MAIS UMA RAZÃO PARA VISITAR O CIAJG: “INSTALAÇÃO NO MUSEU DE LUANDA”
Se não houvesse Fernando Lanhas e a coleção de Ivo Martins, bastaria esta Instalação no Museu de Luanda para valer a pena ir ou voltar ao CIAJG
A Instalação no Museu de Luanda, realizada em 1968, numa altura em que o patrono do CIAJG se encontrava em Angola, ao serviço do exército português, no contexto da guerra colonial, marca um momento muito importante no percurso do artista. Mostra alguém que, com meios precários e materiais limitados, como a juta, papel, madeira, as caixas que eram usadas nos navios que faziam a carreira do ultramar), consegue criar uma impressionante instalação, que não perdeu a sua força com o andar dos anos.Pelo contrário, é impressionante imaginar um militar de carreira, com os constrangimentos que a condição de militar lhe impunha, principalmente em tempo de guerra e num regime autoritário, produzir objetos artísticos tão marcadamente contestatários. Nuno Faria, o diretor artístico do Centro, afirma que “José Guimarães tinha uma existência dupla, havia o militar e havia o artista, não creio que no meio militar a sua faceta artística fosse conhecida”. A Instalação no Museu de Luanda é exposta na sala 2, juntamente com o quadro Pátria, já da século XXI. As duas obras completam-se, ganham sentido juntas e dão sentido ao percurso de José Guimarães.
Este diálogo da obra de vários artistas, entre eles, e com a exposição permanente é motor do museu. “As obras que chegam dialogam com a exposição permanente, deste diálogo criam-se novos significados”, afirma Nuno Faria. Este movimento é evidente, mesmo para quem visitou o CIAJG há pouco tempo; uma obra que tinha sido vista noutro contexto ganha nova vida. Cria-se no visitante um desconforto agradável, quando se instala a dúvida sobre se uma peça já foi vista antes. Há algo de familiar numa máscara que parece conhecida, mas entretanto; será que foi mesmo aquela ou era uma parecida? – agora que a luz é diferente, que em vez de estar no centro está no canto, e que a obra que está ali ao lado já não é um quadro, mas passou a ser uma escultura metálica.É por esta razão que Nuno Faria não hesita em desafiar os vimaranenses a visitarem o CIAJG, “porque o museu muda e o museu vive com as pessoas”. O diretor artístico lamenta um certo ressentimento pela perda do Mercado Municipal que afasta algumas pessoas do museu. O diretor compreende este sentimento de perda, “até por ser um apaixonado por mercados”, mas lembra que se não desfrutarem do museu a perda é dupla; “perderam o mercado e agora perdem um museu”. Se não houvesse Fernando Lanhas e a coleção de Ivo Martins, bastaria esta Instalação no Museu de Luanda para valer a pena ir ou voltar ao CIAJG.
PUBLICIDADE
Partilhar
PUBLICIDADE
JORNAL
MAIS EM GUIMARÃES
Novembro 5, 2024
A Berço Academia, novo espaço do Berço Sport Clube, foi inaugurada neste sábado, dia 02 de novembro, no antigo estádio de Sande S. Lourenço. Marco Aurélio, sócio fundador do clube, em declarações ao Mais Guimarães, reforçou que deseja que toda a gente veja o Berço como um "clube de futuro".
Novembro 5, 2024
Na último jogo em casa, frente ao Moreirense, Jota Silva, antigo jogador do Vitória SC, surpreendeu os adeptos ao fazer uma visita inesperada ao relvado do Estádio D. Afonso Henriques durante o intervalo para uma despedida "formal".
Novembro 5, 2024
Esta quinta-feira, começa a 33ª edição do Guimarães Jazz. Entre 07 e 16 de novembro, o evento vai oferecer um programa diversificado de 12 concertos, jam sessions e oficinas, espalhados pelo Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e outros locais da cidade. Nomes internacionais e nacionais, como Maria Schneider & Clasijazz Big Band, Wadada Leo Smith e Ambrose Akinmusire, são alguns dos destaques que prometem cativar o público com abordagens contemporâneas e inovadoras.