05 de maio é o Dia Mundial da Higienização das Mãos. Este ano pretende-se salvar vidas

“Clean Your Hands, Save lives”

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A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2005, lançou o desafio global “Clean Care is Safer Care”, e com este lançou várias estratégias para garantir cuidados limpos, incluindo as práticas recomendadas para a higiene das mãos como medida básica de prevenção e de controlo de infeções. Esta estratégia denominada “Clean Your Hands, Save lives” é comemorada todos os anos, no dia 05 de maio, em todo o mundo.

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A OMS ao declarar o ano 2020 como o “Ano dos Enfermeiros” quis também associar a este evento as comemorações do “Dia Mundial da Higiene das Mãos” e reconhecer os seus contributos para uma melhor saúde e bem-estar para todas as pessoas em todas as idades e, paralelamente, a necessidade de melhorar a dotação destes profissionais.

O ano de 2020 tem um significado especial para os enfermeiros, também marcado pela pandemia COVID-19, os quais têm tido um papel importante no tratamento dos doentes e também na prevenção da transmissão cruzada desta infeção. A higiene das mãos, como medida básica de prevenção, foi e é, também neste contexto, um componente fundamental da reposta à pandemia.

Neste contexto, a OMS desafia os Órgãos de Gestão das Unidades de Saúde, Profissionais de Saúde e toda a Comunidade em qualquer área de atividade a celebrarem o dia 05 de maio com um aplauso de apoio às comemorações, pelas 12h00 e durante um minuto, assim como a partilha de vídeo ou fotografia nas redes sociais, num gesto de alerta para a adesão à higiene das mãos.

Por que é que a higiene das mãos é tão importante na prevenção de infeções, incluindo COVID-19?

O vírus COVID-19 espalha-se por meio de fluidos corporais principalmente lágrimas e gotículas projetadas pela boca e nariz, com maior transmissão feita por contacto quando pessoas infetadas tocam nesses fluidos e seguidamente em objetos ou superfícies, contaminando-as. As suas mãos podem contaminar-se nessas superfícies e espalhar para outras superfícies ou para a sua boca, nariz ou olhos se lhes tocar.

Evidências das epidemias de SARS e COVID-19 mostram que a higiene das mãos é muito importante para proteger os profissionais de saúde (Seto WH et al, “Lancet” 2003; Ran L et al, “Clin Infect Dis” 2020), assim como a comunidade de serem infetados, sendo a ação mais eficaz a executar para quebrar esta cadeia de transmissão e reduzir a disseminação de doenças diarreicas e respiratórias (Jefferson T, et al. “BMJ” 2008).

Têm sido muitos os apelos e utilizando os mais variados meios para a importância do cumprimento desta prática que, como sabemos, nem sempre é suficientemente valorizada.

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Quem e quando higienizar as mãos?

Todos os cidadãos, no âmbito familiar e profissional, na comunidade escolar devem ser intervenientes ativos no combate ao COVID-19 ou outras infeções, adotando a higiene frequente das mãos como uma prática que faz parte do seu dia a dia. O uso de luvas fora do contexto de prestação de cuidados pode considerar-se uma má prática, pois impede a frequente higiene das mãos, contaminando-se cumulativamente em cada toque, criando uma falsa segurança no próprio e pondo em risco a segurança de todos.

Quais as medidas adicionais para evitar a transmissão de infeções, incluindo o COVID-19?

É indiscutível a importância da implementação de outras medidas básicas de controlo de infeção, sendo elas um conjunto de boas práticas cientificamente comprovadas para não se contaminar.

  • Proteger a boca e nariz com lenço quando tosse ou espirra é um gesto simples para evitar a projeção de aerossóis, outra forma de transmissão, os quais ficam em suspensão no ar e podem ser inalados provocando infeções, tais como a gripe e COVID-19. Assim, não deve usar a mão para substituir o lenço e nunca deve espirrar para o ar de forma desprotegida;
  • Arejamento dos espaços com abertura de janelas deve ser efetuada periodicamente para diluir o número de partículas infeciosas em suspensão;
  • Reforçar a higiene do ambiente de modo a reduzir a quantidade de microrganismos existentes, alguns dos quais permanecem viáveis durante meses e no caso do SARS-CoV-2, em média, até 6 dias dependendo do tipo de material que as compõem, podendo variar entre 2 horas a 9 dias. A limpeza de superfícies de toque frequente como maçanetas, corrimões, botões on/off, interruptores, computadores, telefones, torneiras e botão de autoclismo deve ser realizada com detergente de base desinfetante para procedimento mais rápido e para materiais metálicos que possam ser danificados aplicar álcool a 70% ou outro produto compatível. Os brinquedos utilizados por crianças, alguns dos quais podem ser levados à boca, devem ser submetidos a processos de limpeza frequente;
  • Nos cuidados com a roupa usada na comunidade (potencialmente contaminada) evitar sacudir e manipular, reservando-a alguns dias em quarentena em local adequado ou lavando-a com temperaturas superiores a 60o C e, na impossibilidade, adicionar desinfetante próprio para a roupa. O uso de máscarapode reduzir a deteção de RNA de coronavírus em aerossóis reduzindo-os em gotículas respiratórias nas quais ficarão alojados, impedindo a transmissão do coronavírus para o ambiente, a partir de pessoas sintomáticas, assintomáticas ou pré-sintomáticas, como demonstram estudos recentes. Um indivíduo infetado é transmissor do vírus desde 2 dias antes do início de sintomas, sendo a carga viral elevada na fase precoce da doença.

