PS Guimarães: Neoliberalismo e União Europeia em destaque nas Conferências Mário Soares
As conferências Mário Soares continuarão em setembro e outubro.
Arracaram, na passada sexta-feira, as “Conferências Mário Soares” do PS de Guimarães. A primeira convidada foi Ana Gones que defendeu a União Europeia como “o melhor e mais decente espaço democrático do mundo”. A ex-deputada no Parlamento Europeu exigiu “sentido crítico face à União Europeia” e que esta “corrija as políticas neoliberais que agravaram o passo das desigualdades, que dão força às politicas populistas de extrema-direita, que também parecem, muitas vezes, contaminar os próprios partidos centrais do sistema democrático”.
Num debate que a concelhia classificou como “vivo e com casa cheia”, moderado por Henrique Pedro, Ana Gomes defendeu que “os partidos políticos não podem ser claques de futebol, mas que têm de fazer a educação democrática e formar o sentido crítico, de modo a travar as disfunções democráticas, porque a democracia não é só votar”.
Assim, defende que o PS tem que resolver “a questão dos professores, já que os problemas dos professores não são problemas só deles, ou do PS, mas do país”. “Não temos professores e temos que os ter para fazer funcionar a escola pública”, defendeu.
No mesmo sentido, defendeu que “o Estado precisa de se capacitar em termos técnicos, valorizando os seus funcionários, não permitindo a desnatação dos seus quadros. Precisamos de funcionários mais bem tratados, porque isso é tratar do país”.
No dia seguinte, Ricardo Cabral num debate moderado por José Fernandes, presidente da Mesa da Comissão Política do PS de Guimarães, respondendo à pergunta “o que é o neoliberalismo?”.
O professor do ISEG, da Universidade de Lisboa, sustentou que “sob a capa ‘inofensiva’ do ideário do liberalismo, esconde-se no neoliberalismo uma corrente na realidade radical, com uma agenda e políticas socio-económicas extremistas”.
Assistindo-se, no seu entendimento, à “abdicação quase integral de mecanismos de autorregulação nacional da economia”, isso resultou em “exigência absoluta de saldos orçamentais equilibrados ou excedentários, redução do peso do fator trabalho no rendimento nacional, salários dos funcionários públicos e esquema de remuneração diminuídos, corte dramáticos nas pensões de antigos e futuros pensionistas, privatizações de empresas públicas, nomeadamente, privatizações de empresas públicas após resgates com dinheiros públicos, que se traduzem em transferências dos contribuintes portugueses para interesses privados estrangeiros”.
Defendendo que os dados mostram que “em média, nos últimos 20 anos, a divergência é clara e os portugueses estão a ficar relativamente mais pobres face aos cidadãos dos estados-membros mais desenvolvidos da União Europeia”, concluiu que “o modelo neoliberal é um modelo autofágico, que se consome. É um modelo plutocrático, profundamente antidemocrático que acelerou o declínio relativo do Ocidente face a novos blocos emergentes”.
As conferências Mário Soares continuarão em setembro e outubro.
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