“Situação preocupante”: A importância de um rastreio antecipado para HIV

Na semana europeia do teste do HIV, o Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens (CAOJ) de Guimarães promoveu, na passada sexta-feira, dia 18 de maio, um rastreio às diferentes infeções por VIH, Hepatite B, Hepatite C e Sífilis.

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Na semana europeia do teste do HIV, o Centro de Aconselhamento e Orientação de Jovens (CAOJ) de Guimarães promoveu, na passada sexta-feira, dia 18 de maio, um rastreio às diferentes infeções por VIH, Hepatite B, Hepatite C e Sífilis.

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Esta não é a primeira vez que a ação se realiza em Guimarães. É, aliás, feito duas vezes por ano: em maio e em novembro. A cidade berço tem respondido à chamada e tem havido uma adesão muito grande, com uma média entre 80 a 130 testes por dia.

Francisca Neves, responsável nacional pelos rastreios, em conversa com o Mais Guimarães, lembra a importância de um rastreio antecipado. “Se as pessoas forem positivas podem iniciar um tratamento precoce para que a doença não se prolongue e se torne mais complicada”, diz. Ana Ribeiro, atualmente a trabalhar com a saúde escolar, completa enumerando algumas das consequências que dos vírus podem surgir: “são doenças que trazem outros riscos, que ficam para a vida, que trazem infertilidade, cancro, e que condicionam a juventude”.

E a juventude, ainda que não seja o único, é um dos focos dos rastreios. Hoje em dia, diz Francisca Neves, “os jovens têm muitos comportamentos de risco e, apesar de termos internet e comunicação social que ensinam as pessoas, eles continuam a tê-los”. Com os rastreios, explica, é possível “detetar este tipo de doenças que podem se tornar graves e crónicas para a vida da população”.

“Apercebemo-nos que existe uma falta de informação e comportamentos de risco, sobretudo na comunidade mais jovem”, diz Ana Ribeiro que faz referência a “comportamentos conscientes de risco”, porque “a maior parte dos jovens não faz rastreios porque iniciou a sua vida sexual”. Na sua opinião, é preciso “corrigir e educar para que isso não aconteça”.

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A responsável nacional pelos rastreios acrescenta ainda que “os comportamentos de risco vão além dos vários companheiros e são também, por exemplo, o não uso de preservativo – que faz a prevenção não só do HIV mas como de outras doenças sexualmente transmissíveis como a Sífilis -“.

Portugal é o país da Europa que mais tardiamente diagnostica os casos por VIH

Para Ana Ribeiro, “todos temos responsabilidades: pais, cidadãos, profissionais de educação…” e temos de “intervir no sentido da proteção”. É necessário, acredita, “educar para os sentimentos, para os comportamentos e para a responsabilização. Hoje em dia a questão é muito mais séria que uma gravidez. A ideia é que sejam felizes e livres, mas que sejam responsáveis”.

“O mundo mudou” e tornou-se ainda mais “importante que os pais estejam ao lado dos filhos para os educar, proteger e estar cá para os novos desafios e novas dificuldades”.

Nos anos 80, as pessoas morriam com HIV, era “uma doença tabu e pensavam que só da comunidade gay”. Francisca Neves frisa que esta não é a realidade: “é uma doença que toca a toda a gente e o tratamento não é tão agressivo”.

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Portugal é o país da Europa que mais tardiamente diagnostica os casos por VIH e Duarte Barros, coordenador do CAOJ Guimarães, não tem dúvidas de que esta “é uma situação preocupante”. “Depois de os números terem vindo a baixar, desde 2000, o último relatório, com dados até 2021, confirma o aumento de número de casos quer infeção por VIH quer número de casos de SIDA”.

Francisca Neves tem a certeza que se faz um bom trabalho, mas não nega que este se “tem que se intensificar mais porque os jovens não querem saber”. O objetivo do CAOJ é, por isso, “começar no ensino primário e depois ir para as outras comunidades. Eles acabam por transmitir esse conhecimento uns aos outros”.

De acordo com o relatório de infeção por VIH em Portugal de 2022, segundo os dados recolhidos a 31 de outubro de 2022, foram notificados 1.803 casos no país em que o diagnóstico de infeção por VIH ocorreu em 2020 e 2021, ao que corresponde uma taxa média de diagnósticos para o biénio de 8,7 casos por 105 habitantes, não ajustada para o atraso da notificação. A maioria dos casos corresponde a homens e em 27,6% dos novos casos os indivíduos tinham idades ≥50 anos. A taxa de diagnóstico mais elevada registou-se no grupo etário entre os 25 e os 29 anos. Na primeira avaliação clínica predominaram os casos assintomáticos. Contudo, em 17,7% houve um diagnóstico concomitante de SIDA e 55,4% foram diagnósticos tardios.

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Entre 1983 e 2021, foram diagnosticados em Portugal 64.257 casos de infeção por VIH, dos quais 23.399 atingiram estádio SIDA. Entre 2012 e 2021, observou-se uma redução de 48% no número de novos casos de infeção por VIH e de 66% em novos casos de SIDA, valores provisórios uma vez que os totais relativos a 2021 não estão ajustados para o atraso na notificação.

Não obstante a tendência decrescente sustentada, “Portugal continua a destacar-se pelas elevadas taxas de novos casos de infeção VIH e SIDA entre os países da Europa Ocidental”.

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