Por Eliseu Sampaio,
Diretor do grupo Mais GuimarãesO segundo período letivo arrancou esta terça-feira da mesma forma que terminou o primeiro, com paralisação e greve dos professores.

A greve, convocada por três sindicatos, vai prolongar-se por todo o mês de janeiro. Os professores estão determinados a fazerem-se ouvir e exigem que o Governo recue na adoção das medidas anunciadas recentemente, com destaque para uma temida “municipalização do recrutamento dos professores”.

Se os professores já estavam descontentes com a vida que levavam, por motivos conhecidos, após o Ministro da Educação ter manifestando a intenção de criar procedimentos municipais de colocação de professores, o protesto subiu de tom. Os sindicatos temem que, a partir daí, a colocação e contratação de docentes passe a ser feita localmente por conselhos locais de diretores e em função dos perfis dos professores. E já todos sabemos o resultado da adoção de uma medida desta profundidade, em que fatores subjetivos possam ser valorizados.

Os professores exigem também, nesta ação de luta, a recuperação do tempo de serviço, congelado entre 2011 e 2017, e recuperado apenas parcialmente, um subsídio de alojamento e de deslocação para poderem dar aulas em locais onde a falta de professores é maior, aumentos salariais que compensem a inflação, e uma justa Avaliação do Desempenho Docente, já que a avaliação de muito bom ou excelente, que é condição para subir aos quintos e sétimos escalões, está atualmente muito limitada. Para termos uma ideia do escândalo que a avaliação representa, apenas 5% podem ter excelente e 20% podem chegar ao muito bom.

Os professores têm, ao longo dos anos, perdido autoridade, e o respeito dos alunos e encarregados de educação, fruto da frágil condição em que os sucessivos Governos os colocaram e as alterações sociais/comportamentais que entretanto ocorreram.

Com consciência da justiça de várias destas reivindicações, só podemos estar ao lado dos professores nesta defesa da Escola Pública. Ao fazê-lo, defendemos um futuro melhor para este país.