GUIMARÃES EM NOVEMBRO
Por José João Torrinha.

José João Torrinha,
Advogado e Presidente da Assembleia Municipal de GuimarãesDos vimaranenses costuma dizer-se que sofrem de “híperidentidade”. Que valorizam excessivamente a pertença à terra em que nasceram ou que os acolheu; que acham que a sua cidade é a mais linda de todas e que levam a mal quem que dela se atrever a escarnecer.
Existe, na verdade, um sentimento de pertença muito próprio, muito nosso, que todos já pudemos testemunhar e que muitos de nós ostentam como se de uma medalha se tratasse.
Este podia, em qualquer caso, ser mais um exemplo de um bairrismo oco ou sem conteúdo. Mas não é. Quantos de nós já não ouvimos, da boca de forasteiros, elogios à beleza da nossa terra, à forma cuidada como a mesma se apresenta, e até à forma como aqui são acolhidos? Isso já aconteceu comigo tantas e tantas vezes que me permite afirmar com segurança que o orgulho que sentimos quando isso acontece é ainda maior porque os elogios são merecidos. Isto, apesar de a nós, que todo os dias calcorreamos as ruas do burgo, já nos escapar parte do encanto de tanto o vermos, de se instalar até uma banalização do belo, do mágico que esta cidade tem.
Ora, se me perguntassem qual a altura do ano em que o encanto vimaranense está no seu apogeu, eu responderia com o mês de novembro. Parte desta afirmação tem a ver com o gosto pessoal pela estação do outono. Ver as árvores (e Guimarães tem tantas e tão bonitas) a mudar para cores garridas, que quase parece estarem em chamas, o fumo que sai das casas e que rodeia a senhora das castanhas que já se instalou na Senhora da Guia. Passear pela cidade naqueles dias sem chuva, mas já com frio, mas um frio bom, daquele que ainda nos deixa andar pelas ruas com conforto e que nos permite apreciar o sol outonal a bater na pedra dos nossos monumentos e do nosso casario.
Passear e ouvir, em fundo, o toque de caixas e bombos em moinas que parecem mais vivas do que nunca e onde podemos ouvir o toque nicolino como ele deve ser, sincopado e com o ritmo certo, sem pressas nem vagares desnecessários e que num dia como o do Pinheiro não conseguimos.
À noite, podemos ouvir outros sons, como os de saxofones, pianos e quejandos, em combinações jazzísticas, seja instalados confortavelmente no auditório do Vila Flor, seja a irrompem de dentro do Convívio até ao Largo da Misericórdia, em mais uma jam session que marcará outra vez a história de décadas daquela casa, também ela uma joia da nossa cidade.
Chego a este ponto do texto e paro para pensar se o que escrevi não é mais um exemplo do tal bairrismo exacerbado. Se não está o meu olhar já demasiado enviesado e incapaz de ver a realidade por aquilo que ela é. Penso, mas convenço-me que não. Lembro-me então de uma cena famosa do Clube dos Poetas Mortos e que cito muitas vezes. O professor sobe para cima da sua secretária e pergunta: “o que estou aqui a fazer?”, acabando por explicar que é para se relembrar de ver sempre as coisas de uma perspetiva diferente.
Ora, mesmo em pé em cima da secretária continuo a achar que Guimarães é uma terra lindíssima e que em novembro o seu encanto está ampliado. Uma terra que vale a pena visitar demoradamente, absorvendo o seu encanto, agora outonal. Uma terra de que nos orgulhamos, sim, mas um orgulho cheio de conteúdo.
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