GUIMARÃES VENCERÁ

Por César Machado

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Por César MachadoUma declaração de interesses:- presido à Direcção do Convívio, Associação Cultural e Recreativa. A minha neutralidade pode, por isso, ser colocada em causa. Compreendo e aceito. Farei os possíveis, contudo, por não falhar na isenção, que é um valor diferente. Isto posto,

O Convívio, Associação Cultural e Recreativa, serve Guimarães e os Vimaranenses desde 1961. Nasci depois do Convívio. Tive a felicidade de nascer em Guimarães e aqui crescer. A felicidade de crescer numa cidade em que, muitos que vieram antes de nós,  trabalharam pelas causas de todos, pelo bem comum, pela cultura e pelo crescimento e formação dos cidadãos desta terra, nas suas mais variadas formas, o que foi tornando Guimarães uma terra diferente, activa e integradora dos seus, com focos de agregação que cria nos seus habitantes um forte sentido de pertença a um lugar, a uma comunidade. O “Patriotismo de cidade”, expressão aplicada a Barcelona, que o Presidente Jorge Sampaio transpôs para o nosso caso, assenta-nos perfeitamente. Assim é Guimarães. Entre estes focos de agregação, estão muitas Associações de natureza muito diversa, das mais “encorpadas” às mais humildes, todas elas fundamentais para os vimaranenses, lugares onde se partilha a amizade, a angustia, a tristeza e a alegria, em suma, onde “ser” é “ser com os outros”. Assim é o Convívio, desde 1961. O que o Convívio fez nestes 57 anos é muito, e não caberia aqui uma enumeração das suas realizações, ainda que sumaríssima. Um Senhor de Guimarães, ex-Presidente da Câmara, Sr. António Xavier, (Presidente uma vez, Presidente sempre, por isso o Sr. Presidente António Xavier) dizia-me há dias, no Convívio,  já em face das notícias mais recentes “no meu primeiro mandato não tínhamos meios na Câmara para fazer a cultura em Guimarães. Quando o Convívio surgia com uma ideia, pedia-nos um apoio e nós dávamos, sabendo que seria bem aplicado e com um saber e eficiência que a Câmara nunca teria, porque não dispúnhamos de meios humanos, nem técnicos nem de natureza nenhuma, para trabalhar na área cultural. Era o Convívio, sobretudo, que fazia esse papel.”. Claro que havia outras associações, cuja participação foi importantíssima e não se pretende diminuir. Mas não deve nem pode subestimar-se o papel do Convívio neste processo.

Os tempos trouxeram, felizmente, grandes melhorias no modo do Município abordar a cultura. Passamos a trabalhar muito em parceria com a Câmara e, muitas vezes, com apoios Municipais em realizações da nossa Associação. Noutros casos, com meios que o próprio Convívio recolhe e a suas expensas, oferecendo à cidade concertos e espectáculos gratuitos, em espaço público. Assim é o Convívio. As nossas instalações são disponibilizadas frequentemente para lançamentos de livros, (o último foi no passado sábado),  para a realização de conferências,  reuniões de grupos informais ou já estruturados.. Entendemos que a nossa sede não é só nossa. Como os Vimaranenses entendem que o Convívio já não é apenas dos seus associados. O Convívio é da comunidade vimaranenses, que vem marcando fortemente desde 1961.

Os últimos dias têm sido duros para  nós todos. Em resposta a uma carta enviada pelos Senhorios para podermos exercer o direito de preferência dissemos que sim, que compraríamos o edifício nas condições indicadas em tal carta, o que implicou juntar 370.000 euros no apertado prazo de poucos dias. Obrigado aos sócios, amigos do Convívio e ao Município de Guimarães, que tornaram possível o impossível.

Apesar de termos exercido o direito de preferência no prazo fixado na carta dos senhorios, facto conhecido destes  e da compradora, o prédio foi vendido, em clara violação do nosso direito de preferência. Recebemos, posteriormente, uma carta dos anteriores senhorios a dizer que, afinal,  não valeu, que a primeira carta foi escrita por erro e que o Convívio, dizia-se agora, não tinha direito de preferência. Isto são factos. Adjectivos dispenso-me de usar.

Ficamos a saber pela imprensa que os compradores não querem despejar o Convívio “num curto prazo”.Já deu para perceber. O facto de a sociedade Imobiliária compradora –Belos Ares, Sociedade Imobiliária Ldª, pertencente ao Sr. Eng. José Arantes, ser proprietária de um alojamento local situado em prédio contíguo ao do Convívio faz-nos perceber o que teremos que enfrentar.

É mais do que óbvio que não deixaremos de defender os interesses do Convívio nem por um segundo. Esse compromisso está assumido com os associados e com Guimarães. Vamos impugnar judicialmente a venda do imóvel, obviamente, e reclamar a propriedade do edifício, como nos compete. Nós só queremos comprar um edifício e vamos comprá-lo. Um prédio é uma coisa que se adquire com dinheiro. Já o temos. A nossa honra não está á venda. Ninguém tem com que comprar algo que não está à venda. Nós até trabalhamos todos totalmente pró bono! Guimarães e os Cidadãos desta terra nunca nos perdoariam que pudéssemos sequer pensar em baixar os braços neste difícil momento que hoje nos toca a nós mas que, amanhã, pode cair em cima de qualquer um desses outros lugares onde Guimarães se constrói, com pessoas dentro. Força não nos falta. Guimarães vencerá.

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