V Sports é “parceiro forte, credível, e será o nosso braço para o crescimento”

A entrada da V Sports como parceiro minoritário na SAD do Vitória mereceu reflexões e explicações por parte de António Miguel Cardoso.

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A entrada da V Sports como parceiro minoritário na SAD do Vitória mereceu reflexões e explicações por parte de António Miguel Cardoso.

Em entrevista concedida ao Mais Guimarães, Jornal de Guimarães, Rádio Inquieta e Grupo Santiago, o presidente explicou ponto a ponto alguns dos contornos do futuro parceiro, cuja entrada está pendente da decisão dos associados, no próximo dia 3 de março, em Assembleia Geral.

© Mais Guimarães

Este pré-acordo do Vitória com a VS Sports é algo que pode ser benéfico? E em que moldes poderá avançar este pré-acordo?

É importante que os sócios fiquem esclarecidos, que ouçam, que percebam o que se está a passar. Que tirem dúvidas e depois que decidam. Enquanto presidente, continuarei a defender os sócios de qualquer forma. Seja pelo caminho mais lento, que temos feito até aqui, ou o caminho mais acelerado, com um motor para que este caminho seja mais rápido para aquilo que é o futuro que queremos para o Vitória, que seja rápido, de vitórias e de crescimento. Essa é a nossa posição e é importante que os sócios percebam que, dentro desta parceria, a maioria é do clube. Sempre disse isso e não abdicaria disso. No dia que não fosse dessa forma, não estou cá a fazer nada. Vim para cá para defender o Vitória e a cidade. Não vim para me valorizar, mas para fazer de tudo para que o Vitória possa crescer. Estarei disponível, em todos os dias úteis, até à Assembleia Geral, das 18h30 até às 20h00, para esclarecer todos sócios desta parceria. Não quero sócios com dúvidas.

O Vitória, todos sabemos, passa por um período complicado, financeiramente as coisas são difíceis. O futebol está a modernizar-se e são precisos parceiros e nós encontrámos alguém que é um bom músculo financeiro para a valorização do Vitória. É evidente que são pessoas sérias, credíveis e estamos a falar de uma das maiores fortunas do mundo e é de realçar que uma das 300 pessoas mais ricas do mundo possa querer estar ao lado do Vitória para potenciar o seu investimento e o potenciar o clube. Mais do que os valores em causa, o importante é a qualidade do parceiro e sabemos que estará ao nosso lado em momentos difíceis se assim também o fizermos e formos leais. Queremos achar que é o que o Vitória precisa para que possa crescer a curto prazo.

Assumiu o Vitória em março de 2022, mas antes já se tinha falado de um possível acordo com quem detém o Aston Villa. Quando assumiu o Vitória, em que ponto encontrou as negociações e que conversas existiam? E que passos decisivos foram dados para anunciar esta parceria?

Não se defendem pessoas, nem direções. Defende-se o Vitória. Já existiam conversas preliminares entre a V Sports e a anterior direção. Quando entrámos, as conversas estavam suspensas e não havia contactos. Voltamos a conversar até por manifesto interesse do Aston Villa num jogador do Vitória, reuni algumas vezes com o senhor Nassef, encontrámos pontos em comum, porque já existia um interesse da V Sports no Vitória. Foi fácil que essa química existisse. Mas um ponto assente foi sempre a questão da maioria, que não abdicávamos, e perceberam que a nossa gestão estava preocupada em fazer mais com menos, em reduzir orçamentos, em ter ativos mais jovens e em vender jogadores para fazer face ao défice orçamental do clube. Foi fácil encontrar linhas em comum.

Como é que se convence alguém a investir no Vitória, sabendo que não terá maioria e poder de decisão, como está habituado a ter, nomeadamente em Inglaterra?

Num clube como o Vitória é fácil existirem abordagens. Desde que entrámos houve vários grupos económicos e várias pessoas a interessarem-se pelo Vitória. Neste caso, acredito que a credibilidade foi importante e também pela envergadura do Vitória e aquilo que o Vitória pode trazer ao parceiro. Existem muitas formas de o parceiro salvaguardar a sua posição, mesmo sendo minoritário. E sabemos que, a partir do momento em que caminhamos em conjunto, há várias formas de trabalharmos.

