Incêndios de Verão. O que falta?

Por Mariana Silva.

Mariana Silva

O que falta?

Por Mariana Silva, Deputada na Assembleia da República (Os Verdes) Vezes sem conta se disse e se escreveu sobre as Alterações Climáticas. Elas são hoje já palpáveis no dia-a-dia, nas ondas de calor, nas tempestades de granizo que caem em pleno Verão, nas chuvas torrenciais que, em meia hora, deixam todas as culturas destruídas.

Enquanto as matas e florestas do país ardem as populações ficam mais e mais abandonadas à sua sorte. Agricultores e produtores são forçados a abandonar a actividade e procuram outras ocupações profissionais e a produção de alimentos diminui.

A nossa casa é o nosso país, é o mundo, é o planeta e precisamos de exigir que quem governa não se sinta confortável a fazer declarações nos órgãos sociais dizendo que a culpa é dos particulares.

São as opções políticas que nos trazem a este flagelo dos incêndios florestais, em que as chamas “lambem gulosamente” a vegetação, as produções, os animais, as casas, os armazéns, as fábricas, tudo por onde passam.

Enquanto isso, regressam os debates às televisões e aos jornais, voltam os opinadores e os técnicos a dizerem aquilo que está concluído há anos. Os planos, os projetos, o preço do investimento, o desenvolvimento das regiões, tudo está devidamente orquestrado, mas falta o maestro.

Falta vontade política para repovoar o interior, reabrindo serviços públicos e devolvendo a mobilidade às populações.

Falta vontade política para apoiar a pequena e média agricultura, em vez de olhar unicamente para os grandes produtores.

Falta vontade política de recuperar os solos, diversificando as plantações e contrariando as monoculturas que proliferam.

Falta vontade de travar a plantação de eucaliptos que continua a crescer, mesmo em territórios em que a seca se agrava de ano para ano, esgotando os lençóis freáticos.

Falta vontade de contratar profissionais e reforçar os meios para a limpeza dos espaços florestais, para a prevenção e fiscalização, para informar e apoiar as populações.

Falta vontade política para apostar numa floresta autóctone, em que as espécies sejam recuperadas e possam voltar a fazer parte da paisagem e da economia do país.

Falta concretizar as promessas de combate e mitigação às alterações climáticas em todo o país, que passam pelo desenvolvimento do transporte público, valorização dos solos, condicionar as áreas de implementação de culturas agrícolas intensivas, despoluir as linhas de água, finalizar o cadastro florestal, investir no combate às infestantes e invasoras, e tantas outras medidas identificadas.

Não podemos ficar apenas satisfeitos com o objetivo estabelecido pela ONU que declarou 2021-2030 como a “Década para a Recuperação dos Ecossistemas”, se nada se faz para promover a recuperação de ecossistemas degradados, como contributo importante para as metas do combate à perda de biodiversidade, de mitigação e adaptação às alterações climáticas e assim assegurar de forma justa a segurança alimentar, a disponibilidade de água e a prevenção de doenças.

Até porque o triste contributo de Portugal é o que vivemos hoje, um país com intensos fogos florestais um pouco por todo o território, destruindo património natural, culturas e sonhos de quem não quer abandonar as suas terras.

Não podia terminar esta reflexão, sem saudar todos os profissionais e voluntários que têm estado no combate aos incêndios, expressar a solidariedade para com as populações afetadas e para com a família do piloto que faleceu no incêndio de Torre de Moncorvo.

PUBLICIDADE

Arcol

Partilhar

PUBLICIDADE

Ribeiro & Ribeiro
Instagram

JORNAL

Tem alguma ideia ou projeto?

Websites - Lojas Online - Marketing Digital - Gestão de Redes Sociais

MAIS EM GUIMARÃES