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9 DE MARÇO: O DIA DO PRÉMIO

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista Clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista Clínico

Nos finais dos anos cinquenta do século passado, frequentava eu a instrução primária na velha Escola das Dominicas, quando ouvi pela primeira vez pronunciar o nome de Martins Sarmento, a propósito de um prémio que anualmente era atribuído ao melhor aluno da quarta classe.

Selecionados os melhores alunos de cada Escola, lá iam todos os anos no dia nove de março, com vestes domingueiras e acompanhados dos respetivos professores e também dos progenitores, receber “o prémio” à Sociedade Martins Sarmento.

Comemorava-se assim desta forma o dia do nascimento de uma das maiores e ilustres figuras vimaranenses do século XIX, senhor de uma erudição impar que lhe advinha de ser bacharel em Direito, historiador, arqueólogo e escritor.

Passados mais de cinquenta anos, e com as devidas adaptações a Sociedade Martins Sarmento continua viva e a comemorar o dia do nascimento do seu patrono.

Não é muito habitual uma instituição como a que gere o legado de Martins Sarmento, sobreviver tanto tempo sem apoios públicos adequados; mas se tal tem sido possível deve-se certamente ao facto de os sucessivos presidentes da Sociedade Martins Sarmento, desde a sua fundação comungarem o mesmo espírito de desinteressado esforço e abnegação que tem mantido a obra de pé ao longo de todos estes anos.

Desde o tempo de Martins Sarmento, em que o Ministro do Reino a um pedido de apoio para a obra da Citânia de Briteiros, respondeu que não dava subsídios a escavadores de montes, até aos nossos dias, a situação tem-se mantido invariavelmente difícil, com a mesma falta de apoios por parte do Ministério da Cultura e com a mesma incompreensão da sociedade civil em geral.

Se já no século XIX, criar a Sociedade Martins Sarmento, instalando no edifício sede um museu e uma prestigiada biblioteca e lançar a “Revista de Guimarães”, que ainda perdura, era tarefa ciclópica digna de um mecenas visionário como era Sarmento, nos dias de hoje não é igualmente tarefa fácil gerir e manter a funcionar tão importante legado cultural.

Guimarães, cujo centro histórico foi classificado como Património da Humanidade e que foi Capital Europeia da Cultura muito recentemente, deve muito à atividade desenvolvida pela Sociedade Martins Sarmento e pela generalidade das Associações que foram surgindo ao longo dos tempos, criando um “caldo de cultura” propício ao desenvolvimento e consolidação da cidade da cultura que Guimarães hoje é.

Por isso, apoiar a Sociedade Martins Sarmento e a sua atual direção que tem desenvolvido um trabalho tão notável, quanto discreto, é um imperativo moral que deve despertar e mobilizar as consciências dos cidadãos interessados em contrariar os efeitos de um Mundo cada vez mais globalizado, em que a tendência será a massificação da cultura e o consequente abastardamento da mesma.

Não será pedir muito, sabendo que o orçamento anual da instituição em relação à atividade desenvolvida é um orçamento muito curto que só a imaginação e empenho dos seus dirigentes consegue esticar e que se pode comparar ao custo de um relvado sintético de um qualquer pavilhão desportivo em determinadas freguesias do Concelho.

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