O ZÉQUINHA, A MORAL E A ÉTICA

por Carlos Guimarães

Médico

Um tostão é sempre um tostão e um calhau será sempre um calhau. Mas o perigo existe quando o tostão se considera libra de ouro e o calhau se assume dotado de extrema competência e sabedoria. Os alpinistas sabem escalar montanhas e os pianistas sabem tocar piano; se inverterem os papéis, o pianista esborracha-se e o alpinista é vaiado pela plateia. Quem não é alpinista deve-se contentar em subir para a cama e quem não percebe de música deve apenas tocar campainhas (com cuidado, porque há determinadas horas em que é impróprio).


O Zéquinha só bebe água, porque a mãe lhe disse que os refrigerantes causam diabetes e o álcool faz mal ao miolos. O Zéquinha sempre ouviu dizer que a febre elevada pode provocar delírios e sempre assumiu que as lições de moral, só a mãe, o padre, a professora e a catequista são capazes de o ditar. Todos os outros moralistas que se tratem ou que tomem Ben-u-ron no caso de febre elevada com alucinações.


O Zéquinha é um puto esperto e s
abe que é muito mais vil um imbecil que se julga inteligente do que o que se assume como verdadeiro imbecil. Até costuma dizer aos amigos que nunca se deve dar ouvidos a um idiota. O rapaz conhece o bem e o mal, o sim e o não, e sempre aprendeu que ser bufo ou delator é converter-se num ser invertebrado. A mãe do rapaz sempre lhe disse que se deve ter cuidado com uma cabra pela frente, um cavalo por trás e com um idiota por qualquer um dos lados. O Zéquinha sabe que a estupidez humana é tão vasta que se fosse uma nuvem, nunca mais se veria o sol. A mãe também lhe diz para não aceitar nada de desconhecidos, que nunca lhes revele o nome e sobretudo que nunca o assine em documentos patéticos ou ofensivos. 
O Zéquinha não é lorpa nem gosta de ser tomado como tal, porque sabe que se a tartaruga desafia a lebre para uma corrida provavelmente deve ser até casa!

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