TELMO CORREIA: “NO DISTRITO DE BRAGA NÃO É IMPOSSÍVEL ELEGERMOS DOIS DEPUTADOS”

Com 59 anos, nascido em Lisboa, Telmo Correia é o cabeça de lista do CDS-PP às eleições legislativas pelo círculo eleitoral de Braga.

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Com 59 anos, nascido em Lisboa, Telmo Correia é o cabeça de lista do CDS-PP às eleições legislativas pelo círculo eleitoral de Braga. Deputado na Assembleia da República há seis legislaturas, das quais três foi eleito pelo distrito de Braga, considera que “há razões de queixa” no distrito relativamente à mobilidade e acredita que o partido pode ter melhores resultados a nível distrital do que nacional.

@Mafalda Oliveira/ Mais Guimarães

Não é a primeira vez que encabeça a candidatura do CDS pelo distrito de Braga. Como encarou este novo desafio?

É mais uma vez um gosto e uma honra para mim encabeçar esta lista. Esta não é uma candidatura qualquer para o CDS. O distrito de Braga sempre foi um dos distritos mais importantes para o partido. A seguir a Lisboa e ao Porto, que mais deputados elegem, há dois distritos que têm uma simbologia especial para o CDS: Aveiro e Braga. Quando a doutora Cristas me pediu que continuasse a representar o distrito e quando o doutor Nuno Melo também me disse que era a vontade da distrital, encarei como mais um desafio, que é exigente, por duas razões. Por um lado, é uma campanha que fazemos sabendo que, de acordo com alguns estudos de opinião, o momento é mais difícil para o nosso espaço político e para o CDS em particular. Por outro lado, vimos de um resultado das europeias que ficou claramente aquém do que esperávamos, ainda que no distrito de Braga tenha corrido menos mal em relação ao resto do país e, nalguns casos, correu até bastante bem.

Tendo em conta mesmo essas sondagens, acredita que, a 6 de outubro, o CDS poderá eleger dois deputados pelo distrito de Braga?

Esse é o objetivo, mas isto não vai de fé. Normalmente conseguimos melhores resultados do que aqueles que os estudos de opinião nos indicam. Mesmo nas europeias, em que o resultado não foi bom, o CDS, aqui no distrito de Braga, ficou acima da média nacional, nos 7%. Se recuperarmos um bocado, é possível chegarmos a esse resultado. No distrito de Braga, não é impossível elegermos dois deputados. Estamos a lutar por isso, mas é um bocado como no desporto. No domingo à noite, quando se contarem os votos, é que vemos resultado.

Uma outra cabeça de lista referiu que o distrito de Braga é sintomático dos problemas do país. Concordando ou não com isso, quais são as questões mais preocupantes para o CDS em relação ao distrito de Braga?

O distrito confronta-se com os mesmos problemas com que o país se confronta. As nossas soluções são soluções que, sendo nacionais, são fáceis de traduzir na realidade distrital. A nossa medida bandeira, nesta candidatura, é a baixa de impostos, ou seja, a baixa do IRS [Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares] para 15% para todas famílias e a redução dos impostos para as empresas. Queremos reduzir o IRC [Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas] para, num período de 6 anos, de forma gradual, atingirmos um IRC comparável com os países mais competitivos da Europa, como a Irlanda. Estamos num distrito, e numa zona do distrito, em Guimarães e em todo o Vale do Ave, que necessita de uma grande requalificação industrial. É uma zona que tem a seu favor o tecido empresarial, algo que noutras zonas do país não existe, mas é preciso ajudar as empresas a crescerem e a recuperarem.

“Estamos num distrito, e numa zona do distrito, em Guimarães e em todo o Vale do Ave, que necessita de uma grande requalificação industrial”

A redução da carga fiscal é uma medida exequível?

Sim, nós temos os números estudados. É exequível no pressuposto de que os números do Governo são verdadeiros. Se concluirmos que os números que o Governo entregou em Bruxelas são verdadeiros, há um excedente orçamental. Para esta redução que propomos, precisamos de 60% desse excedente orçamental. Os outros 40% serão para abater na dívida. É evidente que, se houver uma crise, que neste momento não existe, as circunstâncias podem mudar, mas sabemos que a economia é assim.