© Direitos Reservados

Dou-lhe um exemplo que pode ser bom para os dois lados, a V Sports tem o maior complexo de formação no Senegal. No Egito é da mesma forma e será igual também na América do Sul. É muito fácil pensarmos que a formação do Vitória, assim como as equipas B e A, podem receber, no futuro próximo, os melhores jogadores para que rendam desportiva e financeiramente ao clube e ao grupo.

Outro exemplo. O Aston Villa quando compra um jogador ou um passe, gasta 20/30 milhões de euros. São coisas normais em Inglaterra. Por isso, é um investimento reduzido tendo em conta o risco. Dou outro exemplo. Seguimos o campeonato sul-americano de sub-20 e o nosso scouting detetou alguns jogadores que podiam ter interesse para o Vitória, mas por questões financeiras não tínhamos capacidade para lá chegar. Falando com o scouting da V Sports e do Aston Villa conseguimos identificar dois ou três jogadores, que faria sentido que viessem para cá.

Este parceiro será o momento catalisador para chegar mais rapidamente ao seu objetivo? E pergunto se é o melhor plano?

Podíamos ter recebido propostas superiores financeiramente, mas não seriam passíveis de correrem bem. Aqui sentimos que há um parceiro forte, credível e que será o nosso braço para o crescimento do Vitória. Existem parceiros com outro tipo de investimentos, com outro tipo de postura e outro tipo de seriedade, mas que não faziam sentido levar a proposta aos sócios. Temos recebido muitas abordagens. Esta foi a que identificamos como importante, sólida e passível de ser levada aos sócios para eles decidirem.

Nesta parceria, a V Sports, colocará dois administradores. Que papel terão?

A ideia é caminharmos em conjunto, com controlo do Vitória, mas há muito conhecimento que eles nos vão aportar. Por exemplo, falamos em concertos em dias de jogos. O Aston Villa tem crescido muito em termos de suporte dos fãs. Além disso, como já falei, há a questão do scouting.

Nós também vamos aportar à V Sports, mas a ideia é crescermos em conjunto. E o Vitória precisa de crescer. Recebemos tweets de fãs do Aston Villa que nos querem acompanhar. Já fomos notícia na Itália e nos EUA e isso é importante para o Vitória. Este músculo é importante para o crescimento, mas sob os desígnios e controlo do clube. É importante que este crescimento do Vitória seja feito mais rapidamente, mas se não for, cá estamos para fazermos o caminho das pedras. Vamos continuar aqui para dar a cara.

Este princípio de acordo requer estatutariamente o vínculo da aprovação dos sócios? E pergunto se está disponível a presidir o Vitória, mesmo que não seja possível seguir este pré-acordo?

Para mim não foi importante perceber se estatutariamente teria de levar isto a assembleia geral. Levo por uma questão de honra. Há matérias que os sócios têm de decidir. Olhando para trás, os sócios é que deveriam ter decidido sobre a compra das ações ao Mário Ferreira, assim como o adiantamento dos direitos televisivos. Não estamos a esconder nada. Não estamos a encostar ninguém à parede. Temos uma solução negociada, conversada e acreditamos nela. Se os sócios não quiserem, ninguém vai fugir
e continuaremos cá.

Estava pressionado a realizar este pré-acordo? Mário Ferreira exigia o pagamento das prestações que estavam em falta? Sentiu pressão?

Existem cláusulas na compra do contrato do Mário Ferreira em que, se houvesse atrasos nos pagamentos das ações, ficaríamos sem o capital pago e sem as ações. Mas o Mário Ferreira nunca nos pôs sob pressão. Foi sempre super correto. Agora, se me perguntar como é que iríamos arranjar capital para pagar até agora, digo-lhe que é muito difícil. É preciso lembrar que 80 por cento das receitas do nosso mandato já foram tomadas. É importante tomar medidas para que as contas continuem a ser pagas.

Neste momento era necessário a entrada deste montante para terminar esta época?

