Desemprego atinge Guimarães

Por César Teixeira.

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Por César Teixeira.

No passado dia 28 de agosto, o Jornal de Notícias, fazia manchete com o seguinte título: “desemprego concentrado nos concelhos industriais. Mais de metade dos novos inscritos está no Norte, onde predominam os setores em crise”.

Trata-se do reflexo estatístico de uma realidade que vinha sentido, ao nível profissional, desde o início do corrente ano. Era enorme a distância entre as narrativas do poder político e a realidade que, crescentemente, vinha constatando. Infelizmente, os discursos do Governo e da Câmara Municipal de Guimarães não acompanhavam, nem acompanham esta realidade. Os nossos representantes, locais e nacionais, optaram por encenar uma verdadeira peça de teatro.

Concretizada em propaganda sistematicamente debitada com a paixão habitual de conhecidas agências de comunicação. Números económicos de sonho. Que alimentam sucessivos episódios. Que propagandeiam uma realidade económica de exceção.
É assim no País. É assim em Guimarães. Tudo está bem. Tudo vai bem. A situação é excecional. Mas esta forma de estar na política está errada. Das duas uma. Quem esta no poder e adota um discurso que omite e altera a realidade ou está de má fé; ou é incompetente para os cargos que exerce.

De má fé porque, se conhecendo a real situação, de forma consciente e intencional omite, esconde e deturpa a realidade. Vendendo aos seus representados meras ilusões. Que deliberadamente sabe não terem qualquer adesão à realidade.

Incompetente porque, não conhecendo então a realidade do país e região que governam não diagnosticam a doença antecipadamente ou aos primeiros sintomas – como apanágio dos governantes de exceção -, sendo mesmo incapazes de a diagnosticar quando os sintomas já são evidentes e “estão à frente dos nossos olhos”. A opção? Negar a realidade.

Optando por negá-la várias vezes, antes de o galo cantar. Mas o galo acaba por cantar e a realidade, mais cedo que tarde, sobrepõe-se à fantasia. E a incompetência ou má fé são expostas à evidência.

Voltando à reportagem do Jornal de Notícias. A primeira página preocupa o País e a Região. Mas se virmos a reportagem propriamente dita verificamos que Guimarães é o concelho campeão do desemprego: 1032 novos casos de desemprego. Atrás de nós segue o concelho do Seixal com 567 novos casos. Vamos isolados e destacados no topo da tabela onde ninguém quererá estar em primeiro.

Voltando à notícia verifica-se que “couro, vestuário e têxtil foram os setores mais afetados”. Ou seja, estamos perante uma crise que atinge os concelhos com maior “propensão industrial”.

Mas será que atinge os concelhos industriais em medida semelhante? Claramente que não. Os números fustigam Guimarães de forma muito particular e acentuada. Por exemplo, o concelho vizinho de Vila Nova de Famalicão regista 290 novos desempregados. Contra os 1032 do concelho de Guimarães!

Quem durante décadas semeou ilusões, colhe agora a realidade. Quando outros concelhos ao lado conseguiram captar novas empresas e novos investimentos, Guimarães continuou a depender da sua economia instalada. Enquanto que outros criaram contextos de atratividade, nós vivemos de ilusões. Enquanto que outros há muitos anos criaram agências de investimento, para agilizar procedimentos a potenciais novos investidores, nós cantávamos como a cigarra.

Enquanto que outros alteravam o PDM e os regulamentos económicos, criando políticas de solo competitivas, em 2014 estava Guimarães a restringir os solos disponíveis, para que, em 2023, dando-se o então dito por não dito, vir a ser feito agora o que ontem era necessário e que então diziam ser descabido. Enquanto que outros estavam a descer impostos e taxas municipais de modo a absorver novas empresas, nós estávamos a encher os cofres municipais para poder alimentar um exército de dependentes e assim assegurar um poder amorfo e bafiento.

Sabemos que a narrativa do poder municipal seguirá inalterada. Tudo está bem. Tudo está excecional. Que Guimarães é um exemplo europeu, mundial e mesmo para outras potenciais vidas alienígenas que nos possam conhecer. Mas a postura perante este sério problema, permite explicar como chegamos até este ponto.

E permite evidenciar que quem nos representa não está à altura das responsabilidades e dos desafios que Guimarães tem pela frente.

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