O artista italiano Armadilly foi distinguido com o Prémio ATP instituído pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal no âmbito da Contextile 2022 – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, onde apresentou as obras “Depressed but well dressed” e “Italian Summer”.

Em ambas trabalhos, concebidos em lã, algodão sobre pano de monge, com bordado de agulha de perfuração, Armadilly procura transmitir que “a relação com o corpo diante de um espelho e diante dos olhos de outras pessoas é complicada em relação à vitrine fotográfica das redes sociais”. “Com ironia e sem qualquer intenção de denúncia”, disse, o seu objetivo “é descrever a realidade desta era digital, onde o indivíduo não consegue escapar a um efeito aditivo causado por estes cânones estéticos extremos e pelo fluxo ininterrupto de imagens”. Acrescentou ainda que “o quotidiano é partilhado através de imagens orquestradas, contando uma vida fictícia”.

Assim, em “Depressed but well dressed” (Deprimida mas bem vestida), a figura feminina é construída “a partir de um estudo cuidadoso das peças de vestuário, modelos e poses propostas pelas campanhas publicitárias, e o rosa é um grito autêntico que não pretende concordar com as modas, mas antes defini-las”. A protagonista da tela está ancorada num texto simples e eficaz, como nos desenhos de uma banda desenhada e das redes sociais que fizeram das imagens a sua essência. A experiência pop aproxima-se do mundo da banda desenhada e do cinema.

Já “Italian Summer” (Verão Italiano) é uma fotografia transformada numa tela bordada com uma “aparência perturbadora”. “Molduras de uma vida longe do comum, feita de festas e dias relaxantes passados no barco. A palavra de ordem: a dolce vita. Os protagonistas desta pintura olham para o espectador sem qualquer expressão particular, como se lhe quisessem perguntar algo, mas sem o convidarem a juntar-se à sua festa exclusiva”.