Por Eliseu Sampaio,
Diretor do grupo Mais GuimarãesNo fecho desta edição do Jornal Mais Guimarães, a última deste ano, falo-lhes sobre esta estranha sensação de me terem voltado a entrar nos bolsos.

Da notícia desta semana sobre o facto de Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, ter recebido, em fevereiro deste ano, uma indemnização da TAP, da Transportadora Aérea Nacional, de cerca de 500 mil euros por cessação antecipada do cargo de administradora executiva da empresa. Ao que tudo indica, recebeu a indemnização depois de renunciar ao cargo, por vontade própria portanto, depois de exercer dois anos dos quatro para que foi nomeada. No cargo recebia 245 mil euros brutos por ano.

E mais, quatro meses depois, e com a vida mais organizada, a secretária de Estado do Tesouro foi ainda premiada pelos brilhantes serviços à pátria ao leme da “transportadora de bandeira”, e nomeada pelo Governo para a presidência da NAV – Navegação Aérea de Portugal.

Estamos, claramente, perante mais um caso vergonhoso de utilização de dinheiros públicos. E se isto não deveria acontecer numa qualquer entidade com participação pública, muito menos na TAP, empresa que continua a acumular prejuízos, mesmo após a injeção de muitos milhares de milhões de dinheiro dos portugueses. Ética e moralmente, não é aceitável!

Nenhum cidadão, daqueles que sente dificuldades para pagar as suas contas, e a quem foram e são pedidos sacrifícios diariamente, para que o dinheiro que este país arrecada em impostos seja injetado sucessivamente na transportadora e noutros buracos que este país gerou, consegue olhar para este caso sem sentir revolta e repugnação.

Estamos a bater no fundo como país, quando assistimos silenciosamente a acontecimentos destes e, simultâneamente, verificamos a decadência de serviços essenciais que o Estado tem o dever de garantir, como a saúde ou a educação são exemplos.

Mas já sabemos como isto acaba. Com as elites nos palecetes à volta do caviar e o povo nu. Será sempre assim, enquanto o povo quiser.