
Turismo bateu no fundo em Guimarães
Sem os estrangeiros, e com os portugueses fechados em casa.

É a conclusão a que se chega pela leitura do Relatório da Atividade Turística, da Divisão de Turismo da Câmara Municipal de Guimarães. As medidas tomadas para conter a pandemia impediram a chegada de turistas a Portugal, ao mesmo tempo que restringiram os movimentos dos portugueses. Sem os estrangeiros, e com os portugueses fechados em casa, o setor bateu no fundo.

No início do ano de 2020 tudo apontava para que fosse mais um ano risonho para o turismo português. O corona vírus já era falado, mas ainda era uma coisa distante. “Não há grande probabilidade de chegar um vírus destes a Portugal”, dizia a diretora geral de saúde, em declarações à TVI, a 15 de janeiro. No primeiro mês do ano, as dormidas na hotelaria, representando 83,2% do total, aumentaram 7,2%, as dormidas nos estabelecimentos de alojamento local cresceram 8,6% e no espaço rural e de habitação aumentaram 19,5%. As dormidas de residentes aumentaram 12,1% e as de não residentes cresceram 5,6%.
Em fevereiro, os ventos continuavam a soprar de feição. As dormidas na hotelaria aumentaram 13,7%, nos estabelecimentos de alojamento local cresceram 17,5% e no espaço rural e de habitação aumentaram 42,1%. O mercado interno contribuiu com 1,3 milhões de dormidas, o que representou um crescimento de 26,4%. As dormidas provenientes dos mercados externos cresceram 9,5% e atingiram 2,5 milhões. No conjunto dos dois primeiros meses do ano, verificou-se um aumento de 11,4% das dormidas totais, resultante de um crescimento de 19,3% nos residentes e de 7,8% nos não residentes.
Em março, muito provavelmente, a diretora geral de saúde já se tinha arrependido das declarações de janeiro. O vírus tinha chegado à Europa e a epidemia progredia de forma devastadora em Itália e na vizinha Espanha. A 16 de março as escolas foram encerradas e iniciadas uma série de medidas de contenção em Portugal. Dois dias depois o presidente da República decretou o estado de emergência.
Estas medidas caíram como uma bomba no setor que é o motor da economia portuguesa. Em março de 2020, as dormidas na hotelaria diminuíram 60,1%, as dormidas nos estabelecimentos de alojamento local decresceram 50,2% e as de turismo no espaço rural (TER) e de habitação (TH) recuaram 58,7%. Em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 83,1% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes. As dormidas na hotelaria diminuíram 98,1%, nos estabelecimentos de alojamento local decresceram 91,4% e as de TER E TH recuaram 94,2%.
No primeiro semestre de 2020 houve uma queda de 80% do número de visitantes nos Postos de Turismo
Além do dano causado durante os meses de confinamento, a pandemia gerou medo e incerteza que conduziram as pessoas a alterarem planos. Muitas pessoas desmarcaram reservas. No Norte de Portugal, 73,8% dos estabelecimentos hoteleiros relataram cancelamento de reservas para os meses entre março e agosto. Ainda assim, melhor que outras regiões, como a Região Autónoma da Madeira onde os cancelamentos para este mesmo período atingiram os 90,4%. Isto pode estar relacionado com o tipo de alojamento em causa, uma vez que é entre a hotelaria que há mais cancelamentos (92%). Nos TER e TH houve 68,8% de cancelamentos e no alojamento local 74,2%. Este tipo de alojamento, mais abundante no Norte, apesar de números elevados, teve menos cancelamentos que a hotelaria.
Portugueses e espanhóis foram os que mais cancelaram alojamentos reservados, seguidos de franceses, alemães e ingleses. A Páscoa, normalmente uma época em que os espanhóis visitam Portugal em grande número, representando um pico de atividade muito importante, antes da chegada das férias de verão, este ano foi passada de porta fechadas.
A afluência aos Postos de Turismo de Guimarães reflete bem as consequências deste quadro negativo sob o turismo no concelho. Entre 16 de março e 31 de maio, estes postos estiveram encerrados. Em junho, já com os postos em funcionamento, só 542 pessoas procuraram este serviço. Em junho de 2019, o número de visitante que passaram pelos Postos de Turismo de Guimarães ultrapassou os oito mil e, no melhor mês do primeiro semestre do ano passado, abril, esse número foi além dos dez mil e quinhentos. No primeiro semestre de 2020, apesar da curva ascendente nos dois primeiros meses, a procura de informações nos Postos de Turismo do concelho caiu 80%.
Os portugueses são a tábua de salvação do setor em 2020
Em Guimarães são os alemães (13,8%), logo seguidos dos brasileiros (12%), os estrangeiros que mais procuram os Postos de Turismo. Se, no primeiro caso, o combate à pandemia foi um relativo sucesso, no caso brasileiro a situação continua caótica. O Brasil é o segundo país do mundo em termos de novos casos e mortes, só ultrapassado pelos EUA. O Relatório da Câmara de Guimarães sublinha a ausência do mercado espanhol nesta estatística, “desde sempre o principal mercado emissor para Guimarães”, um sinal da conjuntura.
Pedro Mendes, diretor de marketing do Santa Luzia ArtHotel, confirma que espanhóis, franceses e brasileiros são quem mais procura esta unidade do Centro Histórico da cidade de Guimarães. Por este hotel passaram, no ano de 2019, hóspedes de mais de 60 nacionalidades.
Neste momento, a crescer, desde que reabriram, na segunda semana de junho, trabalham essencialmente com o mercado português. Um aspeto animador é que os grupos que não virão este ano, não representam cancelamentos, uma vez que se limitaram a adiar para o ano de 2021.
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