Ciclismo parado coloca equipas em risco de fechar

"Temos um país em duas velocidades. O futebol é uma modalidade e as outras todas juntas não conseguem ser outra"

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As equipas profissionais de ciclismo dependem, para dar retorno aos seus patrocinadores, da realização da Volta a Portugal. A prova maior do ciclismo de estrada em Portugal é a única que atrai a cobertura mediática que justifica o investimento de alguns dos maiores patrocinadores.

“A realização da Volta a Portugal é crucial, senão há muitas equipas que acabam”, a afirmação é de José Luís Ribeiro, presidente da Associação de ciclismo do Minho. O responsavel associativo foi convidado de Eliseu Sampaio,no programa “Em casa à conversa” juntamente com o ex-ciclista e empresário, Cândido Barbosa e o ciclista profissional vimaranense José Mendes. Os três foram unânimes relativamente à situação delicada em que se encontra o ciclismo em geral e o ciclismo profissional em particular.

“Vivemos esta situação com apreensão, não sabemos ate ponto é que esta situação vai afetar os patrocínios. A minha equipa está a apoiar-nos, mas há muita incerteza. Será que nos próximo ano vai haver as mesmas equipas? Questiona José Mendes.

José Luís Ribeiro destaca o comportamento exemplar do ciclismo e lembra que esta foi a primeira modalidade a parar “inclusivamente o pelotão profissional, que estando abrangidos pelas excepções legais podiam continuar a treinar na estrada, a generalidade decidiu não o fazer”. O presidente da ACM afirma que há uma gestão técnica e outra política da situação sanitária. Relativamente à questão técnica a Federação Portuguesa de ciclismo já superou a situação com um plano de contingência para o regresso à competição e condições de segurança sanitária a provado pela DGS. É relativamente à gestão política que o problema agora se coloca. Segundo José Luís Ribeiro, a este nível, os responsáveis estão sempre mais disponíveis para fazer cedências ao futebol.

Cândido Barbosa alinha com o presidente da ACM. “Temos um país em duas velocidades. O futebol é uma modalidade e as outras todas juntas não conseguem ser outra”, ironiza a antiga glória do pelotão nacional. Cândido lembra que nas chegadas, além do público, há amigos e familiares e que o ciclismo quer ir para a estrada com toda a segurança. O, agora, empresário desportivo lembra a vertente “ciclismo para todos”, também ela paralisada. O organizador do Douro Grande Fundo salienta a diferença de tratamento entre organizações culturais e desportivas. Cândido Barbosa refere-se ao decreto-lei, aprovado em Conselho de Ministros, em 23 de março,  que estabelece medidas excecionais e temporárias no âmbito cultural e artístico, em especial quanto aos espetáculos não realizados, entre os dias 28 de fevereiro de 2020 e até 90 dias úteis após o término do estado de emergência. Este decreto-lei evita que as organizações tenham que devolver o dinheiro dos bilhetes, em casos em que já houve investimentos realizados, desde que garantam a realização do espetáculo noutra data. Cândido não percebe porque razão não se aplica a mesma lógica às organizações desportivas e estima em 150 as inscrições já vendidas para provas em Portugal.

Cândido Barbosa lembrou ainda que o setor do turismo deve muito aos desportistas que todos os fins de semana se deslocam para as provas, alimentando a hotelaria e a restauração.

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