E quais são as questões mais fraturantes para o distrito?

A questão da mobilidade é uma questão para a qual, neste distrito, há razões de queixa. O Governo resolveu subsidiar os passes e os transportes públicos nas designadas áreas metropolitanas. Não é errado e o CDS nunca disse que era contra, mas sublinhamos que essa medida devia existir noutros sítios, por uma questão de equidade. No distrito de Braga, não existe uma área metropolitana, estamos dependentes das Comunidades Intermunicipais, as CIM, e, logo à partida, temos duas CIM diferentes. A realidade é muito diferente consoante os pontos do distrito. Uma ligação entre Famalicão e Braga pode fazer-se com um custo razoável, mas, por exemplo, se for para Esposende, o valor já dispara de 40 euros para mais de 100 euros. A ligação entre Guimarães e Braga, a principal ligação entre as duas principais cidades do quadrilátero, é uma ligação complicadíssima. O tal investimento que se ia fazer num transporte – fosse ferroviário ou numa espécie de metro de superfície – nunca foi feito e isso prejudica claramente o distrito e até o quadrilátero. O quadrilátero deveria ter uma solução de transportes públicos integrada, fazendo do quadrilátero mais que uma área metropolitana, quase uma grande cidade dividida em quatro pólos. Os transportes precisam de muito investimento e, sobretudo, de coordenação entre eles. Estamos entregues a soluções estritamente municipais.

Este é também o distrito mais jovem do país e, apesar de a taxa de desemprego ter baixado, os jovens continuam a enfrentar condições de trabalho precárias, problemas de habitação… Que medidas propõe o CDS nesse sentido?

Da solução para criar emprego já falei: dar condições às empresas, baixar impostos e permitir que a economia cresça. É por aí que a economia cresce, não através de emprego público. É preciso dar condições aos jovens até para que estudem e um dos problemas concretos sãos as residências universitárias. Dizem alguns responsáveis políticos, alguns governativos outros autárquicos, que cidades como Guimarães e Braga são vítimas de um certo sucesso. Se Guimarães é cada vez mais um polo de atração turístico, é merecidíssimo. Houve um sucesso positivo, só que isso levou a uma grande pressão imobiliária. É preciso encontrar modelos que permitam aos jovens terem residências e um custo de habitação sustentável. Tem que haver parcerias entre o Estado e as próprias autarquias, para os jovens poderem fazer a sua formação. Outro fator importante, não apenas para os jovens, mas também para as pessoas em fim de carreira, é a informação. Nem toda a gente tem que ser licenciada e há muitas profissões com igual importância. É importante que uma pessoa, quando escolhe uma via de formação profissional, saiba qual é a taxa de empregabilidade. Quando falamos com os empresários, dizem-nos que não têm técnicos. Se precisarem de um soldador, não há. É importante dignificar as profissões e quebrar a ideia de que todos temos que ser licenciados.

“Nem toda a gente tem que ser licenciada”

O tema do ambiente tem vindo a ganhar destaque em todos os partidos. Da perspetiva do CDS, o que é necessário fazer nesse sentido, principalmente no distrito de Braga?

As questões ambientais são relevantes e importantes. Dizer que o problema não existe é um disparate absoluto. O problema existe, é real e global. É preciso haver uma resposta integral, estimulado os bons comportamentos e penalizando os maus comportamentos. Além disso, não podemos passar do 8 para 80. Não podemos estar preocupados com algo global e não olharmos para o nosso quintal. Há quem esteja preocupado com as questões globais e não olhe para a sua terra. Um bom exemplo é o Rio Ave, que precisa de um programa sério de despoluição. A despoluição do Rio Vizela não foi eficiente, continuam a decorrer descargas, continua o rio a mudar de cor. Vamos preocupar-nos com a nossa realidade. A despoluição começa aqui, exigindo fiscalização.

Entrevista publicada na edição n.º 210 do Mais Guimarães (a 02 de outubro)

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