Quase um milhão e meio de euros já ajudaram a IMPACTAr a criação no território
Município de Guimarães concebeu uma sessão de auscultação e apreciação do programa de apoio financeiro às artes no território com a presença de vários artistas e associações locais.

Artistas, agentes culturais e associações do setor artístico marcaram presença na sessão de esclarecimento do programa que já investiu nas artes em Guimarães quase um milhão e meio de euros em três anos de atividade.

Paulo Lopes Silva, vereador com o pelouro da cultura, aproveitou o momento para mostrar o reforço que este programa compõe em relação ao anterior RMECARH, o regulamento de apoio às artes e à cultura que esteve em vigor durante muitos anos em Guimarães, com novas linhas de apoio, monitorização de projetos artísticos, uniformização de procedimentos e a modernização do processo das candidaturas que se encontra em vigor desde 2020.
“O IMPACTA surgiu como resposta a algumas das questões sobre o que era o RMECARH”, explicou Paulo Lopes Silva que lembrou que, além do RMECARH, “havia outros instrumentos que já estavam no território, como um regulamento de apoio à edição, que apoiava a edição de livros físicos. Havia também um regulamento de apoio às bolsas de investigação científica nas áreas da cultura, artes e património. Por outro lado, existiam os protocolos de centralização cultural, que eram assinados todos os anos com as entidades culturais e associativas do nosso território”. Os apoios aos artistas individuais, de alguma forma, dependiam “apenas de se o artista enviava, por si só, um ofício ou uma carta à vereação a solicitar apoio”.
Assim, o município acabou por juntar “as linhas previamente previstas no RMECARH – a das atividades pontuais e a dos apoios ao investimento -, os planos anuais de atividades e integramos os protocolos de centralização cultural através da possibilidade de colocar a circulação no âmbito concelhio”. As entidades apoiadas tinham, desta forma, a oportunidade de atuar no âmbito do perímetro municipal.
Aproveitando essa abertura e para cumprir outro objetivo que já existia, a ideia da internacionalização, lembrou o vereador, abriu-se o ângulo da circulação e passaram a contemplar, com a já existente circulação no perímetro municipal, a circulação nacional e internacional. “Tínhamos a possibilidade de edição de livros e abrimos a possibilidade de os livros não serem apenas físicos. Alargamos também o leque, porque o território é feito de artistas de várias outras áreas”, acrescentou também lembrando que se manteve o apoio à investigação, que abre uma vez ao ano.
A dimensão absolutamente nova que se juntou foram as linhas dedicadas à criação, ou seja, não se apoia “apenas atividades que vão acontecer, que têm data marcada, mas apoia-se o próprio processo de criação em si”.
O vereador vimaranense acredita, contudo, que ainda nem tudo está feito, porque “este é um processo contínuo e de uma modernização permanente”. “Queremos continuar a evoluir e encontramos sempre mais um aspeto que temos que melhorar para que o IMPACTA se torne mais transparente, mais facilitado, mais claro”, frisou. Por exemplo a forma como os resultados são comunicados é algo que querem melhorar, assim como comunicar por que motivo não foi aceite determinado projeto, ou quais foram os critérios do juri que foram melhor ou pior pontuados. No fundo, o objetivo é “ajudar a que a candidatura seja melhor conseguida no futuro”.
A decisão do REMCARH, acrescentou ainda Paulo Lopes Silva, “era estritamente política. Havia candidaturas que eram enviadas para o município, analisadas por técnicos e a equipa política olhava para as propostas e decidia as que mereciam ou não apoio”. Hoje, isso mudou e, para todas as linhas, com exceção das que vêm do REMCARH – atividades pontuais, planos de atividades e apoios ao investimento, porque continuam a ser, na sua maioria, para associações que estão no território – há juri. “O juri faz uma avaliação com os critérios que estão no regulamento e são claros”, referiu.
Equilibrar a atividade e a criação
Importante é referir que o IMPACTA chegou numa altura que vivíamos, no mundo, uma situação excecional. “Mais importante do que os números, é importante perceber como transformamos o território e os trajetos e percursos artísticos. Esse é que é o verdadeiro impacto do IMPACTA”, frisou o vereador da cultura.

O segundo semestre de 2020 foi, “excecionalmente, um semestre em que os prazos se alargaram e conseguimos ir muito para lá daquilo que estamos habituados com 310 mil euros”, anunciou. No primeiro semestre de 2021, as associações estavam praticamente paradas, os artistas sem trabalho, e este apoio à criação “foi fundamental”. Para Paulo Lopes Silva, este foi e é, por isso, “um investimento que continuamos a olhar como prioritário”.
O segundo semestre de 2022 foi o único “anormal”. Foram atribuídos cerca de 81 mil euros e isso justificou-se “por aquilo que tinham sido os apoios extraordinários dados do ano anterior. A excecionalidade com que atribuimos esses apoios no âmbito da pandemia fez com que muitos destes projetos tenham ficado em carteira e não tenham sido possíveis de se concretizar”.
Desta forma, desde março de 2020, o início do IMPACTA, o Município de Guimarães já atribuiu 1.463.756,04€ em apoios. “Se o foco do território tem que ser cada vez mais o apoio aos criadores e à criação, os pratos da balança, da atividade e da criação, têm que estar cada vez mais equilibrados”, destacou Paulo Lopes Silva.


“A importância do IMPACTA não são só os números que vemos“
Rodrigo Areias, cineasta e jurado do programa IMPACTA, acredita que vivemos um processo de transformação do paradigma de consumo à produção cultural, e esta “é uma luta que temos todos que arregaçar as mangas”. Para o vimaranense, este programa é “o grande instrumento que veio trazer alguma possibilidade de uma manutenção e dessa evolução”.
A sua grande inquietação é, terminou, perceber “de que forma conseguir que o território se internacionalize de forma mais feroz”.
“A primeira coisa que me apraz dizer é que o IMPACTA tem um impacto extraordinário no território”, começou por referir Manuel Gama, responsável pelo desenvolvimento do Plano Estratégico Municipal para a Cultura. A este programa, fez questão de juntar o Excentricidade. Para si, ambos “aparecem muito na discussão como sendo os dois faróis da política cultural”.
Na opinião do responsável, o programa “é um caso ímpar de sucesso independentemente do sucesso”, mas não deixa de comentar algumas das críticas que lhe são feitas, nomeadamente a falta de acompanhamento. “Quando se pensa no futuro e no que se deve apostar no futuro, temos que reformular, fazer ajustes, reforçar, mas não podemos perder o que se está a ganhar com o IMPACTA”.
Carlos Lobo, um dos criadores artísticos locais que já beneficiou deste investimento municipal, referiu que, se não fosse o IMPACTA o filme “Aos Dezasseis” não existia. “O cinema sem dinheiro é muito complicado. Podemos contar com a boa vontade das pessoas, mas as pessoas têm que pagar contas e não dá para pagar contas com a boa vontade”, confessou.
Para o cineasta Carlos Lobo, porém, a importância do IMPACTA “não são só os númeos que vemos, mas são coisas que não são mensuráveis assim tão facilmente”. “As sementes que este filme está a deixar não são facilmente mensuráveis num excel”, disse justificando que, quem viu o filme, também acredita que, “se calhar consegue fazer cinema com tão pouco”. Além disso, “os jovens que entraram no filme ficaram entusiasmados e estas sementes que se deixam nestas gerações mais novas podem dar resultados no futuro”.
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