Um comboio que só passa uma vez

Por Ricardo Costa.

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Por Ricardo Costa.

Quando surgiu o cinema sonoro, o grande Charlie Chaplin protestou vivamente pela mais que certa morte do cinema. Tratava-se de imagem, o som viria descaracterizar a essência do cinema, mataria a sétima arte. O tempo disse o contrário. E Chaplin errou. Ele próprio viria a realizar filmes sonoros, dando a mão à palmatória. É próprio dos grandes –errando, reconhecem-no.

Na sua colorida linguagem futebolística, os brasileiros dizem que a diferença entre o craque e o génio é que o craque “vê” a jogada, o génio “antevê.

Na actividade política o que se exige dos governantes é que saibam ”ver” o presente para com isso “antever” e moldar o futuro. Sobretudo para quem entenda que cabe aos responsáveis políticos actuar, construir o futuro, em vez de ficar à espera dele e do que ele trouxer, aguentando com mais ou menos resignação. Não é com passividade que realizamos os anseios da comunidade, é intervindo para corrigir, melhorando.

Como é sabido, ninguém as acerta todas, por mais competente que seja. Desta vez, não acertou o Sr. Ministro do Ambiente, Dr. João Pedro Matos Fernandes, ao afirmar que não faz sentido construir um metro de superfície entre Braga e Guimarães dada a curta distância entre as duas cidades. Tem toda a razão, admitindo o princípio de que cabe aos responsáveis políticos ficar à espera do futuro e do que ele trouxer, aguentando com mais ou menos resignação, ou seja, esperando sentado.

Ora, a nossa postura não é esta, não pode ser de resignação, contemplando o que temos, sem querer assegurar condições para as melhorar. Exige-se-nos que tratemos de “ver” o futuro”, e não apenas de “olhar” o futuro. E de o “antever”, influenciando o seu devir.

A tendência desta nossa região do Baixo Minho é crescer e desenvolver-se. Pujante na indústria, com forte ligação à investigação e ciência, dada a proximidade e cumplicidade com a Universidade do Minho, a forte densidade populacional, sendo uma das mais jovens regiões da Europa, tudo isto nos constitui na obrigação de não tolher o seu crescimento e e desenvolvimento, não de o comprometer.

Neste quadro, ganhar escala, planificar para uma área mais vasta e não apenas para uma cidade, traria inúmeros e inequívocos ganhos. A nossa proposta para a criação da Área Metropolitana do Baixo Minho, ou Cávado / Ave, está aí para o demonstrar claramente.

É nossa estrita obrigação, dos actores políticos, trabalhar a favor do futuro. E o futuro é agora! Os meios colocados à nossa disposição pela União Europeia para a reforma da nossa rede ferroviária são um momento único que não podemos perder. São “o” momento. Se o perdemos nunca mais faremos esta importante obra que, ligando-nos a Braga nos liga ao Porto, a Lisboa, a Vigo, ao mundo.

Este comboio não passa de novo. Se o perdermos agora não haverá outro. Não o construir hoje significa perder essa ligação sempre. E isso seria sacrificar o progresso dos nossos vindouros, o progresso desta região.

Ninguém as acerta todas. Chaplin, o grande Charlie Chaplin, enganou-se. Como a grandeza anda ligada, habitualmente, à humildade, reconheceu o erro e corrigiu o tiro.

Sr.Ministro João Pedro Matos Fernandes, o Sr. já deu provas de grandeza. Não custa nada dar o passo seguinte.

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