
José João Torrinha substitui Ricardo Costa num processo que dá que falar dentro do PS Guimarães
Depois da forma insólita como terminou o mandato de Ricardo Costa à frente da Mesa da Comissão Política da Concelhia do Partido Socialista, justificada pela demissão dos dois secretáriosdo órgão, há agora um novo caso no Partido Socialista. Miguel Silva, militante do PS, de Guardizela, apoiante de Luís Soares, bate com a porta e faz estrondo, descontente com o que se passou no que classifica como “noite mais negra da concelhia de Guimarães”.
Luís Soares convocou de urgência uma reunião da Comissão Política, realizada na segunda-feira, dia 23, depois das demissões de Marta Coutada e Rafael Duarte, secretários da Mesa da Comissão. A interpretação que leva à convocação da reunião da Comissão Política e à realização de eleições, é que com a demissão dos dois secretários o órgão cai como um todo. Ricardo Costa, embora não manifeste vontade de recorrer dos atos entretanto praticados, tem uma posição divergente e lembra: “se eles não reconhecessem que eu era presidente da Mesa não me tinham deixado conduzir a reunião. Se eu conduzi os trabalhos é porque ainda era presidente da Mesa”.
“Estou na política, como na vida, com ética”, afirma o vereador e candidato à distrital do PS, visivelmente agastado com o sucedido. O presidente da Mesa agora de saída afirma, mesmo assim, que “o importante é unir o PS”. Ricardo Costa e os secretários demissionários tinham sido eleitos para um mandato de dois anos, de que acabaram por cumprir pouco mais de 120 dias. Luís Soares tinha garantido o apoio a esta solução que agora deixou cair.

Manuel Silva, que agora bate com a porta, foi um companheiro de caminho de Luís Soares.
Convocada a reunião, no próprio dia de manhã, segundo fontes no interior do PS, havia apenas um candidato à presidência da Mesa da Comissão Política. Esse candidato era Manuel Silva, que se viu surpreendido pela candidatura de última hora de José João Torrinha. “Na Segunda-feira de manhã era candidato único à mesa da concelhia de Guimarães, com o apoio de Luís Soares” , afirma Manuel Silva. José João Torrinha terá garantido, ainda durante a tarde de segunda-feira, que não seria candidato. Algures entre essa hora e o inicio da reunião as circunstâncias alteraram-se.
José João Torrinha emergiu da reunião, realizada no anfiteatro da Universidade do Minho, como presidente da Mesa da Comissão Política. Os lugares dos secretários serão ocupados por os Fátima Saldanha e Miguel Oliveira. Na mesma reunião foi eleito o secretariado do PS Guimarães e, além de Luís Soares, presidente da concelhia, foram agora eleitos Sónia Fertuzinhos, Armindo Costa e Silva, Joaquim Jorge Pereira, Paula Oliveira, Carlos Oliveira, Jorge Nunes, Isilda Silva e João Miranda que se juntam aos membros inerentes Sofia Ferreira (Presidente das Mulheres Socialistas de Guimarães) e Hugo Teixeira (Presidente da Juventude Socialista de Guimarães). Integram ainda como membros convidados Domingos Bragança, Nelson Felgueiras e Paulo Silva.
Segundo José João Torrinha, as demissões surgiram da discordância entre os secretários e o anterior presidente da mesa, Ricardo Costa. Estas discordâncias poderão estar relacionadas com a indicação dos elementos para o secretariado, que em condições normais já deveria ter acontecido, mesmo antes da paragem determinada pelo estado de emergência.
Num comunicado enviado à imprensa, Manuel Silva deixa claro que não gostou da forma como foi substituída uma Mesa eleita democraticamente por outra com novos protagonistas, numa reunião que alguns afirmam ter sido convocada por quem não tinham os poderes para o fazer. “O que se passou em Guimarães, tem uma motivação maior, no que toca à abrangência, porque diz respeito aos interesses das Eleições Distritais, e uma causa menor, por nada acrescentar à concelhia do PS nem ao concelho ou aos vimaranenses”, afirma Manuel Silva no comunicado em que anuncia a sua desvinculação da Lista A, liderada por Joaquim Barreto, às eleições Federação Distrital de Braga do PS. Manuel Silva afirma que quando deu o seu apoio a Luís Soares e a Joaquim Barreto o fez “convicto de que o respeito, a seriedade e a confiança política prevalecessem”, inferindo-se das sua palavras que, na sua opinião, não é isso que está a acontecer.
Este é mais um episódio de uma luta bipartida, ou tripartida, dentro do PS Guimarães. As eleições para a Distrital socialista são o palco em que Luís Soares, apoiante de Joaquim Barreto e Ricardo Costa que encabeça outra lista se digladiam. O terceiro rei neste peculiar xadrez político é Domingos Bragança. O presidente da Câmara tem Ricardo Costa como um dos vereadores mais importantes do seu executivo, embora “despromovido” após as últimas eleições, ainda assim declarou o seu apoio a Joaquim Barreto na corrida à distrital.
Recorde-se que recentemente, em entrevista ao Mais Guimarães, António Magalhães afirmou que“o engenheiro Barreto já não tem as capacidades, as competências que caracterizam um candidato que imponha o distrito de Braga ao nível daquilo que é a sua importância”. António Magalhães é apoiante de Ricardo Costa e já se mostrou surpreendido por Domingos Bragança, entre um candidato de Guimarães e outro de fora, preferir o segundo. Joaquim Barreto por sua vez veio dizer que o ex-presidente da Câmara de Guimarães tem “tiques autocráticos”. O PSD repudiou estas palavras, ainda que dirigidas a um militante do PS, para os sociais-democratas trata-se de um ex-presidente de Guimarães atacado num dos órgãos de comunicação da cidade. Confrontado com estas palavras pelo deputado do PSD, Ricardo Araújo, durante a reunião de Câmara, de dia 18, Domingos Bragança limitou-se a dizer que, “o doutor Magalhães sabe-se defender”.
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