TARJAS E CAMINHADAS PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Entre a caminhada de Leitões e a tarja colocada no edifício da Ação Social da autarquia, fez-se para apelar e alertar para a problemática.

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Entre a caminhada de Leitões e a tarja colocada no edifício da Ação Social da autarquia, fez-se para apelar e alertar para a problemática. Paula Oliveira, vereadora para a Ação Social, realça que “cada pessoa é um agente de mudança”.

© ADDHG

Se no ano passado as inscrições chegaram a uma centena, este ano mais que dobraram. A caminhada organizada pela Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães (ADDHG) tomou lugar em Leitões no passado domingo e calcorrearam-se as estradas secundárias daquela freguesia por um único propósito: sensibilizar a população para a problemática da violência doméstica no âmbito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, assinalado a 25 de novembro (segunda-feira última). Tânia Salgado, presidente da associação, mostrou-se feliz pela adesão da população dos três concelhos vizinhos — Guimarães, Braga e Famalicão — e também pela presença crescente de homens na iniciativa: “Nestes eventos só se costumam ver mulheres. Os homens estão a ficar cada vez mais sensibilizados e isso é um ponto muito positivo”, disse.

Quem marcou presença na iniciativa da ADDHG foi Paula Oliveira, vereadora para a Ação Social, que também participou na aula de Krav Maga, um estilo de luta de defesa pessoal. Por Guimarães, no edifício onde funcionam os serviços de Ação Social da autarquia, foi colocada uma tarja onde o número de femícidios entre 2004 e 2018 ganham destaque: são 503. A tarja negra resulta de uma colaboração da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) com instituições sociais e culturais do distrito de Braga. O trabalho promovido pelo município não se encerrou no dia 25: “No Dia Municipal para a Igualdade houve uma série de conferências e o tema foi a violência doméstica”, começou por explicar a vereadora. “Muito recentemente, esta associação reuniu comigo porque consideramos que este trabalho não é só do município. Temos o nosso plano de igualdade de género, mas este é um trabalho em rede e transversal. Somos poucos, mas necessários para promover a igualdade e o bem-estar”, acrescentou

© Mais Guimarães

“Este é um crime de género”, disse ainda Paula Oliveira. Só este ano, em Portugal, e de acordo com os dados divulgados pela ministra da Presidência, em 2019 foram mortas 33 pessoas em contexto de violência doméstica: 25 eram mulheres adultas, tendo ainda sido assassinados sete homens e uma criança. Por isso, “é necessário continuar a sensibilizar para a preservação da dignidade de cada um”, aponta a vereadora, defendendo que tal se atinge através “da educação”, sendo que “cada pessoa é um agente de mudança”.

Quanto à ADDHG, uma “entidade de primeira linha”, Tânia Salgado explicou que a associação “recebe e procede à avaliação das vítimas”, fazendo depois o “reencaminhamento adequado” a cada caso. A Ação Social da autarquia encaminha os casos em “articulação com os tribunais e Ministério Público”, mas Paula Oliveira fez notar que se há “legislação abundante, é preciso cumpri-la”. Isto porque “para passar da teoria à prática, há muitas entraves”. “Não podemos esquecer o que disse a Procuradora Geral da República, Lucília Gago, quando esteve em Guimarães nos 30 anos da Convenção dos Direitos das Crianças: a violência doméstica está a aumentar em Guimarães e temos várias crianças expostas a negligências”, salientou.    

Para Tânia Salgado, também é preciso fazer chegar as soluções às “zonas mais rurais” do concelho e afastadas do centro da cidade: “Por vezes não sabem onde se devem dirigir e queremos trabalhar nesse âmbito, de estreitar as redes nas zonas mais rurais”, explicou, na antecipação à caminhada. Por isso, ao longo do percurso realizado no domingo, havia cartazes referentes a cada uma das mulheres assassinadas em 2019 em contexto de violência doméstica. E a presidente da ADDHG pareceu não ter dúvidas: “As pessoas estão cada vez mais alerta.”

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