Às 22h00 deste sábado, 27 de maio, Victor Hugo Pontes retorna a Guimarães para apresentar no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor um dos seus últimos projetos coreográficos, uma peça em que cinco bailarinos interpretam movimentos em uníssono. Em “Uníssono – Composição para cinco bailarinos”, Victor Hugo Pontes pretende mostrar que nenhum objeto artístico é distinguível das pessoas que o compõem e que nenhuma ocorrência artística é essencialmente replicável, sendo antes essencialmente única.
Em “Uníssono”, Victor Hugo Pontes partilha com o público um projeto que é também um desafio à interpretação artística. O coreógrafo trabalha a ideia de repetição e réplica, a unicidade, o movimento que ao se tornar uno questiona se estamos perante um todo e se esse todo mantem identidade própria ou se esta se anula com a massificação. A composição coreográfica que aqui se apresenta pode representar um ritual, conceito operativo nesta peça: nas sociedades (humanas e animais), os movimentos fundamentais, simbólicos ou funcionais, são ritualizados, definindo à partida a norma e o desvio à norma, o padrão e a inovação, a tendência e a contracultura. A questão é: até que ponto o ritual é representativo? Cinco bailarinos em palco interpretando em uníssono movimentos ritualizados são um só corpo? Oblitera-se a individualidade? A perceção do espetador resulta da harmonia do todo, da especificidade de cada corpo em ação, ou de ambas? “Uníssono – Composição para cinco bailarinos” testa três ideias principais, a partir dos diferentes significados de declinação: a ideia de recriação de sentidos a partir de uma matriz; a ideia de que a vida é um caminho para a morte, ou o declínio do homem; e, finalmente, a ideia de que é impossível declinar a representação humana na arte, sob pena de se recusar a própria arte.
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