Dino Freitas: “Quem não aparece na televisão e nas rádios parece que morreu”

Artigo publicado na revista Mais Guimarães de agosto.

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Os vimaranenses responderam à chamada de Dino Freitas e encheram o Santuário da Penha para assistirem ao espetáculo Dino Freitas, Sou Eu. Um concerto que surgiu há dois anos, nos Fornos da Cruz de Pedra, quando o músico quis fazer um evento para “agitar e lembrar aquele espaço adiado”.

© Cláudia Crespo/Mais Guimarães

Este foi o terceiro concerto, depois dos Fornos da Cruz de Pedra e do espaço da Irmandade da Senhora da Luz. O convite surgiu do juíz da Irmandade da Penha, Roriz Mendes, quando começaram, em conjunto, a desenhar a abertura dos eventos na Penha. Com receio por cantar Zeca, Carlos do Carmo ou Adriano Correia de Oliveira, acabou por aceitar.

Ainda que as decisões do Governo lhe trocassem as voltas e o espetáculo tivesse de ser antecipado uma hora, o Santuário da Penha enchou. Apesar de cadeiras vazias, havia pessoas de pé, algo que desagradou o cantor, mas “teve que ser assim. Nem todas as pessoas tiveram acesso à informação de alteração de horário”.

Dino Freitas explicou à Mais Guimarães que o nome do concerto tem, subjacente, a sua vida, de andar de “terra em terra a cantar tudo o que estivesse a dar”. Fala em “prostituição intelectual”, algo que tinha que ser feito, comparando-se a um “qualquer trabalhador que passa um dia inteiro no tear e ninguém lhe pergunta se gosta do que está a fazer”. No seu caso, diz, o choro e as dores “são menores”, porque é de música que se trata. “Da música eu gosto sempre”, diz, contrariamente aos textos que, “às vezes, chateam um bocado”. Acredita ser “um pedaço disso tudo” e, por isso, Dino Freitas, Sou Eu é uma espécie de carta de apresentação do cantor.

Fez uma viagem ao passado e interpretou a música Madalena, do conjunto Novo Mundo. Uma música que, como costuma dizer, “não diz nadinha ao mundo”, mas a melodia tem “um grande impacto. Um momento altíssimo” do concerto, recorda. “Não diz nada em termos literários”, mas toda a gente cantou, “diz em termos de alegria e participação das pessoas”.

“Quem conseguir, com os seus cantos, pôr as pessoas a discutir, tem o dia ganho”

Não sabe ao certo quando entrou no mundo da música, mas, por volta dos 12 anos, participou no conjunto Novo Mundo, em Fermentões. “O primeiro disco que é gravado pelo conjunto, que foi um sucesso, foi capa de revista duas vezes”.

Sem vergonha, diz que teve “que tocar e cantar aquilo que estava a dar” e que, atualmente, “quem não aparece na televisão e nas rádios, parece que morreu, não existe”. As pessoas escolhem o que ouvir em função disso. “Se ninguém te mostrar coisas mais interessantes e andares um bocadinho mais distraído, vais-te convencer que é isto”, diz Dino Freitas.

É contra o que acredita que se passa atualmente que quer lutar, dando tempo de antena aos artistas que “criam coisas de autor, coisas bonitas, todas elas discutíveis”. Considerando-se um “músico de intervenção”, acredita que “intervir é ter opinião sobre as coisas e quem conseguir, com os seus cantos, os seus ditos, afirmações, pôr as pessoas a discutir, a concordar, a discordar, tem o dia ganho. Está alcançado o objetivo em pleno”.

Em Guimarães, “temos músicos do mais alto nível”, vinca. Se no concerto precisasse de 20 ou 30 músicos “daquele altíssimo nível”, seriam todos vimaranenses. Frisa que “estão ao nível dos melhores do mundo, podem competir com essa tropa toda”.

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