por Marco Jacobeu

Fotógrafo Freelancer de Retrato

Fátima, freguesia do concelho de Ourém é um local imenso, a referência da fé católica Portuguesa e um dos principais centros de peregrinação no mundo ao culto mariano, estimando-se que seja visitada por cerca de 6 milhões de pessoas/ano.

Nos dias 12 e 13 de Maio, assisti à visita do quarto papa a Fátima. Depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010), o Papa Francisco visitou a Cova da Iria em plena Comemoração do Centenário das Aparições e, ainda, canonizou Francisca e Jacinto Marto, tudo num período de 22 horas!

Com 1 milhão de pessoas previstas, a operação Fátima 2017 adivinhava-se de difícil execução, bastando referir que, só no recinto, estariam cerca de meio milhão. Cheguei por volta das 12 horas a Fátima e, se a viagem foi atribulada devido à intensa precipitação, em Fátima, as condições climatéricas alteraram-se completamente e só voltou a chover quando o Papa já estava de partida, contrariando as previsões meteorológicas.

Presenciei um clima de paz, de harmonia, de emoção que contagiou o povo. A chegada do Santo Padre à Base Aérea n.º 5 de Monte Real, acompanhada em direto nos ecrãs espalhados pelo recinto, até à sua primeira “aparição”, foi um momento que jamais se irá apagar da minha memória, assim como em seguida, aqueles 8 minutos de um “silêncio ensurdecedor” aquando da oração do Papa Francisco na Capelinha das Aparições. Nem me atrevi a fazer mais do que umas 5 fotos… Num estádio de futebol com dezenas de milhares de adeptos fazer 1 minuto de silêncio parece uma eternidade…

Pelas 21:30h, a reza do Terço na Capelinha das Aparições culminou com a inauguração da iluminação do Terço gigante (26 metros) situado à entrada da Igreja da Santíssima Trindade, uma peça denominada “Suspensão” cuja autoria pertence à artista Joana Vasconcelos. Seguiu-se a Procissão das Velas já sem a presença do Santo Papa e as celebrações continuaram durante toda a noite.

O papa é um líder global que dá voz a quem não tem e, nos dias de hoje, essa importância é relevante pois não esqueçamos que ainda se morre de fome e de doenças cujas medicações e terapêuticas existem! A visita de um Papa provoca, atualiza a mensagem, assim como, os novos santos irão com toda a certeza aprofundar a fé popular.

Em Fátima as pessoas têm uma característica muito especial, estão em paz, juntam-se para rezar. Fazem centenas de Km a pé, passam dias no interior do recinto, comem e pernoitam por lá, outras dormem dentro das viaturas, dos centros comerciais… vale um pouco de tudo porque é a fé que os move. O Papa Francisco, esse homem que tem um OLHAR QUE ABRAÇA, que consegue cativar as multidões, assim que terminou a Missa na Basílica da Santíssima Trindade por volta das 16:30horas, e se despediu, deixou de imediato um enorme sentimento de saudade, aquela emoção que só sentimos quando alguém de quem gostamos muito nos deixa. Só nos apetecia dizer, fica pelo menos mais um pouquinho…

A heterogeneidade do público quanto à idade, proveniência e até da nacionalidade (55 países), é outro espeto inigualável. Fátima é palco de gente crente, desde Melgaço a Tavira, passando pelos arquipélagos. “De pessoas novas há muito tempo” como dizia D. Clemente, a muitos bebés! Destaco, ainda, os jovens presentes que me fizeram ter esperança e fé para o futuro.

A preocupação da organização com questões logísticas, indicações, cuidados médicos (mais de 1000 pessoas assistidas), à acreditação, passando pela segurança (presenciei uma cooperação eficaz entre todas as forças policiais nacionais e internacionais). A simpatia, o entusiasmo e a pontualidade dos horários estabelecidos foi de um rigor, de uma eficiência que, por um lado, justificam o baixo nível de incidências e, por outro, vincam uma vez mais, a excelente capacidade de mobilização e execução na organização de um evento desta dimensão.

Por fim, um resumo com os números da operação FÁTIMA 2017, destacando, o número de apreensões efetuadas no controlo das fronteiras, num curtíssimo intervalo de tempo. Para reflexão…