Quando e como usar uma máscara no COVID-19?

Pelo princípio de Precaução em Saúde Pública, a Direção Geral da Saúde (DGS) considera o uso de máscara por todas as pessoas que permaneçam em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas, como medida de proteção adicional. Ou seja, a máscara é relevante quando não é possível cumprir as outras medidas de mitigação, como o distanciamento social. Ao ar livre pode não ser necessário, uma vez respeitada a regra dos dois metros de distância.

As máscaras a utilizar pela população em geral são denominadas máscaras comunitárias ou sociais, e podem ser de uso único ou reutilizáveis, sendo as últimas denominadas artigo têxtil e devem, preferencialmente, ser certificadas respeitando as especificações técnicas divulgadas pelo INFARMED.

O uso correto de máscara é essencial para minimizar o risco de auto contaminação aquando da sua colocação, utilização e remoção, procedimento que deve ser executado com as mãos limpas. A máscara deve cobrir a boca e o nariz e nunca tocar na frente aquando da sua utilização.

Enquanto a máscara estiver no rosto, puxá-la para o queixo para comer, falar ou simplesmente tocá-la é altamente desaconselhado.

A máscara deve ser removida segurando pelos elásticos e descartada em local apropriado ou lavada com detergente, a pelo menos 60oC, se reutilizável.

Recuperando da 1ª e acautelarmos uma 2ª vaga de COVID-19

O confinamento social permitiu uma diminuição dos contactos e consequente proteção da infeção, permitindo que as unidades de saúde se preparassem para uma nova realidade nos cuidados de saúde no nosso hospital. Ainda nesta vaga mantém-se a necessidade das medidas preventivas e de controlo com acompanhamento rigoroso e exaustivo dos doentes e dos contactos.

É necessário, assim, acautelarmos uma 2ª vaga de COVID-19, como consequência da necessidade de retomar a atividade económica, o que exigirá manter e até reforçar as medidas de prevenção para a abertura mesmo que gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais e um maior controlo em espaços públicos, uma política de tolerância zero para populações de risco e manutenção de estratégias de campanha e comunicação de saúde pública.

Todos os elementos que contribuirão para reduzir o tamanho e atrasar o pico são benéficos no número de casos graves, no número de mortes e no impacto imprevisto no sistema de saúde.

Poderá esta prolongar-se pelo menos até ao final do Inverno 2020-21, no qual não haverá imunização para o novo coronavírus (COVID-19) e haverá coabitação com o vírus da gripe. Esta situação, mais uma vez, vai desafiar os sistemas de saúde, pela dificuldade em estabelecer diagnóstico diferencial devido à semelhança de sinais e sintomas de ambas as doenças, sendo mais do que nunca, imperioso a vacinação da gripe sazonal.

Esta comunicação pretende fortalecer a importância para a prevenção de infeções, para a segurança e qualidade da saúde da população, em todos os níveis do sistema de saúde, no presente e no futuro.

Referências

DGS. Informação nº 009/2020 – COVID-19: FASE DE MITIGAÇÃO_Uso de Máscaras na Comunidade de 13/04/2020.
DGS. Orientação nº 014/2020. Infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19)_Limpeza e desinfeção de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público ou similares de 21/03/2020
INFARMED. Especificações Técnicas – Máscaras destinadas à utilização no âmbito da COVID- 19. Lisboa, 14 de abril de 2020.
G. Kampf. “Potential role of inanimate surfaces for the spread of coronaviruses and their inactivation with disinfectant agents”. The Healthcare Infection Society. Published by Elsevier Ltd. February 2020. www.elsevier.com/locate/jhin
G. Kampf, D. Todt, S. Pfaender, E. Steinmann. “Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agentes”. The Healthcare Infection Society. Published by Elsevier Ltd. February 2020. www.elsevier.com/locate/jhin
https://www.who.int/infection-prevention/campaigns/clean-hands/WHO_HH-Community-campaign_finalv3.pdf?ua=1
http://www.who.int/gpsc/5may/en/
https://zoom.us/rec/play/v8V7I-GvrD43TtbD5QSDVPB4W9W8Kqmsh3VI-KEFyk6yB3UBMFSkN-YTM-a9XH0Euu9jxup63R9I2cqW

Um artigo de:

Conceição Silva | Gestora em Enfermagem e Mestre em Prevenção e Controlo de Infeção pela Universidade Católica Portuguesa;
Célia Margarida Lemos | Especialista em Enfermagem de Reabilitação;
Membros do Grupo de Coordenação Local de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência ao Antimicrobianos do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães.

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