátua de D. Afonso Henriques até à igreja de Nossa Senhora da Oliveira.
Várias áreas temáticas
Na encosta do castelo, a aldeia fervilha de vida e é preciso afirmar um território, um povo, uma cultura. É no Burgo que artífices das mais variadas áreas trabalham afincadamente, servindo não só as suas gentes, mas principalmente as suas tropas, que ali se organizam para as novas campanhas.
O Acampamento Medieval dos Petizes, junto ao Paço dos Duques, será uma viagem no tempo ao imaginário infantil medieval, onde os participantes poderão ver as realidades quotidianas da idade média transformadas em manualidades. Haverá sessões de histórias e poderão experimentar as vivências medievais com as próprias mãos, enquanto se divertem a fazer desenhos com tintas naturais, a colorir e a tecer lã, a fazer cota de malha e a superar jogos e desafios. Com vista para o Castelo, os mais novos poderão também encontrar atividades e jogos.
Já no largo dos Laranjais, escondem-se aqueles que da sociedade procuram retiro. Os seus produtos e crenças pertencem ao oculto. Para além dos conselhos e consultas existem pedras com poderes especiais, ervas medicinais, amuletos, mezinhas e outros produtos místicos.
Vindos de terras longínquas ou residentes do burgo, é no Poiso das Barricas que o povo conflui para se recompor e recuperar de longas viagens e das agruras do dia-a-dia. Lugar de ócio e comércio à margem da sociedade, é habitado por personagens peculiares que gerem e frequentam este inóspito estabelecimento como uma verdadeira família. A comida escasseia, mas o vinho, esse, nunca pode faltar.
O Quelho das Desgraças, sempre um dos locais mais procurados pelos visitantes, será novamente o habitat dos larápios, dos pedintes, das meretrizes, dos loucos e dos empestados. Vivendo em comunidade, são obrigados a interagir pois este é o local onde todos podem sobreviver.
Tendo como base a instituição da Colegiada de Santa Maria de Guimarães por D. Afonso Henriques, o Quotidiano Monástico é um espaço que pretende recriar o quotidiano desta comunidade religiosa em todas as suas valências, desde os momentos de trabalho, passando pela ritualística e oração.
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