2013 colocou Guimarães na rota dos “grandes eventos”

O atual presidente da direção da Tempo Livre recordou, com nostalgia e orgulho, o percurso que levou o nome de Guimarães aos quatro cantos do mundo.

portilha com barra

Cidade Europeia do Desporto em 2013, Guimarães foi a primeira cidade portuguesa a receber o estatuto atribuído pela Associação Europeia de Capitais de Desporto (ACES) e pela União Europeia. Amadeu Portilha, que em 2013 era o vereador do Desporto da Câmara Municipal, é o convidado da Mais Guimarães. O atual presidente da direção da Tempo Livre recordou, com nostalgia e orgulho, o percurso que levou o nome de Guimarães aos quatro cantos do mundo.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Dez anos passaram. As memórias e o orgulho continuam bem presentes?
Um orgulho, mas também uma profunda saudade. Foi um ano absolutamente excecional quer para mim, quer para a equipa que me acompanhou. Provocou sensações fora do comum pela qualidade e quantidade dos eventos que realizamos, mas fundamentalmente por aquilo que nós sentimos que alteramos no desporto em Guimarães.
Mas gostaria de começar por dizer que Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013 surge na sequência de duas condicionantes que, na altura, achamos decisivas e fundamentais. Em primeiro lugar, porque tínhamos sido, até 31 de dezembro de 2012, Capital Europeia da Cultura, com tudo de extraordinário que aconteceu na cidade nesse ano memorável. Entendemos ser fundamental que houvesse qualquer coisa que quebrasse uma eventual ressaca da mesma. Ou seja, de repente, temos um ano com tudo e, depois, um ano ou anos seguintes sem nada.
Depois, pela circunstância de percebermos que, após uma alteração profunda do paradigma do sistema desportivo em Guimarães, que foi desenhado e construído nos dez anos anteriores, poderíamos, de alguma forma, através da Cidade Europeia do Desporto, celebrar a qualidade e a excelência que o sistema desportivo em Guimarães tinha atingido naquele ano e reconhecido pelo sistema desportivo nacional e internacional. Daí essa aventura de apresentar uma candidatura a um prémio e estatuto que, na altura, era praticamente desconhecido em Portugal. Uma vez mais, Guimarães demonstrou o seu pioneirismo, avançando para um desafio que, hoje, felizmente, faz com que muitas cidades portuguesas tenham aderido e tenham também conquistado esse estatuto.


Guimarães, tendo sido um exemplo, os outros municípios pediram
ajuda?

Nos primeiros anos, Guimarães foi importante no desenho e na estruturação das Cidades Europeias do Desporto dos anos seguintes. E recordo-me bem da Maia e de Gondomar, que tiveram uma partilha muito interessante connosco, não só na procura de recolha de alguns ensinamentos e experiência, mas também aprendendo com erros. Nestas coisas, nem tudo corre bem. 2013 foi um ano excecional. Houve muitas coisas que correram bem, houve algumas que não correram bem. Houve muitas coisas que superaram as nossas expectativas e outras que não. Por isso, essa síntese que fizemos no final do ano, permitiu que as cidades que se seguiram a Guimarães pudessem, com esse ensinamento e experiência, fazer programas muito ambiciosos e interessantes.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

Superaram o número de eventos exigidos. Houve muita gente envolvida, muitas entidades?
Quando nos candidatamos, o que prometi ao presidente da ACES, o senhor Lupattelli, foi que Guimarães ia candidatar-se, mas que iria ser uma coisa completamente diferente. Não nos íamos ficar por aquilo que seria uma espécie de caderno de encargos principal. Queríamos ir muito mais longe e, por isso, dividimos o evento em cinco áreas temáticas muito importantes, que nos permitiram realizar grandes eventos, mas também investir fortemente na capacitação e na formação de dirigentes, atletas, e de todo o
sistema desportivo local.
Fizemos uma ligação muito interessante entre a Cultura e o Desporto, com exposições, com ciclos de cinema e palestras, e lançamento do livro da História do Desporto. Fizemos também algo muito importante na área da oferta desportiva, criando novas modalidades. O rugby e a ginástica nasceram precisamente por iniciativa da Cidade Europeia do Desporto. O nosso programa e a nossa ambição foi muito diversificada e multifacetada, daí que tenhamos surpreendido a ACES, que achou o nosso programa fora do comum, como nos permitiu, logo no primeiro ano em que Portugal teve uma Cidade Europeia do Desporto, ser considerada a melhor entre as nove desse ano.

