CEC e Capital Verde

Por Ana Amélia Guimarães.

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por Ana Amélia Guimarães Professora

1. O INE dizia em Janeiro que a taxa de risco de pobreza infantil no nosso país era de 18,5%, mas a diretora executiva da Unicef Portugal alertou recentemente para a necessidade de um estudo mais atual e profundo sobre os fatores que todos os anos empurram milhares crianças residentes no país para o limiar da pobreza. E enunciou alguns deles: “a crise habitacional” e “a inflação na alimentação e na eletricidade” ameaçam atirar “mais 10 ou 20 mil crianças” para o limiar da pobreza, apesar das medidas apresentadas pelo Governo.

Na Assembleia da República, Manuel Loff sublinhou que, neste contexto, «os diretos das crianças não estão a ser respeitados. As crianças e as famílias não precisam de caridade ou assistencialismo no combate à pobreza infantil, porque a pobreza das crianças é a pobreza das suas famílias e a sua resolução exige medidas estruturais e não as medidas “adicionais” que o Governo sistematicamente anuncia. Cumprir os direitos das crianças é reforçar a sua proteção social, aumentar e alargar o abono de família, com vista à sua universalização – porque o abono de família é um direito da criança. Quanto a isso, repetir permanentemente o amor pelas crianças, ou fazer o enunciado dos seus direitos, ou introduzir frases pessoanas no discurso político, e votar contra (como o PS e o PSD) a universalização do direito ao abono de família proposto pelo PCP, lamento, mas é moralmente duvidoso e politicamente incoerente e pouco sincero.»

Vem esta nota, logo no início, porque quem estiver por cá e quiser debater este e outros assuntos, não casos e casinhos, poderá fazê-lo aqui, em Guimarães. Por lisura ao + Guimarães e aos leitores/as não indico o dia e a hora, como compreenderão.

2. O atual vereador da cultura de Guimarães era então um jovem eleito na Assembleia Municipal. Lembro-me perfeitamente do panegírico embebecido e acrítico que teceu sobre a longínqua CEC 2012. Basicamente, a tese era: havia um antes e agora teríamos um glorioso depois. A avaliação da CEC ainda está por fazer, e não será aqui o lugar. Esta lembrança veio-me à baila num pequeno passeio pela cidade. As festas do burgo, as Gualterianas são um fenómeno cultural e social da cidade e do concelho que é vivido de geração em geração, apesar dos julgamentos provincianos que julgam as Gualterianas …provincianas, não uma festa cheia de vida e alegria, com todas as possibilidade de se renovarem e transformarem um singular acontecimento cultural. Colocar num redil as animações da festa é uma enorme falta de respeito, usar na feira de artesanato as mesmas casinhotas tristes e sem acrescento de valor é uma coisa que dá pena e melancolia… e depois os chafarizes desligados, com tubos e aridez à mostra.

Fiquemo-nos pelos chafarizes: se estamos de acordo que por razões de ponderação ecológica os ditos estejam desligados, já não se compreende que não tenha existido a iniciativa de transformar/ocupar aqueles espaços em «instalações temporárias», como se fez por exemplo em 2012.Um concurso de ideias em que a questão «verde» fosse o mote, por exemplo, e seguramente que hoje os vimaranenses e quem nos visita teriam algo para ver, usufruir e contar.

3. O desígnio de capital verde é bom. É seguramente uma aspiração da maioria dos municípios portugueses. A aposta num desenvolvimento sustentável, ecologicamente equilibrado é cada vez mais uma exigência dos cidadãos e uma vontade política de quem governa. Assim, não devemos, parece-me, apresentar o obvio como uma virtude que um punhado de eleitos, do convento de Santa Clara, resolveram partilhar com os indígenas, mas o resultado do evoluir e da exigências das cidades contemporâneas … Nesta toada, e porque o espaço é curto, seria importante, muito importante que a nossa autarquia informasse atempadamente e de forma transparente as incursões que faz nos jardins e ruas desta cidade, como, por exemplo, quando procede ao abate de árvores em regime de «aqui vai disto», como acontece junto à urbanização da Nossa Senhora da Conceição. Esta falta de comunicação é recorrente e preocupa, pois é pelas pessoas e com as pessoas que lá vamos.

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