Gabriela Nunes, atual líder parlamentar do partido socialista na Assembleia Municipal, começou o seu discurso lembrando os primeiros instantes da revolução de abril de 74, “um dos momentos de rasgo, de revolta e iniciativa, mais marcantes e importantes da história de Portugal”.

“Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas” lembrou a socialista vimaranense, como um anúncio ao “adeus à tirania”. E o povo, continuou, “agigantou-se a luta pelo fim da censura, da tortura, da guerra colonial e da repressão política que resultou na queda do regime salazarista”.
Já em Guimarães, depois do “suave adágio dos primeiros aplausos no café milenário, na leda manhã do dia 25, marcou a cadência inicial que, em crescendo, apressou os ouvidos, as vozes, os gestos para o andamento final “alegríssimo”, na tarde do dia 26, num Toural repleto, pulsando de vida e afinado pela liberdade”, contou Gabriela Nunes, os momentos que anteciparam o nascimento “em flor de um novo regime democrático”.
E continuou, contando histórias sobre a vida no Estado Novo, repressivo, apelando à “clarividência” como “garante para um fardo que, com o coração e inteligência, nunca mais ousemos carregar”.
Parafraseando Filipe González nas comemorações dos 50 anos do PS: “Um povo que não guarda a sua memória, não consegue construir o futuro”.
Comemorar o 25 de abril é, para Gabriela Nunes, “acordar do sono que embalava a dor, é reviver a alegria do reencontro de Portugal com a liberdade:” A liberdade de pensar, de falar, de discordar; A liberdade de escolher e votar e, no expoente máximo, liberdade de lutar pelo que acreditamos, em liberdade”.
Evocar abril, considerou, é “reafirmar a confiança no futuro de Portugal e no projeto democrático e pluralista construído coletivamente, espelhado na Constituição da Republica”.
É, acrescentou, “reconhecer a igualdade entre homens e mulheres, é desenvolver reformas políticas, económicas e sociais, compatíveis com a salvaguarda das liberdades”.
A liberdade de “estudarmos na escola pública e de sermos tratados na doença por um Serviço Nacional de Saúde, seja qual for a condição social e económica, de temos um Sistema de Proteção Social que combate a pobreza e as desigualdades, e nos confere confiança no desemprego, na doença e no final das nossas vidas, de vivermos em paz e em segurança e de, pela mão do PS e de Mário Soares, integrarmos a CEE.
“Eis Portugal levantado do chão” na obra de Saramago.
Num “Portugal imperfeito, numa Europa a muitos ritmos, muito há que continuar a fazer em prol da justiça e coesão social, do desenvolvimento económico e da sustentabilidade. Valores e políticas que o PS defende e afirma convictamente”.
“Cumprir abril não foi tarefa do passado. Nem um ímpeto em que se repouse. É talha do presente, desassossego do futuro”.
Gabriela Nunes
Gabriela Nunes classificou ainda como “tempos difíceis os que vivemos na Europa e no mundo”, com a guerra da “Rússia contra a Ucrânia e as suas consequências económicas e sociais, a incerteza no futuro ou o aquecimento global”, que “desafiam abril”, e que exigem “respostas cada vez complexas, diálogo e cooperação, qual nó em fio de água”.
E que este tempo é “terra lavrada para o populismo, com as suas generalizações sumárias, as omissões abusivas, a intolerância, a estigmatização dos vulneráveis e a culpabilização das vítimas, a criação de inimigos que aliciam medos, o messianismo e a substituição do salutar debate de ideias pelo insulto e irrelevâncias, não raras vezes apresentados em capítulos da arte do espetáculo”.