ESTAMOS MELHOR OU ESTAMOS PIOR?

DANIEL BESSA

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por DANIEL BESSA

Passados quatro anos e meio sobre o início do programa de resgate ao nosso País, julgo

ser possível proceder a uma avaliação. Estamos melhor ou estamos pior?

Há factos. O PIB é 4% ou 5%inferior ao que era cinco anos atrás. A dívida pública é mais elevada (porque, no seu perímetro, foi incluída dívida antes não considerada, nomeadamente de empresas públicas, mas também porque os défices continuaram, mesmo se menores do que antes). Se o peso da dívida pública no PIB (hoje da ordem dos 130%) é um indicador relevante, estamos pior.

Como compreender, então, que o Estado Português encontre financiamento nos mercados, a taxas muito favoráveis, quando, cinco anos atrás, não conseguia financiar-se?

Por duas ordens de razões:porque o BCE está a apoiar activamente os mercados de dívida pública e também porque, nos próprios mercados, houve uma mudança de percepção em relação ao nosso País. O Governo ainda em funções é visto como alguém que tentou resolver o problema, e o resolveu em parte, diminuindo os défices, quando o Governo anterior parecia com muito pouca vontade de o fazer. A mudança maior, para melhor, ocorreu na frente externa, com o aumento das exportações (de 28% para mais de 40% do PIB), e com a balança de transacções correntes a tornar-se positiva. Isto significa que o País no seu conjunto (famílias, empresas e Estado) deixou de se endividar perante o exterior; e que, portanto, mesmo que o Estado continue a endividar–se, pode encontrar financiamento interno.

A generalidade das pessoas tende, naturalmente, a dar maior importância a variáveis como o emprego (que é hoje menor) e o desemprego (que é hoje mais elevado), mesmo se, nos últimos dois anos, as condições do mercado de trabalho melhoraram relativamente aos momentos piores, vividos em 2013. Valorizam também aspectos como níveis de remuneração (que são hoje mais baixos) ou de fiscalidade (que é hoje mais alta), mesmo se as classes de rendimento mais baixo foram bastante protegidas nestes processos de perda. Valorizam ainda, as pessoas, aspectos como a qualidade das relações laborais, em que se assiste, hoje, a maior precariedade. Concluir, em suma, que estamos melhor ou pior depende da forma como cada um valoriza os vários aspectos acima considerados.

Por mim, estou consciente dos “estragos” – inevitáveis, em virtude do ponto a que chegamos em 2011, não sendo também muito dado a acreditar que alguém pudesse ter gerido a situação causando menos “estragos”.

Valorizo os “ganhos” conseguidos e, sobretudo, a inversão da tendência, com as coisas a melhorarem, nos últimos tempos. Preocupa-me que os sinais de recuperação sejam tão débeis (a economia cresce mas muito pouco) e, ainda mais, a possibilidade de, por erros de política, e também por erros de comportamento da generalidade das pessoas (regresso a um consumo em excesso; redução da poupança das famílias), regredirmos no caminho de recuperação que parece ter-se iniciado.

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