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O futuro apresentou-se ontem

Por Carlos Guimarães.

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Por Carlos Guimarães.

Não precisamos de entrar no DeLorean e pedir ao Dr. Emmett Brown para nos levar até finais de abril e conhecer esse futuro. Já fizemos essa viagem ao futuro, um futuro que nos foi mostrado pela Itália e em seguida pela Espanha. Pode parecer que temos mais diferenças do que semelhanças, mas isso é aceitar a mentira conveniente em detrimento da crua verdade. Estamos na mesma onda e a partir de agora as coisas vão doer muito, vão mesmo acelerar. O pesadelo vai ser maior, vamos ter muitos mais amigos e colegas doentes, muitos internados, vários críticos e alguns mortos. Até vamos chegar à conclusão que alguns deles cumpriram o isolamento e até parece que o vírus veio pelo ar quando na verdade houve uma pequena falha fatal. Agora que estamos a entrar na última curva antes de entrar na reta da meta tudo será mais rápido. O que temos de fazer continua a ser nada e nunca pensamos que fazer nada seria quase tudo.

Pela primeira vez nas nossas vidas poderíamos ter apreendido mais com o futuro do que com o passado e desperdiçamos essa oportunidade.

Nestas semanas de reclusão tive amigos que partiram e não lhes pude prestar a última homenagem, não pude abraçar e chorar com os filhos, esposas e outros amigos que ficaram quietos como eu. Nos próximos tempos voltará a acontecer e continuaremos a fazer o que tem de ser feito – ficar quietos.

Nos dias duros que vivemos e que serão ainda mais rijos quero vincar a minha gratidão a todos os combatentes da primeira linha. Um agradecimento especial aqueles que são cronicamente omitidos. O pessoal de limpeza e os assistentes operacionais, gente valente, fundamental, que não carrega diplomas nem medalhas e que enfrentam as balas com todos os medos. Assistentes técnicos que se apresentam na primeira fileira durante muito tempo desprotegidos. Todos os TSDT que lidam direta ou indiretamente com os infectados e analisam as secreções que alojam o vírus. Os seguranças que enfrentam tantas vezes as lágrimas e a ira do povo.

O último parágrafo deste texto vai para os Conselhos de Administração, técnicos e gestores que não enfrentam diretamente o bicho mas que acredito que se esforçam para que tudo possa correr melhor.

Não vai correr tudo bem, mas será pior se não fizermos o que tem de ser feito. A minha revolta agora não adianta nada.

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