Ciao, Italia
Artigo publicado na edição de junho da revista Mais Guimarães.
Da gastronomia à arquitetura, das pessoas à cultura. Itália tem de tudo e tudo tão diferente.
Três cidades e três Itálias tão distintas umas das outras. Para quem se está a perguntar, avisamos já que as vespas não são mito. Como não é mito a pizza deliciosa, as ruas estreitas, a massa al dente, a música e os gelados. Sim, e o trânsito. O trânsito e as buzinadelas quando não se arranca assim que o semáforo muda.
O ideal para conhecer qualquer cidade, em Itália ou não, é deixar-se perder. Andar a pé. Falar com quem encontrar no caminho. Ser simpático. Sabem a lei da boa energia que atrai boa energia? Acreditamos que funciona assim em Itália. Os italianos não vão falar inglês, mas se entrarmos na brincadeira, dão o braço a torcer e fazem o esforço.
Milão, Bolonha, Bari. Três cidades em quatro dias, entre aviões e comboios. Ficou a certeza de que ficou muito por ver. Para Portugal trouxemos, também, a certeza de voltar. Às três.
Milão, a moda em cada esquina
Vale a pena. Mas talvez não muito tempo. Milão não é, para nós, a cidade mais bonita do mundo. Entre lixo e muitas obras, é uma das cidades italianas mais mediáticas.
A praça do Duomo pode facilmente ser o ponto de partida para conhecer a cidade. E visitar a Catedral de Milão e subir aos terraços vale a pena. Mesmo a pena. Muito. Os bilhetes podem ser comprados online, evitando filas, e podem subir de elevador.
Ainda na praça, deixem-se encantar por tudo aquilo que veem, como o Palácio Real. A Galeria Vittorio Emanuele II é um ícone. As lojas são muitas, controlemos as carteiras. A moda e o glamour saltam à vista neste espaço. Mas há mais do que isso. É que aqui há um amuleto da sorte, um touro que facilmente irá encontrar. Com o calcanhar direito nos testículos do animal, dê três giros. Mal não há de fazer, não é?
Na praça de la Scala vão encontrar um monumento a Leonardo Da Vinci e o teatro que, com pena, não visitamos, mas do qual dizem maravilhas. Dizem que se devem deixar coisas por ver. Talvez vol- temos mais rápido assim.
O Castello Sforzesco é um castelo medieval onde estão, hoje, vários museus arqueológicos e de arte antiga. Já A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci, está na igreja de Santa Maria delle Grazie. Contudo, é necessária uma reserva – muito – antecipada.
São várias as portas da cidade medieval que ainda existem, ape- sar de a maioria ter desaparecido. Estão, porém, quase todos escondidos entre a modernidade. Olhos abertos e esteja atento.
Se estiverem mais do que dois dias em Milão, não deixem de visitar o Lago de Como ou até outras cidades à volta.
Bolonha, a Itália dos filmes
Estavamos em dúvida sobre que cidade visitar entre Milão e Bari. Bolonha acabou por se tornar uma excelente escolha. Um centro histórico medieval e pessoas que sorriem com os olhos.
Bem vindos à universidade mais antiga da europa. É assim que provavelmente vos vão apresentar Bolonha. Mas a verdade é que tivemos uma receção bem mais bonita que essa. A equipa Virtus Segafredo Bologna, de basquetebol, foi campeã da EuroCup e voltou, assim, à EuroLeague. O centro histórico foi o epicentro do festejo. Os heróis-jogadores percorreram as artérias da cidade enquanto recebiam o apoio incondicional dos adeptos.
Mas voltando a Bolonha… Sabem a Itália que nos mostram no cinema? É esta cidade. As surpresas ao virar de cada esquina.
Entrem na cidade pelos imensos pórticos existentes. Olhem para os edifícios, às vezes não são lojas, são igrejas. Outras vezes são lojas bonitas com tetos de cortar a respiração.
Não se assustem com o exército na praça central, onde dá vontade de ficar um dia inteiro sentado no chão a observar as pessoas a passar. A Basílica de San Petrônio já foi alvo de várias tentativas de atentados. Considerada a sexta maior igreja cristã da Europa, nunca foi terminada e, por isso, tem a fachada metade em tijolos e metade em mármore. Mas entrem e invejem o tamanho e toda a luz que ali entra.
“I de Itália, de indimenticabile, inesquecível”
Sabiam que Bolonha tem “as torres gémeas” da idade média? Havia mais de 100 torres por toda a cidade, mas hoje pouco mais de 20 estão de pé. Asinelli e Garisenda são duas delas. Com quase 100 metros e 500 degraus, a torre Asinelli é a mais alta. A torre Garisenda é torta – mais do que a torre de Pisa -, mas não é possível visitar o interior.
Não podíamos falar de Bolonha e não falar de uma outra torre, a do Relógio, no Pallazo d’Accursio. Fomos subindo os degraus até chegar aos últimos dez. “Boa tarde, para subir precisam de assinar este termo de responsabilidade”. Bem, as escadas não são as mais apropriadas e novas, mas a vista compensa, prometemos!
Apesar de ficarmos rendidas a esta cidade, foi aqui que vivemos o maior “expectativa vs realidade”. Pesquisem Via Piella na internet. As imagens são lindas! Mas, se tiverem a nossa sorte, vão encontrar apenas um canal di Reno seco.
Bari, a capital de Puglia
Do porto próspero durante os ataques de piratas e local de paragem obrigatória para os comerciantes das principais cidades mediterrâneas, apenas tínhamos ouvido falar do São Nicolau. Não sabíamos nem metade do que nos esperava e do quão bem recebidas seríamos.
O Castello Normanno-Svevo de Bari foi o nosso ponto de partida para conhecer a cidade e facilmente nos perdemos nas ruas estreitas, apesar das muitas indicações que existem. A Catedral de San Sabino é o templo católico mais antigo de Bari, contudo, é a Basílica di San Nicola que é o mais conhecido. Vale a pena entrar em ambos.
Andar em Bari é encontrar uma capela, uma igreja, um altar, a qualquer momento. É sentir o cheiro o frito e sentir que somos locais, mesmo quando acabamos de chegar. São janelas e portas abertas, vizinhos que conversam e se conhecem.
O pouco tempo que estivemos em Bari não nos deixou ir às praias. Mas esta é uma cidade de verão com praias de sonho e noites quentes.
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