Lugares: Outonos germânicos

Artigo publicado na edição de outubro da revista Mais Guimarães.

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O lugar de onde somos, aquele em que nos encontramos, o outro para onde vamos ou sonhamos ir é importante. Muitíssimo importante! Pelo menos para mim, que faço da viagem um objetivo, um fantasiar constante, cenário dos meus mais belos sonhos.

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Nasci em Viana do Castelo e o meu coração a Santa Luzia, ao largo de São Domingos, às ruas aromáticas da Ribeira, à maresia da praia norte, aos sidónios da avenida pertence. Pelo menos parte dele.

Vivo em Guimarães, há tempo suficiente para perceber a garra e os mil e um predicados que fazem os de cá viver tão intensamente o rufar das caixas no desfile do Pinheiro ou a azáfama domingueira num largo do Toural repleto.

Ora se parte do meu coração pertence à princesa do Lima, o restante espaço vem-se dividindo pelos inúmeros lugares que tenho tido o privilégio, a felicidade imensa de contemplar.

A viagem possui uma capacidade transformadora inigualável, pode fazer-nos melhores seres humanos, com uma mais aguçada curiosidade, uma maior tolerância e uma capacidade de procurar e encontrar beleza. Na viagem cabe tudo isto e muito mais.

Neste espaço, acho que agora já o posso considerar meu, quero que viagem comigo.

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E hoje, aproveitando este outono que me fascina, o frio que me encanta, os húmidos dias de chuva que me inundam a alma de conforto, quero falar-vos sobre um lugar, um daqueles que não aparece nos roteiros convencionais, nem nas sugestões de quem quer que sugira ou influencie alguma coisa.

Um dos destinos de outono que mais recordo, onde os castanhos, verdes e amarelos são mil, aqui e ali salpicados a vermelho e bege é a região da Renânia do Norte-Vestfália. Sim, eu sei, o nome soa estranho, e agora que revelo que fica na Alemanha parte do interesse pode esbater-se, mas, caro leitor, não se deixe levar por conclusões precipitadas.

Este estado alemão é tão só o mais populacional do país, porém lá poderá desfrutar do mais prazeroso descanso num dos seus inúmeros lugarejos saídos de um qualquer conto de fadas. Subir ou descer o serpenteante Rio Reno é uma experiência única, de deleite puro, de colar a cara ao vidro do carro e deixar o espanto tomar conta de nós. São castelos que se impõe nas colinas, um céu que se se cobre de nuvens, uma língua que se estranha, sabores que não são os nossos, tudo a fluir pacificamente, contrastando na perfeição com a água turva e veloz do movimentado Reno.

Entrar num vilarejo como Rüdesheim am Rhein, descobrir as suas vielas em paralelo, onde os passos ecoam e o olhar se fascina, sentir-me bem e feliz só porque as casas são belas, diferentes e só as consigo imaginar quentes e acolhedoras, com uma lareira acesa, um suculento Apfelkuchen no forno, apenas à espera da minha chegada. Um regalo para a alma.

A região da Renânia do Norte-Vestfália é igualmente rica em história, basta percorrer as ruas de Colónia para o perceber. Esta grande cidade alemã tem na sua imponente catedral, a mais alta da Alemanha e terceira mais alta do mundo, um marco do passado mais sombrio do país. Deslizar pelas vielas desta cidade é tornarmo-nos parte da história, felizmente não a vivendo, mas conquistando respeito pelo sucedido. Ninguém ganha numa guerra.

Se por um lado Colónia detêm esta áurea mais negra, também faz parte de si a cerveja da boa, um riquíssimo museu de chocolate com assinatura Lindt um sem fim de outros motivos de interesse, o maior dos quais será por ventura o facto de na referida catedral se encontrarem sepultados os restos mortais dos três Reis Magos. Alguns historiadores refutam a veracidade de tal feito, certo é que a construção da catedral e consequente tornar em local de peregrinação, a este facto se ficou a dever.

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Koblenz, Bacharach, Cochem, são todos eles locais encantados, os quais tive a sorte imensa de percorrer calmamente, saboreando, não a comida que não é grande coisa, mas cada inspirar e expirar de tão distinto ambiente.

A capital da região é a cidade de Dusseldorf, onde é possível apreciar o Rio Reno em toda a sua plenitude, percebendo o movimento constante de embarcações de mercadorias e pessoas na sua bela e extensa marginal. É uma grande cidade onde o apelo é diferente, mas não menos interessante.

Há sempre imenso a descobrir em cada lugar.

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