À espera de um ministro da Saúde que faça o que tem que ser feito
Por Eliseu Sampaio.
Por Eliseu Sampaio,
Diretor do grupo Mais GuimarãesA ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou, esta terça-feira, a demissão do cargo, alegando ter deixado de ter condições para continuar. António Costa aceitou.
Marta Temido esteve no centro da gestão da pandemia da Covid-19, que começou em março de 2020, mas também atravessou várias polémicas. As mais recentes, relacionadas com o encerramento de serviços de urgência de obstetrícia em vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas pressionou-a a tomar esta decisão, que se adivinhava há vários meses.
Ministra da Saúde desde 2018, Marta Temido deu “o corpo às balas” na gestão da pandemia, dedicando-se quase em exclusivo a este problema, numa correria constante que foi bem visível. Este terá sido o erro cometido por Temido e cujo resultado está agora revelado. Nos últimos meses saltaram à vista dos portugueses os problemas organizacionais e estruturais do Serviço Nacional de Saúde, escondidos debaixo do tapete durante os últimos anos.
Problema que são, sobretudo, políticos. Como já aqui escrevi durante a pandemia, uma melhoria dos serviços de saúde em Portugal passa, inevitavelmente, pelo diálogo e cooperação entre os setores publico e privado e o cooperativo. Uma cooperação que Temido esfriou, contando com o apoio dos partidos da geringonça, e que agora está difícil de recuperar, pelo distanciamento em que se colocaram as partes.
Já ontem era tarde para se pensar numa reforma do SNS, numa aposta em modelos de serviços interligados, funcionais e menos ideológicos. Em modelos que coloquem, acima de tudo, e como tem de ser, a saúde dos portugueses em primeiro lugar.
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