Esta parceria é importante para o médio/longo prazo, e nada tem a ver com necessidade atual. Se tivéssemos tão pressionados, tínhamos vendidos jogadores ou feito acordos. Foi dito que esta Direção fez um pré-acordo em relação ao Bamba, mas isso é mentira. Isto aparece porque achamos que é importante para o futuro do Vitória. Mas nunca pressionados.

Nesse pré-acordo, de 5. 5 milhões de euros, o valor é para liquidar a dívida a Mário Ferreira? Vai sobrar? Qual é o ponto da situação?

Algumas tranches já foram pagas, mas grande parte será usada para pagarmos ao Mário Ferreira. A outra será a saúde financeira do clube. Queremos resolver os PERs e uma série de situações. Se isto for feito, o clube fica tranquilo para os próximos anos.

© Mais Guimarães

Existe também a possibilidade de uma linha de crédito. Pergunto se o Vitória dará garantias, se utilizar esta linha de crédito?

Sempre fomos contra o endividamento. E foi uma boa decisão. Temos jogadores mais jovens e vendemos aqueles que tivemos de vender. Não queremos recorrer ao crédito e continuamos a não querer. Queremos continuar a ser rigorosos. Mas é mais um suporte que, se for preciso, podemos utilizar. O que fizemos para proteger foi: primeiros dois anos de carência e cinco anos para amortização de qualquer investimento no Vitória proveniente dessa linha de crédito. Se o Vitória falhar o pagamento nesses cinco anos, cede, como primeira garantia, o valor equivalente dos direitos televisivos. Se essa garantia falhar, o Vitória tem de ceder percentagens de passes de jogadores. E se não cobrir o empréstimo através desse mecanismo, tem de ceder ações da SAD como garantia final. Se num prazo de cinco anos tivermos de chegar aí, creio que já ninguém estará interessado no clube.

Pergunto se os dois milhões para infraestruturas vão permitir acelerar a construção do miniestádio?

Claro que sim. Estamos em obras e precisamos do miniestádio, de resolver problemas na bancada, coberturas e casas de banho.

Em termos desportivos, se por um lado os sócios poderão pensar que este pré-acordo pode levar o Vitória a ser um clube satélite, por outro lado poderá permitir o acolhimento de outro tipo de jogadores?

Não consigo ver o Vitória como um clube satélite porque temos maioria da SAD. É controlado pelo clube e pela sua direção. Podemos, em parceria, ter acesso a outro tipo de jogadores? Sem dúvida. Podemos falar de jovens sul-americanos, do Senegal, do Egito. Óbvio. O Aston Villa pode beneficiar, porque tem condições preferenciais sobre jogadores que cá estão? Indiscutível, porque pode existir partilhas de passe. Só vemos benefícios porque não vamos fazer nada contra a nossa vontade. Os problemas do Vitória são conhecidos, mas, a partir do momento em que temos um parceiro como a V Sports, os nossos jogadores valem muito mais. O Bamba, o Dani Silva, o Maga, entre outros, os clubes que vêm cá sabem que estamos mais protegidos agora. É possível fazer crescer esta equipa, maturar estes meninos durante mais tempo e ir acrescentando mais uma ou outra mais-valia e traçar um bom caminho para todos.

Com este acordo, o Vitória poderá alcançar o que os sócios desejam, como são os casos de títulos? Ou para lá chegar, terá de pensar um dia deixar de ter o poder sobre a SAD?

Somos todos muito competitivos e queremos ganhar. Acredito que uma parceria destas, pode ajudar. Quero acreditar que o Vitória pode chegar lá. Não prometo, mas acredito. Queremos ver o Vitória a ganhar mais vezes. Entregar os desígnios da SAD, não acredito. Se esse dia acontecer, de um parceiro querer a parte maioritária, não será comigo. Desta forma podemos crescer, com controlo do clube.

Alguns ex dirigentes comentaram este pré-acordo?

Pimenta Machado foi alguém por quem tive muito respeito. Agora, desde que saiu do Vitória, dá a ideia que parece ser querer relembrado e tem interesse que as direções não tenham qualidade para fazer crescer o Vitória, porque esse sentimento de grandiosidade será abafado.

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