Sara Barros Leitão: “Ontem, entreguei a chave”
A atriz e encenadora Sara Barros Leitão terminou, esta quarta-feira, [...]

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A atriz e encenadora Sara Barros Leitão terminou, esta quarta-feira, 346 dias depois, a sua passagem pela direção artística do Teatro Oficina. “Ontem, entreguei a chave”, escreveu nas redes sociais.

“FIM.”. Foi assim que Sara Barros Leitão começou por fechar este ciclo, através das redes sociais. “Cheguei ao Teatro Oficina no dia 3 de janeiro e termino a minha passagem pela direção artística da companhia 346 dias depois”, escreveu.
“O ano do nosso desconfinamento” deu o mote para o ciclo de atividades para o Teatro Oficina em 2022 e os vimaranenses responderam positivamente. Desde anti-leituras a um assalto ao arquivo, passando pelo espetáculo “Há ir e voltar” ou as habituais oficinas de teatro, foram várias as iniciativas que ganharam vida.
Tal como estava previsto, a direção artística do Teatro Oficina mudará em 2023 e contará com um novo diretor artístico convidado.
Nas redes sociais, Sara Barros Leitão recordou este ano: “Um dia, entre estes 346, imaginei coisas que não consegui fazer, um dia pintámos o palco, um dia assaltámos o arquivo e apareceram dezenas pessoas, um dia criámos um clube de leituras quando ainda estávamos de máscaras, um dia trouxemos o Olivier Neveux de Paris e o Sérgio de Carvalho de São Paulo para aprendermos com eles, um dia juntámos 15 jovens durante uma semana com a Beatriz Batarda, um dia fizemos três dias de jornadas de teatro, um dia criámos relações com três lares de idosos e demos aulas de teatro, um dia cantámos a Grândola à meia noite do 25 de abril, um dia fomos a Fafe em visita de estudo para começar o novo espetáculo, um dia fomos ao armazém d’A Oficina recuperar antigos cenários da companhia e catalogámos, um dia organizámos em dossiers todos os documentos, fotografias, bilhetes e cartazes, um dia esgotámos em poucas horas as inscrições para a aulas de teatro, um dia tive pela primeira vez uma lona com uma programação pensada por mim, um dia tínhamos tanto público que não deu para toda a gente entrar, um dia tirámos o género dos WC, um dia pusemos pensos e tampões nos WC, um dia hasteámos a bandeira da Ucrânia, um dia começámos uma biblioteca de teatro, um dia quase não fizemos leitura porque não apareceu ninguém mas depois chegaram 5 pessoas e foi uma das sessões mais bonitas, um dia fizemos sessões do espetáculo com LGP e audiodescrição, um dia catalogámos os figurinos todos, um dia comprámos um frigorífico, uma máquina de café, um sofá, tapetes e mobilámos os camarins, um dia juntámos uma equipa e fizemos o espetáculo que sonhámos, um dia fizemos três semanas de carreira, um dia esquecemo-nos das fotocópias num café que fechou e rimos muito com o público porque não tínhamos nada pronto, um dia trouxeram-nos uma impressora e um computador e começou a parecer um trabalho a sério, um dia uma atriz disse o texto da outra e até hoje não sabem como não morreram a rir em cena, um dia perdi o último comboio e ponderei dormir lá, um dia apareceu-me naquele espaço a cadela da minha vida”.