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Tozé Mendes representa Guimarães no europeu

Entrevista publicada na edição de julho da revista Mais Guimarães.

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Malta vai organizar, no verão de 2023, a fase final do Europeu de sub-19 e contará com um vimaranense na competição. Tozé Mendes, que em 2013/2014 sagrou-se campeão nacional de juvenis pelo Vitória, foi o eleito pela federação maltesa para liderar a equipa na importante competição europeia.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Assumir a seleção de sub-19 de Malta acaba por ser um grande desafio?

É um desafio extremamente desafiante, porque vou ter a oportunidade de disputar uma fase final de um Europeu. É um desafio difícil, mas extremamente aliciante. É mais um passo na minha carreira, numa competição diferente. Senti alguma dificuldade no início no contexto de selecionador nacional, porque é diferente do contexto diário de um clube, mas agora estou mais adaptado às exigências de um selecionador nacional.

Muita margem de progressão?

Sem dúvida. Muito larga mesmo. É uma equipa que tem vindo a trabalhar desde outubro, juntamente com o coordenador técnico, que assumiu a equipa depois da saída do antigo selecionador. É uma equipa que tem vindo a crescer, dando passos bem sustentados. E prefiro ter um crescimento sustentado, de forma a criar uma base forte para julho de 2023.

O fato de a fase final ser organizada por Malta, vai trazer maior responsabilidade?

Trará maior responsabilidade a nível da imagem que vamos deixar dentro de campo, do comportamento que poderemos apresentar. Agora, a nível de resultados, nada me foi pedido. Nem o selecionador nacional, que é o coordenador técnico de todas as seleções, pediu isso. Foi muito claro no discurso e a preocupação está direcionada para o desenvolvimento coletivo da equipa e individual dos jogadores. Mas é claro que todos queremos ganhar e vamos trabalhar para isso. Existindo um bom desenvolvimento coletivo e individual, estaremos mais perto de alcançar os bons resultados.

Ter Portugal na fase final será juntar o útil ao agradável?

Sem dúvida. Será uma sensação estranha competir contra Portugal, mas como profissional terei de preparar a minha seleção da melhor maneira possível para conseguir o melhor resultado. Mas seria um gosto enorme termos Portugal presente na fase final, até porque este ano não correu bem. Espero que Portugal possa estar presente em Malta.

O que se tem feito de novo?

Iniciamos um processo de seis semanas, onde vamos focar essencialmente no desenvolvimento físico individual do jogador. Temos de fechar o fosso existente para as outras seleções. Juntando a isso, vamos fazer um trabalho de campo, por posição, com jogadores de sub-17, sub-18 e sub-19. É um trabalho mais setorial, mas importante.

Como tem sido viver em Malta?

Tem sido muito bom. Já tenho experiência de um ano, fruto da passagem pelo Valleta. Viver em Malta é quase um paraíso. Só não é, porque não tenho a minha família comigo. Mas tenho uma qualidade de vida muito boa, numa ilha pequena e acolhedora, com bom tempo e praias maravilhosas.

O que aconselha aos vimaranenses?

Que visitem a cidade de Valleta. Sou um apaixonado por Valleta e sempre que posso vou lá. É tipo o Centro Histórico de Guimarães, mas duas ou três vezes maior. Tem praias maravilhosas e tem a cidade de Mdina, que foi a primeira capital de Malta. É uma cidade brutal, porque fica dentro de uma muralha. Só existem três pontos de acesso à cidade. Visitei de dia e de noite, e é uma cidade fora de série. E é conhecida a nível mundial, porque alguns episódios da Guerra dos Tronos foram gravados lá. A vista de Valleta para as três cidades também é muito bonita e a entrada para o porto de Valleta é impressionante. É um destino de férias fabuloso.

Recuando ao passado, quando percebeu que o caminho de treinador era para seguir.

Em 2001 tive uma lesão grave no joelho. Depois, como competia a nível amador, surgiu a oportunidade de ser treinador. A convite do professor Sérgio Cunha, pessoa que considero o meu pai no futebol, surgiu a oportunidade de entrar na formação do Vitória, como treinador principal dos sub-13. Foi por esse convite que comecei a dedicar-me à carreira de treinador.

E ganhou logo gosto pela profissão?

Sem dúvida, até pelo meu pai. Foi sempre uma referência em Guimarães e foi sempre o meu porto de abrigo. Nos momentos menos bons, na fase inicial, com 23 anos e muitas dúvidas, esteve sempre presente para conversar e dar alguns conselhos. No Vitória, pelas etapas que fui passando, também ganhei gosto pela profissão.

Mas foi o título nacional de juvenis que lhe abriu portas, ou todo o trabalho realizado antes?

Esse carimbo no meu currículo ajudou a abrir diversas portas. Mas encaro esse momento como o de afirmação do meu trajeto até aquele momento. Fui campeão em 2013/2014.
Antes disso, tinha passado pelo Al-Nassr, da Arábia Saudita, a convite do Luiz Felipe, que tinha ganho o campeonato nacional de juvenis na Arábia Saudita. Mas o título nacional conquistado pelo Vitória, é um momento que nunca esquecerei.

Já passou pela Arábia Saudita, pela China e agora está em Malta. É um treinador aventureiro, ou são as circunstâncias da profissão?

É um misto. Gosto de sair da minha zona de conforto e gosto de me aventurar. Não tenho receio de novos desafios. Mas na China foi um período difícil, porque coincidiu com o nascimento da minha filha. Mas tudo o que tenho feito é para o bem dela e da minha família.

E a Carlota já tem consciência das ausências do pai?

Sim, já percebe as razões e aceita muito bem. Mas com uma grande ajuda da minha esposa, que tem feito um trabalho excecional naquilo que é o desenvolvimento da Carlota e da educação que tem de momento. É a grande obreira de tudo aquilo de bom que a minha filha tem. A Carlota tem consciência que tem o pai a trabalhar fora do país, mas sempre que posso venho cá e, nas férias, elas também vão lá. As novas tecnologias também ajudam. Mesmo longe, estamos perto.

Como foi viver na Arábia Saudita?

Muito difícil. E tenho duas experiências completamente diferentes. No primeiro ano, como vivia em Riad, tinha acesso a centros comerciais e podia andar na rua normal. No AL Wehda foi mais difícil. Viver em Meca é complicado. Estamos confinados a uma zona da cidade, porque é uma cidade santa e os não muçulmanos não podem entrar dentro de um círculo próprio da cidade. Quanto tínhamos de pegar no carro para ir ao supermercado, era o nosso ponto alto. Foram cinco meses muito duros, mais no desgaste emocional.

E na China?

Foi cinco estrelas e adorei. As pessoas, tal como eu, têm uma ideia errada do país. É um mundo completamente à parte. Tudo aquilo que em Portugal é grande, na China são muito números acima.

Há algum país ou algum campeonato que pretende ainda trabalhar?

A Premier League, em Inglaterra. Desde pequeno que sempre acompanhei o futebol inglês.

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