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29 anos de independência do país da grande estepe

Por Daulet Batrashev.

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Por Daulet Batrashev,

Embaixador do CazaquistãoA República do Cazaquistão, situada no coração da Eurásia, celebra o seu Dia da Independência a 16 de dezembro. Em 2019 teve lugar a abertura da Embaixada do Cazaquistão em Lisboa. Hoje publicamos um artigo do Embaixador do Cazaquistão, Daulet Batrashev, sobre a cooperação bilateral de Portugal com este país desconhecido aos portugueses.

Este ano, a República do Cazaquistão celebra o 29º Aniversário da sua Independência. Num período tão historicamente curto, o país tem alcançado resultados impressionantes em muitas áreas. Atualmente, o Cazaquistão é um líder económico reconhecido na Ásia Central, com uma política externa equilibrada que lhe permitiu estabelecer relações construtivas com todos os países do mundo, incluindo com as grandes potências. Estas conquistas são fruto do trabalho árduo e da perspetiva do Primeiro Presidente do Cazaquistão, o fundador do Estado Nursultan Nazarbayev. Neste momento, o seu sucessor, Kassym-Jomart Tokayev, continua a mesma política, tendo decidido em 2019 abrir a Embaixada do Cazaquistão em Portugal.

Portugal e o Cazaquistão, apesar da distância geográfica dos dois países, são parceiros importantes. Assegurar uma atmosfera amigável e calorosa da nossa interação tem sido a realização de 28 anos de relações diplomáticas. Atualmente, não existem questões por resolver entre os nossos Estados. Estamos interessados em reforçar ainda mais o diálogo político, expansão do comércio e das relações económicas, aumento da cooperação na área do investimento.

A abertura da Embaixada do Cazaquistão permitiu-nos intensificar o trabalho com vista a um maior desenvolvimento da cooperação bilateral, alcançar uma cooperação mais operacional com o Governo de Portugal, e proporcionar que as relações entre o Cazaquistão e Portugal atingissem um nível qualitativamente novo.

Há realizações significativas na área política, incluindo acordos sobre visitas a nível governamental e institucional, entre Parlamentos, bem como na diplomacia multilateral. O vetor europeu de cooperação é também importante para nós, sobretudo no contexto da próxima Presidência Portuguesa do Conselho da UE, na primeira metade de 2021. Não há dúvida de que Portugal dará uma contribuição significativa no sentido de fazer face aos atuais desafios enfrentados pela União Europeia e pela comunidade internacional, em primeiro lugar e acima de tudo a crise socioeconómica aguda provocada pela pandemia do coronavírus.

A cooperação entre o Cazaquistão e Portugal nos domínios: comercial, económico e de investimento tem todos os pré-requisitos para um desenvolvimento profundo. A nossa tarefa é aumentar o volume do comércio bilateral e encontrar novas formas de cooperação comercial e económica. Apesar das restrições sanitárias, em 2020 foram organizadas várias missões dos empresários portugueses ao Cazaquistão, durante as quais foram realizadas negociações detalhadas sobre a criação de joint ventures e a implementação de projetos de investimento.

O Cazaquistão está aberto a negócios internacionais, proporcionando condições favoráveis ao investimento. Para além de um grande número de zonas económicas especiais, na capital Nur-Sultan situa-se o Centro Financeiro Internacional de Astana, onde está em vigor o sistema jurídico inglês. Para além disso, o Cazaquistão constitui um trampolim fiável para os mercados da Ásia Central e da União Económica Eurasiática. A fim de diversificar a economia nacional, estamos prontos a expandir ainda mais a cooperação com empresas portuguesas que pretendam investir nos nossos setores secundário e terciário.

Atualmente no Cazaquistão existem 19 joint ventures com a participação do capital português. No total, nos últimos 15 anos, o influxo de investimento direto português na economia do Cazaquistão ascendeu a 250 milhões de dólares EUA. Dada a considerável experiência portuguesa no campo das tecnologias verdes, indústria ligeira, agricultura, turismo, temos um grande interesse em desenvolver a cooperação nestas áreas.

Damos particular importância ao desenvolvimento da interação entre regiões, e as regiões do norte e centro de Portugal podem desempenhar um papel proeminente nesta direção. Tive a oportunidade de ver isto pessoalmente durante uma visita de trabalho de quatro dias ao Porto, Guimarães e Braga no final de setembro.

Foram realizadas negociações frutuosas com os presidentes das câmaras municipais destas cidades, na sequência das quais foram alcançados acordos para estabelecer relações de geminação com algumas cidades do Cazaquistão. Em particular, estamos a falar em criar uma cooperação entre o Porto e o maior centro financeiro e económico do nosso país – Almaty. Serão também estabelecidas relações de parceria entre o “berço de Portugal” Guimarães e a antiga capital do Cazaquistão – Turquestão, que é atualmente o centro da região mais dinamicamente desenvolvida do país.

Foi alcançado um acordo preliminar para a abertura de um Consulado Honorário em Guimarães, o que nos irá permitir desenvolver a cooperação inter-regional de forma ainda mais eficiente em todas as direções.

Na área comercial e económica, as empresas locais têm demonstrado um interesse considerável em explorar oportunidades de entrar no mercado do Cazaquistão, o que ficou evidente nas minhas reuniões com as principais empresas do Norte, entidades comerciais regionais e industriais, incluindo associações da indústria têxtil, calçado, couro e mobiliário. A fim de prestar assistência e apoio informativo às comunidades empresariais dos dois países na realização de negócios, irá abrir um Centro de Negócio do Cazaquistão em Guimarães.

Tenho a certeza que no período pós-covid irão decorrer várias visitas, tanto de dirigentes regionais e representantes de círculos empresariais do Cazaquistão a Portugal, como de empresários e dirigentes portugueses de cidades do Norte e Centro ao Cazaquistão, para conduzir negociações e celebrar acordos específicos sobre projectos conjuntos.

É particularmente notável o desenvolvimento progressivo da cooperação cultural e humanitária entre o Cazaquistão e Portugal. Neste contexto, a assinatura nos próximos dias do Memorando de Cooperação entre a Universidade do Minho e a Universidade Internacional Khoja Ahmed Yasawi no Turquestão é reveladora. Paralelamente, prossegue o trabalho de coordenação do Acordo de Cooperação no domínio do ensino superior e ciência entre o Cazaquistão e Portugal.

Atualmente, decorrem as negociações para abrir o Centro Abay da Cultura do Cazaquistão em Guimarães ou Braga, onde os portugueses poderão conhecer não só as obras do célebre pensador e poeta, incluindo a sua célebre obra “O livro das palavras”, traduzida ao português, mas também obter informações sobre a história, cultura e tradições do povo cazaque. Vale ressaltar que em 2020 celebramos o 175º aniversário da Abai. Espero que a inauguração do Centro aconteça no próximo ano.

No que diz respeito à vertente musical da cooperação cultural, gostaria de referir que recebo muitos pedidos relativos à possibilidade de organizar um concerto do famoso músico cazaque Dinmukhamed Kudaibergen (Dimash) em Portugal. Quero assegurar aos adeptos do talento do nosso conterrâneo que a Embaixada está a trabalhar neste sentido, juntamente com vários empresários portugueses.

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para enviar os votos de Feliz Natal aos portugueses e desejar a todos felicidades e bem-estar familiar, paz e prosperidade a Portugal – um país com uma grande história, presente estável e futuro brilhante.

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