Um professor ou um licenciado?

Por Mariana Silva.

Mariana Silva

Por Mariana Silva, Deputada na Assembleia da República (Os Verdes) Ainda estamos no mês de Agosto, mas há já milhares de professores a planear os próximos meses longe das suas famílias, das suas casas, a fazer contas para perceber se continuar na profissão é a solução para um futuro de longos anos de malas às costas.

A profissão de professor encontra-se muito descredibilizada devido a diversos factores, a precariedade que os sucessivos governos teimam em não resolver, a constante incerteza na construção de uma vida, a falta de condições de trabalho em muitas escolas degradadas, a constante recusa de PS, PSD e CDS em aprovar as propostas do PEV de apoio à deslocação e deslocalização dos professores.

A redução do número de alunos por turma, uma proposta do PEV, que deveria ser urgentemente concretizada para garantir um ensino mais personalizado, focado no aluno, mais interativo e participativo nas salas de aula, criaria condições importantes para aprendizagens mais profundas e eficazes e tornando o trabalho do professor mais eficiente e valorizado.

Não nos podemos também esquecer que, o Processo de Bolonha, comprometeu também a formação dos professores, reduzida a três anos, com a compressão de conteúdos e o aprofundamento dos problemas pedagógicos existentes, levou a que muitos jovens não optem pelos cursos via ensino, agravando a natural saída de bastantes dos professores que se encontram na idade da reforma.

Muitos são os problemas que foram «empurrados com a barriga» pelo Governo que teima em considerar que tudo decorre da melhor forma na escola pública, no entanto, tal como uma bola de neve, os problemas que são ignorados e constantemente denunciados adensam-se até ao ponto de ficarem fora de controlo.

Assim, somos confrontados hoje com as soluções atamancadas de um Governo que conhece os problemas melhor do que ninguém e que pretende camuflá-los castigando os professores que estão de atestado ou que devido a problemas graves de saúde não se podem deslocar para longe da sua residência e, agora, contratar licenciados sem a componente pedagógica para dar aulas às crianças e jovens tendo apenas em mente a «poupança de uns cobres».

Os Verdes lutam pela defesa e valorização da Escola Pública como forma de salvaguardar a educação das gerações presentes e futuras, garantindo que a escola promove o debate, a participação cívica, o estímulo ao conhecimento e à criatividade, sem barreiras e preconceitos, que seja verdadeiramente inclusiva, dinâmica e diversa, com o objetivo de formar cidadãos capazes de questionar os problemas do mundo e encontrar soluções necessárias.

Também por isso, votámos contra o Orçamento do Estado 2022 porque o PS não quer defender a escola pública, criando condições de valorização da carreira do professor, tornando-a atrativa para quem dela desistiu ou para os jovens, e principalmente não está a ter em consideração a qualidade do ensino das crianças e jovens que necessitam de um acompanhamento mais próximo para recuperarem dos últimos anos em que a pandemia de Covid-19 não permitiu um percurso educativo normal.

Entretanto, o processo da transferência de competências do sector educativo para as autarquias locais coloca em causa o direito universal de acesso a uma escola pública, gratuita e de qualidade, porque se trata de facto da transferência de encargos e responsabilidades para as autarquias num contexto de subfinanciamento.

A escola pública encontra-se numa situação de fragilidade, espera-se que milhares de alunos não tenham professores no próximo ano lectivo, a determinadas disciplinas, e a maioria PS está apenas concentrada em poupar uns trocos, comprometendo o futuro de muitas gerações.

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