Num ano repleto de momentos marcantes, o Amadeu Portilha consegue destacar algum?
Não. É absolutamente impossível, porque a intensidade com que vivemos aquele ano não permitia vivenciar aquilo que estávamos a fazer. Fizemos coisas absolutamente fantásticas, que perduraram e ainda vão perdurar muitos anos, e dou como exemplos a Meia Maratona de Guimarães, o Centro de Deteção de Talento Desportivo, e um conjunto de atividades como a Liga Mini, os Jogos da Comunidade e o Escolar, que nasceram na Cidade Europeia do Desporto e que ainda hoje são uma marca importante
daquilo que é o investimento municipal no Desporto. Mas há duas coisas muito importantes que deixamos, não só no sistema desportivo, como na economia local. Criamos as condições para que Guimarães fosse, definitivamente, considerada uma cidade de grandes eventos. Hoje, na rota dos grandes eventos, Guimarães marca sempre presença. As grandes competições internacionais, que se fizeram em Portugal depois de 2013, tiveram como palco o Multiusos. Deixamos essa marca e mostramos que somos uma cidade preparada para receber qualquer tipo de evento, seja desportivo, cultural ou de entretenimento. Outra marca que deixamos importante foi a capacitação, a formação e a valorização do sistema desportivo na sua transversalidade. Ou seja, desde a capacidade que demos aos clubes de formar dirigentes, como também a demonstração que fizemos inequívoca que Guimarães podia ter mais modalidades desportivas, melhor oferta desportiva e diversificada, investindo não apenas naquilo que é
o desporto formal e competitivo, mas fundamentalmente no cidadão comum.

Acho que 2013 marca claramente o início dessa alteração do paradigma. Até 2005, o investimento municipal no desporto estava muito concentrado nos clubes. Eram os clubes que ficavam praticamente com todas as fatias do bolo municipal. A partir dessa altura, e com 2013, percebemos claramente que o
investimento no desporto informal, no desporto não competitivo, de recreação, era tão importante como o investimento no desporto formal. A partir daí, construímos complexos desportivos, a academia de ginástica, fizemos parques que hoje são utilizados por milhares de pessoas. Tudo isso são sementes que nasceram em 2013 e que frutificaram, volvidos estes anos, numa qualidade acima da média do sistema desportivo em Guimarães.

E os vimaranenses começaram a praticar mais desporto. Sente isso?
Fizemos esse estudo em 2013 e, já nessa altura, a média de participação desportiva em Guimarães era superior à média nacional. Nunca mais repetimos esse estudo. Estamos a acabar um novo estudo e, em março, iremos apresentar uma atualização do estudo sobre a oferta e a procura desportiva em Guimarães. Eu próprio estou muito curioso para saber se de facto esse efeito ainda se mantém ao fim de dez anos. Eu quero acreditar que sim. Mas o estudo vai sair e os dados vão ser lançados muito em breve. 2013 foi um ano de orgulho para Guimarães e para os vimaranenses.

O Vitória ter conquistado a Taça de Portugal, foi a cereja no topo do
bolo?

Tudo correu bem nesse ano. Fomos à final da Taça de Portugal, fomos para Lisboa e para o Jamor com a ideia na cabeça que podia acontecer. Foi um dia de imenso trabalho. Desde que o jogo acabou, até à nossa chegada a Guimarães, estivemos a preparar o acolhimento da equipa no Toural para festejarmos um dos maiores troféus, se não o maior, da história do Vitória.

© Cláudia Crespo / Mais Guimarães

PUBLICIDADE

Arcol

Partilhar

PUBLICIDADE

Ribeiro & Ribeiro
Instagram

JORNAL

Tem alguma ideia ou projeto?

Websites - Lojas Online - Marketing Digital - Gestão de Redes Sociais

MAIS EM GUIMARÃES