Movimento Stop Via AvePark quer “lutar até ao fim para que a obra não avance”

O projeto da via do AvePark, que atravessa as freguesias de Ponte, Prazins Santo Tirso e Corvite, Santa Eufémia de Prazins e Barco, continua a gerar controvérsia entre a população.

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No Dia Internacional de Ação pelos Rios, que se assinalou esta terça-feira, um grupo de manifestantes compareceu na Vitrus Talks para chamar à atenção do Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, para a execução de um projeto que consideram não satisfazer as necessidades das populações.

O evento, que pretendeu debater a importância da preservação dos recursos hídricos, decorreu no Parque da Ínsua, na vila de Ponte, e contou com a participação de Domingos Bragança (presidente da Câmara de Guimarães), José Pimenta Machado (vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente) e Sérgio Castro Rocha (presidente da Vitrus).

“Não faz qualquer sentido a construção desta via. Há problemas maiores no concelho que deviam ser resolvidos e o dinheiro não deve ser investido nesta obra”, começa por explicar Miguel Coutinho, representante do movimento cívico Stop Via AvePark, antes de dar início à manifestação silenciosa.

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As cerca de duas dezenas e meia de apoiantes presentes dizem considerar que a construção da via vai “impactar de uma forma grave” a população e querem “lutar até ao fim para que a obra não avance”.

“Estamos a falar de freguesias que tem uma população muito idosa que vai alterar as suas rotinas. Há estradas principais que vão ser cortadas e temos exemplos de pessoas que vivem a 100 ou 200 metros do seu local de trabalho e, com a via do AvePark, vão ter de fazer cerca de dois quilómetros para ir trabalhar”, explicou Miguel Coutinho.

O responsável confirmou ainda que o movimento tem recebido várias mensagens de apoio nos últimos dias. Pretendem “continuar a angariar apoiantes” e garantem que, nas freguesias afetadas, as pessoas têm-se mostrado interessadas pela temática.

Questionado sobre se considera que a população se encontra informada sobre todos os contornos da via do AvePark, Miguel Coutinho diz não ter dúvidas que “a maioria das pessoas não sabe como é que é a via, nem como é que esta será construída”.

Guarda-rios: uma profissão que se quer regulamentada

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Extinta em 1985, a função de guarda-rios foi recuperada pela Vitrus e pelo município de Guimarães. Inicialmente com apenas dois postos, a equipa foi alargada este ano, face ao elevado número de ocorrências registado. 

Sérgio Castro Rocha, presidente da Vitrus e simultaneamente da Junta de Freguesia de Ponte, adiantou que os dois colaboradores que receberam formação interna registaram, no ano passado, cerca de 200 ocorrências, com atuação direta. Agora com quatro colaboradores dedicados à função, que permitem assegurar uma vigilância de 12 horas por dia, foram contabilizadas cerca de 70, desde o início do ano.

A seu ver, esta já provou ser uma profissão que contribui claramente para a preservação dos rios e para a fiscalização das linhas de água, o que evidencia a necessidade de a regulamentar. O responsável deixou o desafio para que a administração central, através de decreto lei, regulamente e delegue essas competências aos municípios.

Hugo Pires vincou a necessidade de olhar para as alterações climáticas também a partir da poluição dos rios. “Cuidar dos nossos rios também é estarmos atentos e ativos quanto a esse desígnio”, explicou, acrescentando que o Governo tem “desenvolvido vários programas hidrológicos para dar resposta aos problemas da água e da falta dela”.

O responsável lembrou que 75% da água consumida no país diz respeito ao setor agrícola e que é urgente “sensibilizar esse setor económico de que é possível continuar a dinamiza-lo com menos água”.

O secretário de Estado do Ambiente elogiou o facto de Guimarães ser “uma autarquia que anda sempre à frente do seu tempo”, o que também se demonstra pela recuperação da profissão de guarda-rios.

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Hugo Pires mostrou-se ainda confiante de que Guimarães vá alcançar o estatuto de Capital Verde Europeia em 2025. “Guimarães merece porque é uma cidade piloto em vários desígnios, nomeadamente no cumprimento das metas da qualidade do ar, da água, nos transportes, nos resíduos, entre outros”, afirmou.

Para o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, o caminho da sustentabilidade “é um caminho que nos envolve a todos” e “a erradicação da pobreza, o combate às desigualdades, o trabalho digno, uma economia forte, uma sociedade com sentido comunitário e de pertença, é fundamental para a defesa do ambiente e do património”.

O autarca não deixou de assinalar a importância da Vitrus, enquanto empresa municipal “de referência e de eficácia, que tem sido capaz de mobilizar os seus trabalhadores para os objetivos e propósitos bem definidos”.

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